segunda-feira, dezembro 05, 2022

Notas do Mundial

 O meu artigo desta semana no zerozero.pt
O Mundial de 2022 no Catar será, muito provavelmente, o mundial mais polémico de toda a História da FIFA no que concerne à organização da principal prova do futebol de selecções em todo o mundo.
São conhecidas as razões principais.
A forma como foi atribuido, com enormes suspeitas de subornos e influências politícas à mistura, a falta de tradição futebolística no país que não tem qualquer expressão em termos mundiais e essencialmente a questão dos direitos humanos e da cultura medieval l´praticada que destina às mulheres um papel abolutamente secundário em todos os aspectos da vida catari.
Mas foi precisamente pela quatao dos direitos humanos, das mortes de trabalhadores na construção dos estádios, da negação de direitos a determinadas minorias que a contestação ganhou raízes mais fortes e alastrou um pouco por todo o mundo dando lugar a uma quase competiçção entre dirigentes políticos para ver qual era o maior defensor dos direitos humanos.
É, neste aspecto, também o Mundial da hipocrisia.
E da hipocrisia mundial.
Porque se é verdade que a causa dos direitos humanos é uma causa que tem de ser defendida sempre, em todo o lado e com todo o vigor é igualmente verdade que ninguém sabe por onde andavam estes “campeões” dos direiros humanos quando o Mundial de 2018 foi jogado na Rússia, já bem depois de esta ter invadido e anexado a Crimeia, país em que os direitos humanos são constantemente espezinhados e que vive em autêntica ditadura desde que Putin assumiu o poder há mais de vinte anos.
As coisas são o que são.
Por mais que alguns as queiram distorcer ao sabor das suas conveniências.
Falemos de futebol.
E o assunto futebol tem-nos mostrado um bom Mundial, a ser jogado em estádios de excepcional qualidade (já sabemos o que aconteceu na sua construção) , com bancadas cheias e uma saudável convivência entre adeptos que frequentemente se encontram misturados sem que haja nota de qualquer problema.
O que sendo de saudar não deixa de ser curioso porque não é nada essa a realidade nos campeonatos nacionais.
Dentro dos relvados, aí, já tivemos a surpresa e a normalidade.
E a regra é a normalidade de nas fases decisivas a eliminar o Mundial ser uma espécie de Europeu reforçado com Brasil e Argentina.A surpresa proporcionada por triunfos de Arábia Saudita (Argentina), Tunísia (França), Japão (Alemanha e Espanha), Camarões (Brasil) e Coreia do Sul (Portugal) que permitiu até o surpreendente apuramento para os oitavos de final de japoneses e coreanos, deixando pelo caminho nos seus grupos selecções teoricamente mais fortes como Alemanha e Uruguai, mas que não deixam ainda assim de ser a excepção que confirma a regra.
E assim será, salvo grossa surpresa, uma vez mais.
No momento em que escrevo estas linhas já temos definidos dois jogos dos quartos de final com Holanda e Argentina a reeditarem a final de 1978 e e França e Inglaterra a prometerem um duelo apaixonante no confronto entre ambas.
E hoje teremos, salvo a tal grossa surpresa , o apuramento do Brasil frente à Coreia do Sul e da Croácia face ao Japão (aqui a surpresa, se assim se lhe pode chamar, seria bem menor convenhamos) enquanto para amanhã se preveêm dois jogos muito interessantes mas nos quais acredito que com maior ou menor dificuldade a Espanha vencerá Marrocos (embora...) e Portugal a Suiça garantindo um confronto ibérico nos quartos de final.
E lá teremos assim seis selecções europeias mais Brasil e Argentina nos quartos de final.
Salvo, repito, se Coreia do Sul, Japão e Marrocos resolverem que tem de ser diferente.
Um deles, dois, ou os três.
Mas não é provável.
Em termos de jogadores este parece ser cada vez mais o Mundial de Mbappé face às exibições e aos golos, 5 até agora, que o tem projectado nesse capítulo como a primeira figura da prova.
Aqueles que poderiam ser os seus mais directos concorrentes, Ronaldo e Messi, já fizeram cada um a sua proeza com o português a tornar-se no primeiro e único da História a marcar em cinco fases finais e o argentino a cumprir o seu milésimo jogo como profisisonal mas em termos exibicionais estão abaixo daquilo que lhes é habitual embora ainda tenham oportunidade de fazerem melhor.
E favorito?
Quando se chega a esta fase dos quartos de final pode considerar-se que qualquer uma das selecções pode vencer, dada a valia de todas elas, mas seria faltar à verdade considerar que todas estão em plano de igualdade quanto às possibilidades de erguerem o troféu.
E pelo que tenho visto Brasil e França serão, neste momento os maiores favoritos.
Sendo que em teoria se os brasileiros fizerem o que lhes compete bem feito, pese embora a possibilidade de encontrarem o grande rival Argentina nas meias finais, são os que tem um caminho menos difícil (Coreia do Sul e depois Japão ou Croácia) até ao jogo derradeiro porque os franceses terão um jogo muito complicado com os ingleses e se vencerem ainda apanharão portugueses ou espanhóis (ou suiços ou marroquinos) o que significa tudo menos um caminho fácil até à final.
A ver vamos.
Tem a palavra o futebol no melhor sentido do termo!

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