terça-feira, dezembro 15, 2009

Os Diários de Reagan


Sempre tive uma particular admiração por Ronald Reagan.
Talvez porque aquando da sua primeira eleição(1980) a esquerda portuguesa a sair do PREC desdenhava dele,chamava-lhe actor de segunda,"pintava-o" como um cowboy absolutamente incapaz de exercer uma presidência marcante.
Enganou-se rotundamente.
Como aliás é frequente acontecer com a esquerda que vamos tendo!
Reagan foi um presidente absolutamente decisivo no fim do comunismo na Europa,no derrubar do muro de Berlim (que aconteceria já no tempo do seu sucessor George Bush) no estabelecimento de uma nova ordem internacional.
Este livro agora editado,com excelente prefácio de um intelectual de mérito como é Jaime Nogueira Pinto (não confundir com outras pessoas com o mesmo apelido que andam por aí a dizer disparates...),constitui um retrato fascinante dos dois mandatos de Reagan vistos por ele próprio.
Através de um diário que foi escrevendo ao longo dos oito anos que passou na Casa Branca.
Foi,aliás,o único presidente americano que o fez.
E ainda bem.
Porque é um livro muito interessante que se lê com imenso agrado.
Depois Falamos

6 comentários:

Unknown disse...

É pá... Que grande ideia para um presente de natal... Obrigado

Vou comprar e oferecer a mim mesmo :)

De facto, um homem que ficará na história da democracia Americana e Mundial...

Cumprimentos

freitas pereira disse...

A virtude essencial do « grande comunicador », jornalista de televisão e actor de cinema, agente secreto do FBI, nome de código T10, (denunciou muitos dos seus camaradas em Hollywood, por convicções políticas), foi de incarnar aos olhos dos Americanos e do resto do mundo, o mito da América, nação “eleita” por Deus, com um destino privilegiado e um sonho de progresso continuo no qual são preservados os valores essenciais dum passado legendário.

O progresso continuo vê-se hoje na situação dramática da América e do resto do mundo, graças aos valores “essenciais” de Wall Street tão bem exportados ...por ele e os seus amigos !

Reagan foi o homem político que celebrou as bodas da democracia, do capital e do show-biz.

A “reaganomic”, programa económico fundado na desregulaçao da economia, na redução maciça dos impostos sobre as sociedades e os indivíduos, e a redução senão eliminação das ajudas sociais aos mais necessitados, criou o fosso actual entre os pobres, cada vez mais pobres, e os ricos, cada vez mais ricos, que investiam chez Madoff ! E deixou para os sucessores o problema da segurança social dos 45 milhões de Americanos .
Não esquecer que a situação criada por Reagan deu origem à explosão da divida do Estado e ao desequilibro comercial , que provocaram a crise económica actual, e já a partir do ‘krach” de Wall Street em 1987.

Reagan, foi tudo isso, mais o aumento de 160% do orçamento da Defesa em 8 anos, (Guerra das Estrelas), dos mísseis Pershing na Europa, do cordão sanitário à volta da URSS, dos “Marines” no Líbano , que ele retirou quando 241 foram assassinados num atentado no Q.G de Beirute, da invasão da ilha de Grenada – porquê ? -, do escândalo da Irangate e dos Contra da Nicarágua e, sobretudo, da miséria social que a sua política económica infligiu aos Americanos.

Estava presente nos USA todos os dois meses, nessa época, e tinha notado a degradação continua do nível de vida americano ., além da degradação das relações sociais nas empresas. Data dessa época a primeira greve dos transportes aéreos americanos.

A nódoa indelével de Reagan foi o caso dos reféns americanos retidos na Embaixada Americana em Teerão, que viu Rreagan e os republicanos tentarem anular as negociações com os islamistas para evitar que estes libertem os americanos antes das eleições.

Ao mesmo tempo, Regan organizava um encontro com os islamistas em Paris, onde concluíram um acordo : se os reféns forem libertados, os USA forneceriam armas e material militar aos islamistas!

Pode constatar que no livro, que tenho na minha frente, Reagan não diz nada sobre o assunto.

Tem razão de sublinhar a acção de Reagan na política estrangeira. Ele compreendeu rapidamente que Gorbatchev podia mudar radicalmente a situação na Europa, e que a URSS estava à beira da asfixia económica. Soube ajudar a evolução, ao assinar com ele, o tratado de não proliferação das armas nucleares de médio alcance.

Mas nem ele nem os seus conselheiros tinham previsto tão rapidamente a queda da URSS e do muro de Berlim. Como Mitterrand !

Para os Americanos, quando foi eleito ,foi uma esperança de melhores dias, num momento em que as crises e as duvidas estavam presentes no espirito da América.

“América is back”, foi o grito dele, mas foi infelizmente ele que traçou o caminho dos excessos que levaram o mundo para a situação na qual nos encontramos todos hoje.

freitas pereira disse...

Sabendo que escrevo num « blog » democrático , gostaria de acrescentar que na minha opinião, foi a social-democracia ( forte implicação do Estado na economia, leis sociais de protecção dos mais frágeis, planificação económica, importância do sector publico na banca, a energia, os transportes), que extirpou os países ocidentais das ruínas da ultima guerra.

Foi este sistema de regulação económica exercida pelo Estado e do compromisso entre o trabalho e o capital que nos deu 30 anos contínuos de crescimento económico e de progresso social.
Inversamente foi e é o liberalismo económico dos anos Reagan e Bush pai e filho que conduziu à ruína actual a América. E agora o mundo.

Os efeitos na Inglaterra de Thatcher , grande amiga e discípula de Reagan, foram idênticos : destruição da capacidade industrial em geral, (automóvel em particular), e investimento prioritário na finança que permitiu a dimensão actual da City ! Que estaria na falência se nao fosse a ajuda dos contribuintes!

Aliás é uma das razoes porque se sente menos o impacto da crise em França, onde a miséria criada pelo desemprego é atenuada pelas leis sociais que datam da social democracia. Por quanto tempo ? That’s the question !

O que é inquietador é que , os direitos adquiridos ontem estão a ser gravemente postos em causa hoje.

Efectivamente, as teorias do libre mercado,da desregulaçao, da privatização, do fim dos sistemas de redistribuiçao fazem-se sentir!

Os partidos políticos que aderem pouco a pouco a estas teses liberais e que abandonam aqueles que constituíam a sua base eleitoral, vão pagar, e pagam já, a factura ! O perigo é o extremismo dos extremos , esquerda ou direita.

luis cirilo disse...

Caro Luis Carvalho:
Compre que vai ver que não se arrepende.
Caro Freitas Pereira:
Confesso que tenho alguma dificuldade em responder face á qualidade dos seus comentários.
Direi apenas duas coisas:
É verdade que os anos de Reagan foram pautados (mas se pensarmos bem quais não foram ?)por algumas decisões controversas e erros de estratégia.
O "Irãogate",a invasão da Granada,Os contras da Nicarágua.
Mas valorizo essencialmente o papel que teve no fim da cortina de ferro e dos regimes comunistas a Leste.
Por outro lado estou inteiramente de acordo quanto ao papel das sociais democracias na recuperação da Europa do pós guerra.
E da importância da manutenção do Estado Social e da recusa dos excessos liberais.
E por isso defendo que o meu partido (O PSD) não deve abdicar nunca da matriz social democrata que lhe foi conferida por Francisco Sá Carneiro.
Pessoalmente considero-me um social democrata.
Desde que fiz a minha primeira,e unica,opção politica em 1975.

Anónimo disse...

«Sempre tive uma particular admiração por Ronald Reagan»

-E eu admiro-me por admiradores de Reagan andarem pela social democracia

«estou inteiramente de acordo quanto ao papel das sociais democracias na recuperação da Europa do pós guerra»

-está-me a falhar algo. Vejamos:

1.Reino Unido: Teve governo conservador (sim, Tory) de 1951 a 1964!

2.RFA: de 1949 a 1966 foram os democratas cristãos que levantaram o país. O primeiro social-democrata a ter a chancelaria foi em 1969!

Os social democratas recuperaram o quê?!

Ou anda por aqui uma grande mistificação ou uma grande ignorância!

Libertas

luis cirilo disse...

Caro Libertas:
Anda é por aí uma grande confusão!
Porque ser social democrata e admirar o papel de Reagan na cena internacional não me parece nada de incompativel.
Há valores,como a liberdade e a democracia,que ultrapassam em muito as questões ideológicas.
Pergunte aos russos,aos polacos,aos ex alemães de leste,aos bálticos,etc se não apreciaram o papel de Ronald Reagan na queda da cortina de ferro.
Quanto ao papel das social democracias...bem...a Europa é um pouco maior do que a Inglaterra e a ex RFA.
Há mais paises.