terça-feira, dezembro 16, 2014

Sinal dos Tempos?

A evolução dos tempos, e de algumas modas, é um fenómeno com que convivo bem e ao qual me procuro adaptar com a tolerância e a bonomia que o passar dos anos vai proporcionando na certeza de que as coisas mudam e quanto a isso nada há a fazer.
Recordo com saudade a minha infância até onde me lembro.
Normal, feliz, preenchida com brincadeiras e brinquedos, passada em casa dos meus avós onde vivi até aos oito anos e sem  passagem por infantários que na altura eram fenómeno bem raro.
O meu "infantário", que recordo com uma saudade sem remédio, foi o enorme quintal da casa dos meus avós , as árvores de fruta onde apanhava as melhores pêras de que me lembro,o galinheiro onde havia galinhas e frangos e no qual recolhia com uma excitação diariamente renovada os ovos acabados de por.
E os primeiros brinquedos, a excitação do triciclo e do carro de pedais , as miniaturas de carrinhos da "Majorete" e da "Matchbox", as pistolas de fulminantes e por aí fora.
Depois veio a escola, a mudança de casa (felizmente perto da casa dos avós à qual ia várias vezes por semana), um mundo novo com pessoas novas e os primeiros amigos fora do circulo familiar.
E a vida seguiu o seu curso.
A primeira bicicleta, os jogos de futebol, a leitura dos primeiros livros e das revistas de banda desenhada, as brincadeiras próprias de uma criança.
Na escola meninos para um lado e meninas para o outro, no ciclo preparatório turmas de rapazes e de raparigas, no liceu nada de turmas mistas, recreios separados e até entrada por escadas distintas.
Ou seja até aos 14/15 anos não se falava de namoros, de namoradas, nem isso fazia parte das preocupações ou prioridades de quem vivia a vida com outras ocupações e outros interesses bem distintos.
Tudo isto para manifestar a estranheza a um tempo novo, ao qual me procuro adaptar com um sucesso mais que relativo, em que assisto a crianças de três/quatro/cinco anos (e mais velhas então nem se fala) a comentarem os namorados e as namoradas, a falarem de beijinhos e outras coisas, com um à vontade e um "conhecimento" de causa que quase me faz corar!
E mais do que isso admiro a juventude de espírito dos familiares que participam dessas conversas e as entendem e aceitam como sendo perfeitamente normais e adequadas á idade das crianças e ao que devem ser os seus interesses nessa fase da vida . 
Confesso que quando essas conversas me passam por perto sou levado pela curiosidade e nelas tento participar mais que não seja para procurar perceber a evolução de tempos, mentalidades,prioridades que as expliquem.
E se de pais, tios,primos, avós encontro muitas vezes um encolher de ombros bem disposto, que funciona como aceitação de algo que é inevitável, já da boca das crianças tenho ouvido explicações e teorias verdadeiramente fantásticas e indutoras de uma enorme vontade de rir tal o engenho e a criatividade de que se revestem.
Enfim...parece-me que salvo evolução repentina, que não prevejo, estou destinado a continuar a ser um avô "cota" nestas matérias!
É a vida.
Depois Falamos

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