sexta-feira, novembro 10, 2006

USA, A Mudança ?


As eleições,parciais, para a Câmara de Representantes e Senado significaram uma mudança no equilibrio de poderes entre republicanos e democratas.
Estes ultimo passaram a ter uma maioria confortável na Camara dos Representantes e no Senado onde existe empate (mais um na historia eleitoral dos Estados Unidos !),a presença de dois senadores independentes ,mas mais pró democratas, parece garantir-lhes também a maioria.
Contudo não convirá muito olhar para o sistema politico americano com os mesmos olhos com que se vê a politica europeia.
Nomeadamente com a ultrapassada dicotomia esquerda/direita.
Lá as coisas funcionam de forma diferente,desde logo porque sendo todas as eleições uninominais ,existe uma responsabilização muitissimo maior dos eleitos perante os eleitores.
E nenhum congressista,ou senador,vai em questões fundamentais contra a opinião da maioria que o elegeu,muito menos em questões de politica externa.
Sem me armar em analista politico,por manifesta falta de conhecimentos para o efeito,diria contudo duas ou três coisas:
Por um lado os resultados são um claro aviso a George W Bush de que é necessário pensar e agir no Iraque de forma bem diferente.
Ou seja,os americanos estão cansados da guerra (e cansaram-se bem mais depressa do que da do Vietname) e querem uma solução que permita a retirada,honrosa,das forças no terreno.
Não esquecendo,e isso pode pesar,que Bush não pode ser reeleito,pelo que deve estar razoavelmente indiferente á opinião do eleitorado (bem mais atento estará as opiniões da industria de armamento...)e o vice presidente,Dick Cheney,não tem qualquer ambição presidencial.
Por outro lado,se há matéria que une os dois grandes partidos,é a solidariedade em matérias fundamentais de politica externa,nomeadamente situações de guerra.
Ninguém espere que esta vitória democrata signifique uma revolução em termos de Iraque,quando muito,assim se deseja,uma evolução positiva.
Finalmente um olhar sobre as presidenciais de 2008 que já estão em marcha acelarada.
Já aqui escrevi,e mantenho,que a "minha " candidata é Hillary Clinton !
Não vou repetir as razões mas,curiosamente,não estou nada seguro que esta vitória democrata tenha sido benéfica para as suas ambições presidenciais.
Por uma razão simples: a nomeação,pela primeira vez,de uma mulher democrata (Nançy Pelosi) para a presidência da Câmara dos Representantes,pode tirar algum do espaço "feminino" de afirmaçao a Hillary.
E num mundo tradicionalmente machista como é o da politica,acredito que os Estados Unidos estão preparados para terem a primeira presidente da sua história,mas duvido que o estejam para terem duas mulheres nos tres cargos politicos mais importantes do País.
Toda a evolução demora tempo.
Ás vezes tempo demais...
Depois Falamos

7 comentários:

freitas pereira disse...

"I would not bet one $" em nenhum candidato/candidata, porque Clinton e Jimmy Carter eram perfeitos desconhecidos alguns meses antes de serem eleitos.

Daqui até lá pode aparecer uma surpresa, se bem que Hillary tem alguns trunfos sérios.

Os EUA, a Alemanha, a França (quem sabe!), a Argentina, a Irlanda, a Finlândia, o Chile e talvez outras, constituiriam uma boa indicação de que o XXI século será o século do regresso das mulheres ao comando das nações.

E digo regresso porque Maria de Médicis, Vitoria de Inglaterra, a grande Catarina da Rússia, marcaram a época delas, sem falar da grande influência das favoritas em todas as Cortes da Europa.

E de qualquer maneira, as mulheres nunca poderão fazer tão mal neste século como os homens fizeram no século passado.

freitas pereira disse...

A mulher é o futuro do homem.

ARAGON

Rui Miguel Ribeiro disse...

Concordo com o fundamental da análise das consequências das eleições desta semana nos EUA.
Quanto a 2008, espero sinceramente que H. Clinton não ganhe. Pouco me importa que seja homem ou mulher, nem me parece que tal seja o mais relevante: Margaret Thatchet, Indira Ghandi, Benazir Bhuto, Angela Merkel, Mary Robinson, Gro Harlem Brundtland são a prova de que os mais altos cargos já há algum tempo que não estão vedados às mulheres. McCain ou Giuliani. são as minhas apostas para 2008.

freitas pereira disse...

Sr. Rui Miguel Ribeiro: isto nao tem nada a ver com este 'Blog' mas sim com o "Lodo no Cais": Eu comentei, como o Sr., no 'post' segundo o qual um certo numero de Portugueses gostaria de mudar de nacionalidade! Existem sondagens ou estudos sobre esse "fenomeno"? Gostaria de saber. Obrigado.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Freitas Pereira: Eu não comentei apenas o seu comment, mas o post e os restantes comments. Em relação ao que pergunta, recentemente um jornal (não me lembro qual), referia que são 27% dos Portugueses que pensam assim. Pessoalmente, custa-me a crer que sejam tantos.

freitas pereira disse...

1)

Leio por vezes neste blog e noutros blogs amigos, um argumento que tende a demonstrar que sem os EUA nos falaríamos hoje Alemão na Europa e Japonês na cintura do Pacifico.

'First of all', ninguém pode esquecer a ajuda tremenda dos EUA no combate ao nazismo. Visitei Coleville s/ Mer, , na Normandia, e perante os milhares de boys alinhados nesse cemitério à beira mar, não se pode evitar as lagrimas. Lagrimas de tristeza e lagrimas de raiva pela loucura dos homens.

Como , ninguém que se interessa à Historia, não pode esquecer o sacrifício imenso do Povo Soviético- 30 milhões de mortos- sem o qual as divisões 'Das Reich' dizimadas em Stalingrad, Kharkof, Orel, Smolensk, Leningrad, estariam na Normândia para acolher as tropas aliadas.

Sabe-se que se o tal General Alemão, que não ousou acordar o Fuhrer em Berlim, para obter a autorização de deslocar para a Normandia, as Divisões "Panzer" , que estavam estacionadas em Calais (onde eles esperavam a invasão), tivesse realmente tomado a iniciativa sem ordem do Hitler, a invasão abortava e a nossa liberdade não sei onde estaria! Falaríamos Alemão ? Não creio.

Estes são os factos.

Mas também não se deve pensar que a ajuda dos EUA obedeceu exclusivamente à generosidade para com os Europeus.

Os Americanos há muito tempo que esqueceram Yorktown, Pittsburg, Gettysburg e todas as outras batalhas que os opuseram aos Britânicos. Eles sentem-se da mesma família e nunca aceitariam de os deixar cair na orbita nazi.
Os Britânicos nunca esquecem também esta proximidade, que os levou a dizer " Entre a Europa e os EUA nos escolheremos sempre o largo oceano (Churchill). Este mesmo sentimento levou Thatcher a torpedear o Euro, já que não pôde torpedear a adesão à Europa, feita contra vontade.

E os Americanos nunca aceitariam de deixar cair o continente europeu na mão dos nazis, e de se privarem assim do mercado que este constitui.
A longo prazo , se a Alemanha nazi triunfasse, os EUA estariam em perigo eles mesmos.

Em conclusão, sobre este ponto, Os EUA agiram de acordo com imperativos sentimentais, de geoestrategia económica e militar, e, sem duvida, de defesa de nações com quem partilhavam os mesmos valores civilisacionais. Os Americanos são antigos Europeus, after all!


2)

Quanto à guerra do Pacifico, quando os Japoneses se encontraram a algumas centenas de km de Darwin, na Austrália, e às portas do Ganges, e , pior ainda, quando os atolls de Midway caíram nas mãos deles, os Americanos não tardariam a entrar no conflito, porque os interesses vitais da América estavam ameaçados. A fronteira da América começa no Vietname, como eles assim demonstraram anos mais tarde.

Pearl Harbour foi o golpe decisivo.

E a América reagiu; mas reagiu em função dos seus interesses vitais.

3)

Hoje, a mudança de maioria no Congresso dos EUA não significa grande coisa para a política exterior. O Comandante em Chefe e o Chefe da política exterior continua no seu posto. E , a meu ver, sempre convencido que tem razão na sua política. Obstinado. Mas procurará a ajuda dos inimigos de ontem para resolver o problema de fundo, o único que conta e sem a resolução do qual nada avançará : o problema Israel-Palestina . No médio oriente tudo está ligado. E a América não sairá deste desastre sem a ajuda de todos.

No aspecto interior, espero só que os democratas vão agir ao menos nos problemas interiores importantes :- sistema de saúde ( Hillary , após uma visita a França, queria copiar o sistema Francês mas os republicanos torpedearam isso, porque custava caro!), poupança da energia , poluição do planeta, e talvez a revisão de certos pontos do Patriotic Act que eliminou um certo numero de direitos básicos aos Americanos).

Mas não creio que os democratas irão até ao ponto de cortarem o nervo da guerra a G. Bush, isto é , as finanças para a guerra, porque o patriotismo passa antes.

Em conclusão: Democratas e Republicanos são realmente iguais? Tenho tendência a crer que ambos visam a hegemonia dos EUA no mundo, no melhor interesse da América. Qualquer que seja o preço a pagar. Se a acção deles nos convém, that's good! Senão, sorry!

O Presidente dos EUA falará sempre em nome duma nação que, a sua economia, o seu poder militar e a sua tecnologia colocam acima das outras nações. E que terá tendência a impor a Pax Americana ao mundo, que isso agrade ou não.

Mas no fundo acho que o que é mais perigoso não é o poder americano, mas a nossa própria fraqueza, porque não somos capazes de criar um contra peso eficaz.

Luis Cirilo disse...

Acho que o problema ´da afirmação da mulher na vida politica não é um problema exclusivo dos EUA,antes fosse,mas sim de dimensão mundial.
E quando falo desse tipo de dimensão estou ,para já, apenas a falar das democracias de primeira linha.
Porque ja sabemos que nos paises arabes ,e em muitos paises africanos, a questão feminina é muito mais uma questão de (falta) respeito dos direitos humanos do que uma questão apenas politica.Creio que nos EUA,embora ñão exista uma situação boa,creio que aepesar de tudo as mulheres tem um razoavel nivel de participação.
E nao seria totalmente estranho ver as eleições presidenciais disputadas entre Hillary Clinton e Condoleezza Rice.
Esse sim,seria (será ?) um optimo sinal de evolução