segunda-feira, novembro 11, 2013

O "Portismo"

O futebol português vive de há muitos anos a esta parte uma macrocefalia asfixiante a que por comodismo se convencionou chamar os três "grandes" e que é composta por Benfica, Sporting e Porto.
Já foram quatro, pelo menos no douto dizer da imprensa da capital que durante anos sustentou essa tese, mas depois o Belenenses foi-se abaixo e a moda virou para os três de que se fala até à exaustão nos tempos que correm.
Não foi sempre assim.
Em boa verdade, durante quatro décadas do século passado (do final dos anos 30 ao final dos anos 70) eram apenas dois clubes que disputavam a supremacia do desporto (não apenas futebol) português:
 Benfica e Sporting.
Cuja rivalidade se fomentou no ciclismo (José Maria Nicolau vs Alfredo Trindade) mas depois se viria a estender e consolidar no futebol.
Com domínio inicial do Sporting, décadas de 40 e 50 muito por força dos "5 violinos", que ao tempo seria o maior clube português mas depois tudo se transformaria com o momento decisivo que foi a chegada de Eusébio ao Benfica.
Que fez toda a diferença para os 15 anos seguintes.
Que foram de grandes vitórias do Benfica, com as duas taças dos campeões á cabeça, de grandes equipas e grandes exibições que trouxeram ao clube uma enorme legião de adeptos que lhe permitiu tornar-se no maior clube português.
E o Porto?
O Porto, que até tinha sido dos primeiros a ganhar títulos nacionais, viva numa permanente subalternidade ganhando um campeonato de longe a longe e umas taças de Portugal de quando em vez.
É então que, em 1976, se dá no Porto um facto de importância equivalente à chegada de Eusébio ao Benfica 16 anos antes.
Não através da contratação de qualquer jogador excepcional mas da tomada de poder interno por uma dupla histórica.
José Maria Pedroto e Jorge Nuno Pinto da Costa.
Um como treinador e o outro como director do departamento de futebol.
Os ideólogos do Porto actual mas também do "portismo" que a seguir definiremos.
O Porto actual conhece-se:
Um clube muitíssimo bem organizado, o clube com mais títulos nacionais do futebol português (campeonatos, taças e supertaças) e de longe o clube português com mais títulos internacionais em que avultam duas ligas dos campeões e duas taças UEFA .
A ideologia que permitiu tudo isso, lançada por Pedroto e Pinto da Costa e ainda hoje em vigor, é o "portismo".
Que se caracteriza basicamente por três premissas:
Criação de um inimigo externo, preferencialmente os clubes de Lisboa e a imprensa quase toda, que permita unir as "tropas" e motivá-las para a guerra.
Passagem da ideia que são todos contra o Porto e que a nível de poder futebolistico(e não só) há uma permanente conspiração contra o FCP.
O Porto é a bandeira do Norte em permanente luta contra o centralismo lisboeta e as suas instituições.
Com base nesta ideologia, e numa organização muito superior há de qualquer outro clube, o Porto vem de há quase 40 anos a esta parte a assumir-se como um clube hegemónico e a ganhar muito mais competições internas que qualquer outro.
Perguntar-se-á então porque é que a ganhar há quase 40 anos o Porto não é hoje o maior clube português em termos de adeptos quando ao Benfica, noutro contexto e noutro regime politico é verdade, bastou pouco mais de uma década para atingir esse estatuto.
A resposta não é simples mas vou tentar dá-la em cinco itens:
Em primeiro lugar o Porto não sabe ganhar com fair play e desportivismo.
Ganha com arrogância, com acinte, sempre minimizando o adversário e exaltando-se a ele próprio.
È uma postura agradável para os adeptos,odiosa para os adversários e desagradável para os indecisos que impede muita gente de aderir ao "portismo".
O Porto não sabe ganhar por si e para si; tem de ganhar sempre contra alguém!
Em segundo lugar , e claramente dentro da ideologia do "portismo", o Porto quando ganha não se limita a ganhar. Ganha contras as conspirações,contra Lisboa, contra a mais diversa espécie de inimigos nos quais inclui com todo o á vontade os clubes vizinhos renegando assim qualquer possibilidade de ser a tal "bandeira" do norte.
É um pouco a sindrome da pequena aldeia gaulesa de Astérix, rodeada de romanos (leia-se lisboetas) por todo o lado e em que a "poção mágica" é a união dos portistas contra o mundo exterior.
Infelizmente para o FCP esta visão do mundo é um resíduo do provincianismo que Pedroto tanto quis combater.
Em terceiro lugar manda a verdade que se diga que o "portismo" e o FCP nunca gozaram dos favores e fretes da imprensa nacional toda ela ,com raríssimas excepções, devotada à glorificação do Benfica e do "benfiquismo" e que tratou sempre o Porto como um clube menor.
E isso, nomeadamente em termos televisivos, faz diferença.
Em quarto lugar os métodos usados para ganhar.
Que muitas vezes não são agradáveis, algumas vezes não são legais, e indignam muita gente contra a forma como o Porto usa o poder de que dispõe nas instâncias do futebol.
Nada que outros não façam mas o Porto fá-lo com um descaramento despropositado e ainda exibe esse poder como um troféu de que se orgulha.
E isso afasta todos aqueles que acham que ganhar é bom mas não a qualquer preço.
Em quinto lugar o "portismo" tem um intrigante, mas bem vivo,complexo de inferioridade em relação ao Benfica que não tem reciprocidade por parte do clube de Lisboa.
E isso é patente nos cânticos das claques (que são o "portismo" no seu estado puro)contra o SLB mesmo quando o adversário em campo é outro clube qualquer.
Isso é evidente no espaço dedicado ao golo de Kelvin (no ultimo FCP-SLB) no novo museu do Porto em que se dá a um golo que decidiu um jogo um estatuto de feito memorável quando tantos momentos do FCP mereceriam bem mais esse destaque.
Isso é, finalmente, patente na forma como o "portismo" festeja as vitórias sobre o Benfica dando ao adversário com a dimensão desses festejos o estatuto que tanto lhe querem retirar.
O Futebol Clube do Porto é hoje o clube de maior sucesso no futebol português.
Mais títulos nacionais, melhor organização, melhor curriculum internacional.
Mas não é o maior clube português nem me parece que venha a sê-lo.
Porque o "portismo", afinal a ideologia que o fez começar a ganhar de forma consistente, ironicamente o limita a ele próprio fechando-o dentro de uma barricada que lhe limita o crescimento e cerceia a expansão para fora das "fronteiras" que ele próprio definiu.
Veremos se um dia a História definirá o "portismo" como algo de essencial ao crescimento do FCP mas que acabou por se transformar no seu mais temível adversário.
Não sei se assim será.
Sei que um dos seus grandes ideólogos já morreu e o outro caminha para a reforma por força da lei da vida.
E o grande desafio para o futuro, nomeadamente o futuro pós Pinto da Costa, será saber se o Futebol Clube do Porto consegue libertar-se do "portismo" e encetar uma nova e diferente fase da sua vida mais que centenária.
Depois Falamos

14 comentários:

Ricardo Barbosa disse...

Texto brilhante. Sou adepto do Sporting mas não deixo de concordar com muitas das suas análises.
Parabéns.

Ricardo Barbosa disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
luis cirilo disse...

Caro Ricardo Barbosa:
Muito obrigado pelas suas palavras. Sempre gostei de reflectir sobre questões para lá do futebol jogado mas que o influencuiam

Gus_Ross disse...

Amigo Luís Cirilo,

Como sabe, sou adepto e sócio do FCP. Leio muitas vezes o que escreve e gosto porque não tem clubite, como aliás é apanágio dos verdadeiro adeptos do Vitória. Acho que é verdade que há algum isolamento do FCP. Propositado mas infelizmente justificado. A imprensa não favorece o FCP, a imprensa se puder destrói-o. Nunca me hei-de esquecer da primeira página do Record, no dia seguinte à ultima vitória da Champions. A noticia de um clube português bi-campeão europeu, resumia-se a um pequeno quadrado no canto inferior direito. Em destaque, uma qualquer patetice sobre o benfica. Isto é real e actual, e não será por falta abertura de portas pelo clube. A direcção desse mesmo jornal foi recebida pela direcção do FCP e elogiou e agradeceu toda a hospitalidade. Mudou alguma coisa? Nada. Basta lembrar a ignóbil primeira página do jogo contra o sporting e os comentários sobre os incidentes. Mas este tipo de comportamento, penso que o meu amigo entende bem do que falo.
Não acredito que haja arrogância na vitória, até porque são sempre dados os créditos ao adversário pelos treinadores, staf e jogadores. E na derrota também, salvo as excepções necessárias.
Fala e bem do portismo. Eu concordo consigo. O portismo é de base Pedroto e de Pinto da Costa como executante. Raramente quem idealiza faz da mesma forma que o executante. PC tem feito o impensável no FCP, ser maior que o benfica fosse em que troféu fosse, era, nos meus tempos de criança, impossível. Hoje é uma realidade. Mas não se pense que o FCP acabará com PC, isso já se sabe que não vai acontecer, porque está acautelado. Não falo da sucessão, porque por essas bandas ainda irá correr muita tinta, mas sim da força adepta. São inúmeros os novos adeptos do FCP. Se olharmos às redes sociais, veremos que, no Facebook, o FCP está colado ao clube dos 6M. 1,2M de likes contra 1,4M. No Twiter o FCP, está à frente já do referido clube. Isto mostra que as novas gerações estão a aderir ao portismo em massa e que futuro está garantido.O FCP não será o maior clube português mas é seguramente um clube de dimensão nacional. E a crescer.

Um abraço e muitas felicidades para o Vitória.

Gustavo Rossi

Vasquez da Gama disse...

O facto de não haver mais portistas hoje é em dia tem muito mais a ver com a imprensa falada e escrita do que com outra coisa. No Porto e na região limítrofe o Porto domina totalmente, dado haver ainda uma parte importante de imprensa local, mas nos outros lugares de todo o Portugal a imprensa local é curta e a maioria vem de Lisboa. Além disso quando o Benfica roubou o Eusébio, e conquistou o país, ninguém ligava muito a futebol, e desse modo em 15 anos passaram a ligar. Quando o Porto conquistou o País já havia claramente Benfiquistas e Sportinguistas por todo o país, e desse modo esses adeptos não iriam mudar de clube, e iriam tentar ao máximo que os seus filhos mantivessem a linha. De resto penso que é possível aceitar partes do comentário mas, se a imprensa, especialmente a TV, fosse de Coimbra ou de Portimão, o FCP já seria há muitos anos o maior clube Português. Viram o destaque que teve a visita do Sporting Casuals no Porto? Alguém se lembra? Foi na semana passada, partiram, vandalizaram, e quase que passavam por Portistas. O FCP talvez nunca será o clube com mais adeptos de Portugal, mas será por muitos e valentes anos, o melhor.

nuno disse...

Sr Cirilo, enquanto se devaneia em teorias de conspiração sobre as vitórias do FC Porto, o seu clube vai perdendo.
Preocupe-se mais em analisar porque é que o seu clube não vence!
Viu o seu clube ganhar algum titulo internacional ou foi o seu avô que lhe falou?

Rui Miguel Ribeiro disse...

Análise interessante e bastante objectiva, mais até do que imaginaria, confesso.

O carácter certeiro da análise foi reforçada pelos comentários despeitados ou delirantes.

Um abraço

luis cirilo disse...

Caro Gustavo Rossi:
Quanto á imprensa estamos inteiramente de acordo. Chega a ser obsceno a quantidade de capas que Bola e Record dedicam à promoção do Benfica e dos seus jogadores.
Também não nego, longe disso, a dimensão nacional que o FCP hoje já tem e o crescimento da sua base de apoio nomeadamente nas novas gerações.
Onde não estamos de acordo é naquilo a que chama a sucessão assegurada de Pinto da Costa. Vai ser esse um grande momento da verdade do Porto. Saber se a obra sobrevive ao criador ou se o FCP vai perder "gaz" e permitir que o Benfica volte a dominar o nosso futebol.
Não tenho nada como certo que a sucessão seja pacifica.
Um abraço para si também.
Caro Vasquez da Gama:
Embora a imprensa ajude a explicar alguma coisa não explica tudo. Até porque há alguma que defende o FCP casos do JN e do Jogo. ~Quanto ao resto não concordo que nos 15 anos de afirmação do SLB o país não ligasse muito a futebol. Ligava até mais que hoje. Era o tempo dos 3 F's. Fátima,Fado e Futebol. Havia era muito menos informação e a comunicação social não dedicava ao futebol a importância de hoje. Só havia a RTP e os jornais desportivos apenas saiam 3 vezes por semana.
Caro Nuno:
Ao escrever este post sabia existir o risco de que alguns não o entendessem. De qualquer forma agradeço o enriquecedor exemplo de "portismo" do seu comentário.

Anónimo disse...

Agora é a minha vez. Ontem li o post que escreveu através da partilha de ligação de um amigo no Facebook. Inicialmente foi lá que fiz o primeiro comentário ao que escreveu, e para mim agora só faz sentido vir deixar aqui a minha opinião também.
Confesso que quando li este texto até senti o sangue a ferver. Mas vamos por partes. Antes de mais, sou jornalista de formação base. Em segundo, o meu tio direito Luís Teles Roxo, como se deve lembrar, foi vice presidente do galático FC Porto. Por isso posso afirmar que sempre cresci rodeada pelo mundo do futebol e do desporto em geral. Como jornalista posso já dizer-lhe que a sua análise é muito pouco correta. Todos sabemos que a cada um dos 3 jornais desportivos corresponde um clube. E nesse aspeto "O Jogo" defende os azuis e branco muito mais. Agora também tempos a RTPN e a Porto Canal. Não nos falta mediatização. O FC Porto foi crescendo nas últimas décadas com sangue suor e lágrimas para chegarmos onde estamos. Impusémo-nos pela qualidade e organização da grande instituição que é hoje este clube. Acima de tudo o Porto soube criar ambiente de balneário e sentido de responsabilidade entre jogadores e treinadores. Por estar cheio de "super-estrelas", foi assim que se deu a queda do Real Madrid na altura do infeliz do Figo.
Em relação ao palmarés, esqueceu-se aí de referir algo que o pessoal da 2ª circular nunca conseguirá nos tempos mais próximos: 2 Taças Intercontinetais. 2!!! O meu tio que infelizmente já não se encontra entre nós, esteve sentado no banco dos jogadores no momento em que ganhámos a primeira Champions e a primeira Intercontinental em cima da neve no Japão.
6 milhões de adeptos??? Bem, o benfas não deve mesmo contabilizar os sócios que entretanto morreram desde a altura do Salazar. Deviam arranjar um novo contabilista.
Além disso, e fugindo agora um pouco ao futebol, o FC Porto contou na sua história com aquele que foi considerado 1 dos 5 melhores jogadores de hóquei do mundo: Vitor Hugo. Acha mesmo que somos uma aldeia fechada? Então convido-o a vir mais vezes à metrópole do Porto

Anónimo disse...

ou seja, esta senhora que se diz jornalista de formaçao ( e que deixa muito a desejar na escrita), nao percebeu rigorosamente nada do que o Luis Cirilo escreveu. Até porque, e quem o conhece, sabe que nutre muito mais simpatia pelo Porto do que pelo clube da 2ª circular.

luis cirilo disse...

Caro Rui Miguel:
Quando não está o Vitória em causa creio que tento ser o mais objectivo possível nas reflexões que faço.
É evidente que nem todos os portistas terão entendido o que escrevi. É um dos problemas do "portismo".
Cara Marta Bigail.
Não vale a pena ficar com o sangue a ferver porque esta reflexão não é nenhum ataque ao FCP. Quando muito, e no limite, uma critca ao "portismo".
Não tive o prazer de conhecer o seu tio pessoalmente. Mas sei que foi um grande dirigente, um grande portista com quem o destino foi muito injusto ao levá-lo tão cedo.
Essencialmente um homem bom.
Quanto á imprensa:
Dando de barato que as coisas são como a Marta "pinta" (e quanto á RTp-N tenho duvidas) não compare o peso e influencia dos canais generalistas com um canal por cabo ou uma televisão regional como o Porto Canal. De quem fui colaborador com muito gosto.
Na imprensa escritas a questão é a mesma: A Bola e o Record pesam muito mais que o Jogo e isso nota-se facilmente.
Embora não possa deixar de fazer um reparo: è que há mais clubes para além desses três que mereciam um tratamento muito mais condigno.
Não me esqueci das duas intercontinentais nem da supertaça europeia ganha ao Ajax. Tive o cuidado de referir que as duas champions e as duas uefa eram os exemplos mais visiveis.
De resto reconheci várias vezes no texto que o FCP é o clube melhor organizado, com mais titulos nacionais e de melhor curriculum europeu.
E também sei que o contributo do FCP para o desporto português não se limita ao futebol. Há muitas mais modalidades em que ganhou titulos e formou campeões.
Nada disso obsta a que considere o "portismo" como uma forma de viver o FCP que se num tempo histórico ajudou ao seu crescimento hoje limita-o.
Mas é apenas a opinião de alguém que é pura e simplesmente vitoriano.
P.S. Vou muitas vezes ao Porto e trabalhei quase sete anos em Gaia. COnvivi( e convivo) com muitos portistas. E com algum 2portismo" também.
Caro Anónimo:
Eu sou vitoriano e não tenho outro clube.
Considero que estrategicamente o Vitória ganha mais numa proximidade ao Porto do que aos clubes de Lisboa.
Mas nem sempre o "portismo" permite que isso seja possível.

Paulo Maltez disse...

Exmo.Sr. Cirilo,

Sigo o seu blog há uns tempos, de inicio apenas porque sim, mais tarde porque gosto de ler as suas opinões.
Neste texto, apesar de não concordar de todo com algumas das suas opiniões, julgo que faltou mencionar um ponto, com o qual eu me identifico na totalidade, pois já o vivi bastas vezes.
Existe "na maioria" dos dirigentes do FCP e na "maioria" dos seus adeptos a norte, uma tendencia em categorizar os adeptos do sul, neste caso Lisboa, como adeptos... digamos, adeptos de segunda. Como os tais " infieis" que se converteram mas que não se tem a certeza que no escuro rezam a outro Deus. Senti e sinto isso na pele. Faço algumas vezes quase 700km para ir ao Dragão, frequente a casa do FCP na Av.Republica e sei do que falo. Sou Portista de Lisboa

Paulo Maltez disse...

Exmo.Sr. Cirilo,
Apesar de não concordar de todo com alguns pontos no seu texto, julgo que lhe faltou mencionar um. Faltou lhe esse, pois imagino que não tenha conhecimento destas situações, mas garanto lhe que acontecem.
EU que sou Portista desde que me lembro, já varias vezes fui tratado como Portista de segunda. Pura e simplesmente porque tenho dois dos três defeitos imperdoaveis para alguns Portistas. Sou mouro e de Lisboa. Faço varias vezes 700km para ir ao Dragão, frequento a casa do FCP na Av.Republica e de tempos a tempos lá vem um "vocês lá de baixo", como se fossemos infieis convertidos que se suspeita que rezam a outro deus no escuro, que nos faz sentir um pouco aparte. Não sei onde possa incluir este ponto no seu texto, muito menos se voçê concorda, mas isto que acabei de escrever é real.

luis cirilo disse...

Caro Paulo Maltez:
Traz uma perspectiva curiosa, que não conhecia, do "portismo" e da fora como ele se expressa.
Não fico admirado.
O "portismo" alimentou-se e continua a alimentar-se do ódio a Lisboa e a tudo que ela representa. E dentro do conceito da "pequena aldeia gaulesa" barricada contra o exterior e cercada de lisboetas por todo o lado deve fazer muita confusão a alguns espiritos que hajam lisboetas adeptos do FCP. Não deixa de ser profundamente irónico que pelas mesmas razões que criticam os benfiaquistas/sportinguistas do norte também desconfiem dos portistas do sul.
Ou seja: aqueles que dão dimensão nacional ao FCP ainda são alvos de suspeição por causa disso!
Por isso dizia e mantenho que o grande desafio do Futebol Clube do Porto é ultrapassar esse "portismo" que lhe permitiu crescer e afirmar-se mas agora o cerceia na sua expansão.
No fundo é uma revolução de mentalidades que está em causa.