sexta-feira, agosto 24, 2012

Lance...Dramático.


Gosto de ciclismo.
Que não sendo das minhas modalidades favoritas proporciona, quando a alto nível (como aliás quase todos os desportos) momentos extraordinários de competição, de luta, de sofrimento e de beleza.
A beleza própria de um desporto que anda no meio das pessoas e passa á porta de casa.
Comecei a seguir a modalidade por questões de índole bairrista, como não podia deixar de ser para um vimaranense que se preze, nos longínquos anos 60 do século passado quando Guimarães através da Coelima tinha uma grande equipa de ciclismo.
Que disputava a Volta a Portugal, ganhava etapas e prémios individuais, e levava longe o nome da empresa e de Guimarães.
Recordo chegadas de etapa na pista de cinza do então estádio municipal em que os ciclistas da Coelima eram apoiados e vitoriados como se fossem do…Vitória.
Depois o próprio Vitória fez uma incursão no ciclismo, já nos anos 80, mas sem continuidade nem brilho especial acabando a secção por se extinguir.
Quiseram os ventos da História, pouco dados a sentimentalismos, que os principais clubes portugueses senhores de uma divida ao ciclismo que nunca poderão pagar em termos de divulgação das respectivas camisolas e da criação de uma massa adepta em termos nacionais, se tivessem paulatinamente retirado da modalidade passando as corridas a ser disputadas por marcas de empresa.
O que lhes retirou a paixão popular que apenas o clubismo lhes permitia.
Hoje acompanho pouco o ciclismo.
Passados os anos gloriosos de Joaquim Agostinho, Fernando Mendes, Joaquim Leite, José Martins, Firmino Bernardino, Marco Chagas, Luis Teixeira, Venceslau Fernandes, Joaquim Gomes e poucos mais em termos nacionais creio que a modalidade perdeu carisma e fulgor pese embora o interesse com que a “Volta” é seguida.
Em termos internacionais houve uma certa fase em que acompanhei com muito interesse o “Tour”, especialmente nos anos de Bernard Hinault e Miguel Indurain, mas também aí me fui desinteressando por razões várias.
Mas claro que segui com atenção a saga extraordinária de Lande Armstrong e as suas sete vitórias, com momentos de extraordinário ciclismo, um feito que considero inigualável em termos de Volta à França.
Sabe-se agora que um qualquer comité anti dopagem americano lhe retirou todos os triunfos desde 1998 (incluindo as sete míticas vitórias) por considerar que o atleta recorrera repetidamente a formas sofisticadas de dopagem que tinham influído nos seus triunfos.
Pese embora tendo sido submetido a centenas de testes anti doping nunca ter sido apanhado com um resultado positivo!
Creio que este desfecho será trágico para a modalidade.
Porque abate um dos seus maiores ídolos, porventura o melhor depois de Merckx, e comprova que existem no ciclismo formas de dopagem absolutamente indetectáveis que não permitem acreditar na transparência e verdade dos resultados no momento em que se verificam.
Porque corre-se sempre o risco de, dez anos depois, se virem a descobrir coisas que na altura se revelavam perfeitamente herméticas.
E se Lance Armstrong, um super campeão, precisou de se dopar para vencer alguém acredita que os outros a bifes e esparguete subam Pirenéus e Alpes como dizia no seu tempo Luis Ocana se não estou em erro?
Tenho pena.
Por Lance Armstrong.
Mas essencialmente pelo ciclismo.
Depois Falamos

6 comentários:

Anónimo disse...

há muito fundamentalismo nesta coisa do doping.
Inclusivamente se condena por substancias que não são nocivas mas podem (hipoteticamente) mascarar outras.

A fronteira entre o que é lícito e o que é ilícito é puramente subjetiva e "política" . Como se sabe há medicamentos que qualquer "civil" pode tomar, nomeadamente antibióticos, mas que um ciclista poderá ter que evitar por acusar doping.

sinceramente, acho pouco credível este alarido

Defreitas disse...

1. Sempre gostei de ver os campeões ciclistas galgar as montanhas cá do sitio, que o meu Amigo conhece ! Talvez porque nunca fui bom sobre uma bicicleta, et que a primeira vez que “ousei’ aprender numa, alugada nos irmãos Castros, da rua de S.Damaso, fui experimentar a “coisa” ali para S.Francisco , em frente à igreja, galguei o passeio e entrei pela porta da creche . As boas freiras, lá me “recuperaram” nas escadas! Eu magoado e a bicicleta num “oito”! Genial! Depois, nunca mais!

2. Fui ver várias vezes o “Tour” à chegada nos picos dos Alpes. No Alpe d’Huez, sobretudo, onde vi em 1979 o Joaquim Agostinho deixar para traz os grandes da época! Vibrei e disse-lhe em Português o orgulho de o ver dominar.

Em 1986 , Bernard Hinault, e 1995 Marco Pantani, foram os heróis da escalada, que eu vi..

3.O Alpe d’Huez e as suas 21 curvas , etapa mítica do Tour, 13,8 km a 7 à 8% , e por vezes 10%, 1120 metros de desnivelado, obrigando em cada curva de meter mais alguns dentes para continuar de pé! O Alpe d’Huez é a Meca do ciclismo!

4.Estou de acordo que o caso Armstrong é triste e que é um golpe contra o ciclismo. Que a Usada tenha decidido de derrubar o compatriota, 14 anos depois , também não é compreensível. Mas ,desde o caso Simpson, o inglês que morreu ao chegar ao cume do Monte Ventoux, no sul de França, anos atrás, encharcado de droga, que o problema se punha .

O ciclismo foi talvez um dos desportos onde o abuso de drogas se fez sentir durante anos sem que ninguém tivesse agido. Anquetil dizia que é impossível de realizar feitos extraordinários pedalando “só com água”!

5.E o que é terrível hoje, é de pensar que os organizadores do “Tour, vão ter dificuldade na re-atribuição das vitorias de Amstrong, porque os classificados seguintes - (Ullrich, Basso, Vino, Hamilton, Heras, Moreau…). Klöden ou Beloki! foram todos apanhados pelo mesmo controlo ou não passaram longe.

6.Mais triste ainda é o facto que se Armstrong não se tivesse drogado, ele teria sido de qualquer maneira um grande campeão, porque mesmo pedalando só com agua, era realmente muito forte.

7.Triste época, que me faz pensar nos tempos em que a Alemanha de Leste batia todos os recordes! Homens e Mulheres!

Lance resta um grande campeão da tempera de Merckx, Hinault, Indurain.

Ricardo Campos disse...

"A jogar desta forma a malta de Guimarães devia mudar o nome para "derrota de Guimarães" "

Fumega7 disse...

Esta a acusação da USADA será talvez a maior prova de como se pode utilizar um agência de anti-dopagem e o sistema judicial em prol de interesses/guerras pessoais. São conhecidos os problemas entre o líder desta instituição e Lance Amstrong, sendo que o mesmo líder nunca se conformou com as derrotas em processos anteriores... E agora que arranjou alguma vantagem (leverage, como dizem nos EUA), sobre alguns antigos colegas de Lance, usou-a para queimar aquele que é o melhor ciclista de sempre do seu país, quiçá do mundo. Até hoje ninguém percebeu ainda como é que alguns dos antigos colegas de Lance, que supostamente o denunciaram perante a USADA, foram correr o Tour, Jogos Olímpicos e outras corridas antes destas, sem terem sido suspensos. Pior é que segundo a imprensa americana, e a USADA não o negou, a agência em causa ofereceu a estes atletas a pena de suspensão de 1 ano a troco da acusação a Lance. Para se salvar a si próprio e à sua carreira quem não mentiria!

Uma coisa é certa, quem viu lance correr, quem ainda vê as corridas no ESPN Classic, e quem correu contra ele não tem dúvidas: Lance ganhou e ganhou com grande vantagem sobre os seus adversários!

Anónimo disse...

é incrível como os orgaos de comunicação social portugueses dão como adquirida a perda dos títulos do lance, quando a USADA não tem qualquer jurisdição sobre o tour. é à UCI que cabe essa decisão, e se de facto confirmassem a mesma estariam a admitir que durante mais de uma década não conseguiram fazer o seu trabalho pois os controles anti-doping são da responsabilidade da UCI. o homem mais controlado da história do desporto continua sem um único controlo positivo.tal como escreveu um comentador desportivo:"lance armstrong guilty!..of being the best!"

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Concordo.
Caro Freitas Pereira:
Gostei muito do seu comentário no qual me revejo inteiramente. Partilho da sua opinião sobre o Alpes d'Huez como a verdadeira Meca do ciclismo. Creio que é uma daquelas etapas que separa os grandes campeões dos bons ciclistas. Um pouco como o Aspin ou o Tourmalet. O nosso "Jaquim" aí era tão grande como os maiores e lembro-me bem dessa mitica etapa de 1979.
Quanto ao doping é um problema tão vasto e tão compexo(não só no ciclismo até porque, como recorda e bem,já foi politica de Estados e provavelmente continua a ser...)que me limito a partilhar das suas duvidas sobre a quem poderão ser atribuidas as vitórias que querem retirar a L.Armstrong. É que todos os que cita estão longe de estarem limpos nessa matéria.
Caro Ricardo:
Que comentário tão inteligente!
Caro Filipe:
Concordo com o seu ponto de vista. E até me atrevo a dizer que LA dopado era melhor que os outros mas sem doping também. Para mim foi o melhor ciclista no pós Merckx,
Caro Anónimo:
Estou de acordo.