quinta-feira, janeiro 19, 2012

SAD ou não SAD


Publiquei este artigo na edição de hoje do "Povo de Guimarães".

É conhecida de todos aqueles que se interessam pelo Vitória, sejam ou não associados do clube, a difícil situação económico-financeira que o mesmo atravessa e que se vem degradando desde 2003.
Não valerá muito a pena, no âmbito de um artigo que se deseja voltado para o futuro, estar a repisar exaustivamente as razões que levaram a esta situação que traz os vitorianos em permanente alvoroço e que condiciona o crescimento de uma instituição que tem tudo para ser tão grande como os maiores.
Essencialmente serão quatro as razões explicativas:
A forma como alguns decidiram, nesse tempo, derrubar Pimenta Machado sem cuidarem de preservar a instituição que é sempre mais importante do que quem a dirige.
E não deixa de ser curioso saber que é feito de alguns desses “grandes vitorianos”, paladinos de uma “revolução”, que nunca mais foram vistos em lado nenhum!
A forma como o próprio Pimenta Machado geriu o timing da sua saída e que levou a situações limite de insustentabilidade na relação entre órgãos sociais e um grupo significativo de associados insatisfeitos com a situação do clube.
A forma como o que lhe sucedeu não soube redimensionar o clube, modernizá-lo e extirpando o pior do tempo de Pimenta Machado aproveitar o muito de bom que este tinha deixado.
Desde património á visibilidade mediática, que o clube tinha e foi perdendo, passando por uma posição de respeito que a generalidade dos agentes do futebol tinha pelo Vitória.
Pelo meio uma descida de divisão que mostrando (única vantagem) a cepa de que os vitorianos são feitos, pela forma como se uniram em volta do clube, foi um enorme passo atrás na nossa consolidação como quarto clube português e começou a abrir a porta ao crescimento do Braga posteriormente consolidado com um tremendo erro estratégico da actual direcção ao incompatibilizar-se com o Porto em troca de uma relação mal explicada com o Benfica de que nada beneficiamos.
E, quarta e ultima razão importante, os vários erros cometidos pelos actuais e anteriores órgãos sociais que levaram à situação presente.
Desperdício da “Champions”, aliança com o SLB, entrada e saída desmesurada de jogadores, crescimento do quadro de pessoal do clube, orçamentos irrealistas e tudo mais que se sabe.
Chegamos, pois, a esta situação.
De que é preciso sair rapidamente sob pena de um futuro…axadrezado!
E as opções que se põem são duas.
Ou manter o clube como clube e alterar os estatutos de molde a permitir uma gestão profissional.
Ou criar uma SAD.
Porque manter as coisas como estão, em termos de gestão, é como lutar contra espingardas com umas fisgas completamente artesanais.
Por mim defendo claramente a primeira opção.
Ciente de que essa gestão profissional terá necessariamente de reestruturar o passivo, sanear economicamente o clube, propor aos sócios um caminho claro e de alguns sacrifícios inerentes à redução de despesas e á sustentabilidade financeira do mesmo dentro das receitas ordinárias de que dispõe.
Sendo que essa reestruturação pode e deve passar, também, pela participação num fundo de investimento no qual alienando racionalmente os passes de alguns jogadores seja possível acelerar a recuperação financeira do clube através da diminuição do passivo mais oneroso.
Depois há o outro caminho.
A SAD.
Na qual um clube debilitado financeiramente, frágil em termos desportivos, pouco ou nada atractivo em termos de investimento terá de ir ao mercado procurar investidores dispostos a “darem” dinheiro para a constituição de uma SAD com capital minimamente atractivo.
E esse caminho, por mais que me procurem convencer do contrário, corre o risco de lançar o Vitória de forma irremediável na mão de empresários de futebol e/ou de investidores de perfil pouco claro e que nada tem a ver com a nossa realidade e tradição associativa.
O Vitória é dos sócios.
Por mim continuará a ser!

14 comentários:

Anónimo disse...

Sou totalmente a favor de uma revisão dos Estatutos e da implementação de um rigoroso regulamento interno; Tenho receio que os Vitorianos se iludam com o "eventual" poder financeiro proveniente de uma SAD e fico triste quando ouço vozes entusiasmada com a possibilidade de "um gajo como o do City" poder ser dono do Vitória (aquele que desde sempre é nosso). É que por muitas alegrias que tal nos pudesse dar, convém não esquecer que, certo dia, o multimilionário vai cansar-se de jogar Football Manager com a nossa equipa,sendo praticamente impossível reestrutura-la posteriormente.
O Vitória é nosso!

MD

Anónimo disse...

Duvido muito que a constituição de uma SAD permitisse um encaixe muito superior a 5-6 milhões de euros.


Ora, esse encaixe, teve-o o Vitória no ano passado, só com a transferência de um jogador.

Alguém consegue vislumbrar os efeitos desses milhões todos no desempenho da equipa?

duvido...

luis cirilo disse...

Caro MD:
Inteiramente de acordo.
O Vitória é nosso.
ou deveria dizer ainda é nosso?
Caro Anónimo:
Tem razão.
Uma SAD seria (será?) admissivel num cenário totalmente diferente. COm um clube reabilitado desportiva e financeiramente

Anónimo disse...

com 703 espectadores vamos bem vamos

Vitória até morrer!!!!!!!! disse...

Boa noite.Caro Sr. Luís Cirílo. Subscrevo na íntegra este seu texto.Está a ver, eu não digo "só mal"...eh eh eh.


Vitória até morrer!!!!!!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

Também acho que fizemos muito mal em ter abandonado a aliança com o FCP, eramos muito mais beneficiados e seguranmente estariamos muito melhor, basta olha para o Braga e perceber o que nós poderiamos ser. Afinal o FCO tem muitos mais poder no futebol que o slb.

Rui Cordeiro da Silva disse...

O clube é (e deve ser) dos sócios!

Isso não invalida uma gestão mais apertada, mais profissional e com clara definição de competências.
O Vitória não pode ser gerido como um clube de bairro e depois esperar que venha um "salvador" (sem segundas conotações...) acenar com petrodólares e dizer que vai trazer este e aquele craque, para depois se ir embora e deixar o Vitória refém de megalomanias financeiras e ainda pior do que o que está!
A gestão deste clube não pode ser um capricho de um ricaço nem o prolongamento real de um jogo virtual de gestão de equipas de futebol.
Acabou a brincadeira!

Não estamos em altura de aceitar soluções megalómanas nem contos das arábias, ainda para mais contados por quem já tanta asneira fez no clube.
Será que queremos que as asneiras continuem?
Pela minha parte estou farto! Não contem comigo para isso!

O Vitória tem de renascer e fazer o seu próprio caminho com quem cá está de alma e coração!
Para isso sim, estou disponível para apoiar uma mudança séria no clube, mas sem SAD!

Anónimo disse...

O Vitória tem potencial para um crescimento sustentado sem andar de mão de dada com ninguém. Somos suficientemente grandes para isso, completamente contra "protocolos", há que fechar novamente Guimarães e levantar o orgulho do clube.
Isto não significa, atenção, que defenda qualquer tipo de más relações com quem quer que seja - simplesmente penso que se somos grandes como proclamamos, QUE SOMOS, temos que afastar essas alianças.

MD

Vitória até morrer!!!!!!!!!111 disse...

Só para dizer que estou plenamente de acordo com os dois últimos comentários.Vitória até morrer!!!!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

O Sr. Luis Cirilo é neste momento o candidato que levaria o meu voto. Só espero que a candidatura não nos traga alianças clubistas, respeitar e ter boas relações com todos os clubes por igual, é mais do que suficiente para o Vitória.

Paulo Lobo disse...

Sr. Luis Cirilo,

Sei que não é aqui o sitio mais indicado para fazer estas perguntas e que provavelmente não me vai responder.

Mas gostaria de lhe perguntar em que ano ou anos fez parte da direcção do VSC e se no ano de 2002 aquando da famosa AG dos capangas, exercia algum cargo no VSC e se esteve presente nessa mesma AG?

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Os sinais de preocupação são visiveis. Embora este jogo com o Maritimo não contasse para nada.
Caro Vitória até morrer:
Nunca o acusei disso como sabe.
Caro Anonimo:
Se tem mais poder não sei. Sei é que na altura tinha jogadores para nos ceder que podiam ter valido o apuramento para a fase de grupos. O SLB mandou o Assis lesionado e o Luis Filipe...
Caro Rui:
Partilho dessa opinião. o Vitória tem de ser gerido dentro das suas possibilidades(leia-se receitas ordinárias) por vitorianos dedicados ao clube.
Caro MD:
Hoje o caminho tem de ser mesmo esse.
Relacionamento institucional correcto com todos (excepto o braga com quem estamos e vamos continuar de relações cortadas)mas sem relações de privilégio com nenhum.
Caro vitória até morrer:
Eu também.
Caro Anónimo:
Concordo.
Caro Paulo Lobo:
Não tenho qualquer problema em lhe responder como é óbvio.
Integrei os orgãos sociais do clube de 1995 a 2002.
De 95 a 98 na mesa da assembleia geral e de 98 a 2002 na direcção.
primeiro como director e depois como secretário geral.
Saí da direcção em Abril de 2002 quando fui nomeado governador civil do distrito.
Quanto a essa assembleia especifica(que terá sido por outubro/novembro de 2002)estive presente na qualidade de associado. Afinal a mesma com que vou regularmente ás nossas assembleias gerais há mais de 35 anos.
Não deixo contudo de achar curioso que esse assunto ainda seja...assunto dez anos passaados!
É que estando de consciência absolutamente tranquila quanto a essa AG, e quanto a tudo que fiz no clube,acho piada que continuem a tentar implicar-me em algo com que não tive nada a ver.

Paulo Lobo disse...

Sr. Luis Cirilo,

A AG dos capangas foi em Setembro de 2002.

Estive nessa AG e confesso-lhe que sempre pensei que o Sr. esteve presente na AG como secretário geral do VSC e como tal, até hoje, não conseguia lhe perdoar a si e a todos os que participaram nessa "triste palhaçada".

Quero aqui, lhe pedir desculpas pela minha confusão, pois foram várias as vezes que eu falei de si, de uma "forma menos correcta", tudo porque sempre pensei que fez parte dessa AG.

Mais uma vez as minhas desculpas.

luis cirilo disse...

Caro Paulo:
A falar é que a gente se entende. Tal coo você há outras pessoas que pensam que ainda fazia parte da direcção nesse tempo. Não fazia.
Também há quem pense que eu como governador civil podia ter feito qualquer coisa: Não podia.
E se um dia tivermos a possibilidade de falarmos pessoalmente terei todo o gosto em lhe contar a verdadeira história dessa assembleia. Poucos,muito poucos, a sabem. Mas passados dez anos já não é "segredo de Estado".