
Já aqui escrevi sobre este tema e se agora volto a ele é porque, apesar de tudo, ainda me preocupo com o partido no qual milito desde 21 de Janeiro de 1975.
Farei 37 anos de "casa" daqui a um mês sensivelmente.
E essa preocupação advém do facto de nos últimos 15 anos ter ocupado um conjunto de cargos e desenvolvido as inerentes tarefas que me permitiram por um lado conhecer bem o PSD de norte a sul e por outro fazer um conjunto de amizades(que é o que fica da vida politica na maioria dos casos)que me vão mantendo actualizado sobre o estado de alma do PSD um pouco por todo o país.
E concluo que o PSD é hoje um partido triste.
Triste, desanimado, parado e abúlico
Porque se empenhou fortemente na eleição do actual governo, porque sob diferentes lideranças desde Luís Marques Mendes a Pedro Passos Coelho combateu a desgraças que foram os governos de Sócrates,porque tem consciência que nos momentos difíceis é no partido profundo que está a força e o ânimo que permitem resistir e ganhar.
Daqui a pouco mais de dezoito meses o PSD vai disputar as autárquicas mais dificeis da sua história.
Mais de 80 dos seus presidentes de câmara não se podem recandidatar.
Centenas de presidentes de junta de freguesia também não.
Isso implicará processos "sucessórios" simples nuns lados mas muitíssimo complexos noutros que podem levar em ultimo caso a fracturas graves dentro de actuais maiorias camarárias.
Isto para não falarmos de umas "aventuras" que se adivinham aqui ou ali...
A popularidade do governo em 2013, por razões que me dispenso de explicar ,estará bem aquém do que seria necessário para ser um factor de mobilização de votos para as candidaturas autárquicas do partido.
O processo de concentração de freguesias com todas as polémicas que já encerra será um verdadeiro "calcanhar de Aquiles" do PSD com muitos autarcas seus na primeira linha da contestação que poderá levar,nalguns casos,à recusa pura e simples de candidatura pelo partido.
O descontentamento previsível, face a muitas medidas que o governo terá de tomar, tornará extremamente difícil o recrutamento de candidatos que num cenário tão grave aceitem dar a cara pelo PSD.
Se a isso juntarmos em 2013 um PS apostado em fazer esquecer as suas responsabilidades e um CDS que onde não puder aliar-se ao PSD será um "feroz" concorrente é fácil perceber a dimensão da tarefa que nos espera.
E perante este brutal (para citar um termo muito em voga no partido) desafio como está o PSD?
Como atrás se disse.
Triste.
Porque não vê da parte do governo, e dos seus dirigentes que foram para o governo, o reconhecimento dos méritos do partido e as soluções que tem para oferecer no preenchimento por gente competente dos lugares de nomeação politica.
Dir-me-ão que isto é defender o vilipendiado "aparelho".
É exactamente isso!
Porque se há PSD, se há governo liderado pelo PSD, se há 147 câmaras de maioria PSD, se há milhares de juntas de freguesia lideradas pelo PSD, isso deve-se precisamente à existência da organização do partido e aos seus militantes.
E a politica tem de ter lógica!
Num tempo em que se vê tanta nomeação de independentes, tanta nomeação de militantes do CDS,tanta nomeação ou recondução de socialistas ou nomeados pelo governo Sócrates,é natural que os militantes do partido se sintam "feridos" e desanimados.
Porque não foi para isso que trabalharam e se empenharam.
Foi para terem um governo competente do PSD e nomeações politicas de gente competente ligada ao PSD(não forçosamente militante) e capaz de ser solidária com o governo nos tempos difíceis que atravessamos e vamos atravessar.
Infelizmente estamos longe de ver isso acontecer até à data.
E por isso estou preocupado.
Porque tenho a certeza que 2013 precisará do melhor PSD de sempre.
Unido,mobilizado,organizado e disposto a combater politicamente.
E o que vejo não é nada disso.
Vejo o tal partido triste e abúlico, sem voz, incapaz de reagir politicamente a não ser através de algumas (algumas,não muitas infelizmente) figuras do seu grupo parlamentar ou do secretário geral a quem se pede um esforço titânico para apagar todos os "fogos" que vão ardendo sem se verem.
E nem quero pensar como estará distrito a distrito a preparação das autárquicas.
Não me apetece ficar mais preocupado do que já estou!
Depois Falamos