quarta-feira, agosto 06, 2008

Chinesices



Estão prestes a começar (nalgumas modalidades já começaram mesmo) os Jogos Olimpicos de Pequim.
Ou os Jogos Olimpicos da vergonha se quisermos ser mais rigorosos.
Porque se há país que não merecia essa grande competição mundial esse país é precisamente a China.
Já sei que politica e desporto não devem misturar-se por se tratarem de realidades muito diferentes.
Assim seja.
Mas então que seja para tudo e a História tem-nos provado exactamente o contrário,ou seja,a politica tem manejado o desporto como arma de arremesso sempre que lhe dá jeito.
Moscovo/1980 e Los Angeles/1984 são dois exemplos flagrantes disso.
Hoje,num contexto bem longe do da "guerra fria" que justificou as ingerências citadas seria o tempo de o C.O.I por um lado e as nações liderantes por outro (estamos a falar de pura realpolitik) terem atribuido os Jogos a uma nação com outros parâmetros democráticos e de respeito pelos direitos humanos.
É o Tibete,é a ditadura,é a politica brutal de controlo da natalidade,é a pena de morte,a falta de liberdade de expressão,a feroz repressão dos dissidentes,a total falta de respeito pelos direitos humanos,a poluição ambiental desregrada e incontrolável bem patentes nos céus cinzentos de Pequim,o não acesso a determinados sites da Net até a jornalistas estrangeiros que cobrem os Jogos,é todo um rosário de atropelos e situações inaceitáveis que deviam ter levado os Jogos para bem longe.
Mas a falta de vergonha dos paises democráticos associado a um gigantesco mercado de mais de mil milhoes de pessoas que faz salivar todas as multinacionais da coca cola á nike,da nokia á canon passando por muitas outras,leva a que o crime compense e a China tenha os Jogos Olimpicos.
Claro que os senhores das más consciências virão inevitavelmente dizer que a realização dos mesmos contribuirá para abrir a China ás reformas e ao Ocidente e para aprofundar um eventual processo democrático.
Tretas.
Para já contribuiu apenas para intensificar a repressão e as perseguições aos dissidentes de molde a não protagonizarem manifestações incómodas para os ditadores do partido comunista chinês.
Por mim que adoro desporto e tenho verdadeiro fascinio pelos Jogos Olimpicos tenho uma unica expectativa em relação a Pequim 2008.
Que acabem depressa !
Depois Falamos

3 comentários:

Anónimo disse...

Concordo em género número e grau com o presente post, efectivamente, hoje só os distraídos, ingénuos ou idealistas admitem a separação de interesses inseparáveis que caracterizam os jogos Olímpicos e a Política. Pierre de Coubertain, inspirado nos jogos da Antiga Grécia, recuperou-os tendo escolhido este país para realizar os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna.
Jogos Olímpicos e Política estiveram sempre de braço dado, tamanhos são os interesses recíprocos envolvidos. Como seria possível, que o maior fenómeno humano e social realizado à escala mundial, envolvendo centenas de milhões de dólares, estivesse imune às mais diversas influências, em especial, às do interesse político?
Eles constituem para muitos países o momento dos seus cinco segundos de glória, tempo que a cerimónia de abertura, lhe dá tornando-os visíveis aos olhos de milhões de telespectadores que assistem a esta grande cerimónia. Mesmo os países considerados pobres gastam neste folclore dinheiro que escasseia para matar a fome às crianças dos seus países. Nada travará esta lógica, tanto mais que hoje os Jogos são cada vez mais propriedade dos grandes patrocionadores e menos do Comité Olímpico Internacional.
Este verdadeiro negócio não permite tréguas por mais críticas que lhe sejam feitas.
Aquilo a que assistimos, aquando da transmissão destes Jogos, é somente a ponta de um grande iceberg.

Anónimo disse...

Pois sim, com eventual ingenuidade na análise (admito) com entidades apenas na mira do lucro, exercício malévolo do poder, ou o que quer que seja, é preferível um país momentaneamente aberto ao mundo do que fechado, irremediavelmente fechado. Talvez a China e, especialmente o seu povo, não permaneça igual. Por mim, prefiro uma China sob os olhares do mundo. Se o desporto servir este objectivo então que seja esse instrumento político de que muitos poderão beneficiar. A dinâmica social, económica e política associada aos JO faz-se nos dois sentidos: levamos e trazemos; por isso, penso que o mundo democrático fez muito bem em não desistir.

Anónimo disse...

Luis Cirilo

Jogos são Jogos, e por isso o interesse destes será para mim igual aos anteriores.

Mas concordo que o mundo ocidental está completamente subjugado aos interesses económicos, perante a China. asssim como está perante o mundo árabe, noutro contexto.

Infelizmente parece que o principal valor da civilização ocidental é a ausência de valores