segunda-feira, dezembro 18, 2017

O Ecletismo

O meu artigo desta semana no zerozero.

Portugal é um país de futebol!
Bastará atentar na comunicação social, na atenção que os portugueses dão às modalidades por contraponto com o futebol, nas paixões clubistas a reboque do desporto rei para perceber que tal como noutras áreas da nossa vida comunitária também no desporto o nosso país apresenta carências em termos de cultura.
Neste caso cultura desportiva.
E nem me estou a referir à paranóia dos chamados” grandes”, matéria em que somos simplesmente deprimentes, mas apenas à forma como em Portugal se olham as modalidades que não o futebol.
O que é, no mínimo, estranho se analisado a outra luz que não a falta de cultura desportiva de que enfermamos desde sempre também por força da Educação que não nos foi dada durante muitos anos nessa matéria.
E é estranho porque sendo Portugal um país pequeno em população, sem a base de recretuamento de outros paises em termos desportivos e com boa parte dessa captação virada para o futebol, ainda assim é um país que tem produzido campeões noutras áreas que não a futebolistica.
E sem grande esforços de memória, nem tão pouco a preocupação de ser exaustivo, é fácil de recordar alguns nomes que nas suas modalidades atingiram o mais elevado nível e venceram grandes competiçoes internacionais.
Começando por aquele que considero o maior de todos.
Carlos Lopes.
Um grande campeão, com títulos olímpicos mundiais e europeus, que marcou uma era no atletismo e foi o último atleta europeu a conseguir fazer frente aos africanos nas provas de fundo e meio fundo.
Fazer frente e ...vênce-los.
Mas também Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Fernando Mamede, Naíde Gomes e Nélson Évora (o único dos citados ainda no activo) são nomes maiores no atletismo português.
Tal como no ciclismo se recordará sempre Joaquim Agostinho, um grande campeão, que levou bem alto o nome de Portugal nas grandes provas de ciclismo e que só não terá levado ainda mais longe o seu palmarés porque começou tarde e tinha uma feitio muito próprio que o levava a amuos que prejudicavam a sua performance desportiva.
E no hóquei em patins, modalidade em que Portugal esteve sempre na elite mundial com inúmeros títulos conquistados a nível de selecção e clubes, em que para História se recordará sempre as grande equipas e os grandes jogadores como António Livramento, Fernando Adrião ou Vitor Hugo entre tantos outros.
Ou no ténis de mesa em que nos últimos anos Portugal tem brilhado ao mais alto nível, ou no hipismo e na vela com títulos internacionais, ou nas modalidades como o judo, jiu jitsu, karate e outras em que o nosso país tem campeões do mundo.
Portugal é, desportivamente falando, muito mais que futebol.
E é mais que tempo de os portugueses reconhecerem isso e darem a essas modalidades não futebolísticas a atenção, o apoio e o carinho que elas tanto tem feito por merecer e que em tantas ocasiões lhes tem sido negado.
Até porque as modalidades não são adversárias do futebol.
Nalguns casos e nalguns clubes como Benfica, Porto e Sporting foram as modalidades (essencialmente o ciclismo) que ajudaram a que tivessem uma dimensão nacional, e adeptos em todo o país, nos tempos anteriores à televisão em que para muitos ver as camisolas dos principais clubes era só quando a Volta a Portugal lhes passava à porta.
Os tempos , por exemplo, de José Maria Nicolau e Alfredo Trindade.
E por isso considero que o ecletismo deve ser a imagem de marca dos grandes clubes do desporto português.
Que não são apenas três, como por aí se julga, mas bastantes mais como sabe qualquer pessoa que não tenha do desporto uma visão condicionada pelas palas do futebol ou pelos enormes interesses que gravitam em seu redor.
Porque o ecletismo traz praticantes para o clube, traz simpatizantes para a sua massa adepta, oferece às comunidades opções de prática desportiva e retribui o muito que essas comunidades dão aos clubes em termos de apoios diversos.
É evidente que o ecletismo deve ser balizado por uma indispensável racionalidade económica (para disparates já bem basta o futebol) ,sob pena de ser inviável, mas se as coisas forem bem feitas e por gente que saiba da poda é perfeitamente viável que os principais emblemas do desporto português não figurem apenas nas camisolas do futebol.
Porque um clube ser eclético,e cada um saberá que dimensão o pode ser, é uma questão de inteligência, de estratégia desportiva e de crescimento sustentado do próprio clube e do número de adeptos.
É pena que alguns não percebam uma coisa tão simples!

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