Creio que toda a gente atenta ao fenómeno desportivo tem dedicado alguma da sua atenção a este já longo processo eleitoral no Futebol Clube do Porto que opõe as listas encabeçadas por Jorge Nuno Pinto da Costa (PC) e André Villas Boas (AVB) num duelo que neste momento se afigura de resultado imprevísivel.
Nao sendo adepto e menos ainda associado do clube, e embora tenha a minha opinião sobre o assunto, não me vou pronunciar sobre quem entendo que deva ganhar o acto eleitoral.
Essa é uma questão que deve ser debatida e decidida pelos
associados do FCP.
Mas tendo muitos amigos e alguns familiares que são portistas, uns apoiando PC e outros AVB, tenho percebido em várias conversas o "drama" que os acompanha nestes dias e que se vai intensificar na ida às urnas.
"Drama" esse que em boa verdade afecta muito mais os apoiantes de AVB do que os de PC.
Por uma razão simples.
Os apoiantes de PC, alguns dos quais nunca conheceram outro presidente do FCP, vão votar na lista do actual presidente uns por convicção considerando que continua a ser a melhor solução e outros por gratidão porque mesmo entendendo que o clube está na hora de mudar não querem ver PC terminar o seu percurso de mais de 40 anos com uma derrota eleitoral.
Mas de facto o "drama" é maior nos apoiantes de AVB.
Porque reconhecendo o percurso impar de PC, as inúmeras vitórias, títulos e troféus que connquistou para o clube, o contributo que deu para transformar um clube regional numa potência nacional e com marcante presença internacional simultaneamente não gostam da gestão dos últimos anos, não gostam das contas do clube, não gostam dos negócios muito mal explicados, não veêm com bons olhos o peso da claque na gestão do clube, abominam os milhões com que os administradores se remuneram a si próprios, detestam alguns personagens que rodearam PC nos últimos anos com benefícios pessoais mas prejuízo para o clube.
E nesses apoiantes de AVB há claramente dois tipos; os mais novos que votarão convictamente nele sem qualquer reserva e aqueles mais antigos que sempre apoiaram PC mas agora vão votar AVB mesmo não desejando a derrota do PC pelo que o seu voto terá a tal carga "dramática".
É o que tenho concluido dessas conversas com amigos e familiares.
E por isso creio não andar muito longe da verdade se considerar que as eleições se vão decidir numa disputa entre gratidão e futuro.
Entre o voto numa gratidão que não garante o futuro e um futuro que não se faz apenas de gratidão mas também não se faz sem ela.
Difícil escolha para os associados do Futebol Clube do Porto.
Essa é a única certeza absoluta quanto às eleições.
Depois Falamos.
Nota: Não conheço André Villas Boas. Conheço Jorge Nuno Pinto da Costa. A quem nas poucas vezes que contactamos tenho a agradecer a cordialidade e simpatia com que sempre me tratou. Mas conhecendo um e não conhecendo outro fiz obviamente questão que nada houvesse de pessoal no texto que escrevi.