sábado, novembro 02, 2013

O Guião e a Carta

Não me vou aqui pronunciar sobre os méritos e deméritos do guião para a reforma do Estado apresentado esta semana pelo vice primeiro ministro.
Já o li, tenho a minha opinião, e talvez um destes dias aqui escreva sobre ele.
Hoje prefiro abordar o convite do PSD ao PS para negociações sobre o mesmo e a recusa dos socialistas em o fazerem fora do âmbito parlamentar.
Devo dizer que há recusas que eram desnecessárias e não contribuem para a evolução de reformas que tem mesmo de ser feitas.
Creio que melhor teria andado o PS em elaborar ele próprio um plano de reformas do Estado e depois sentar-se à mesa para o negociar em conjunto com o guião do governo.
Mas manda a verdade que se diga que o PS em várias oportunidades, e nesta também, não tem sido tratado pelo governo e pelo PSD (que é quem o lidera) com a consideração devida ao maior partido da oposição e única alternativa de governo.
Não tem.
E naturalmente que o PS, e António José Seguro, não terão apreciado particularmente (com toda a razão)a forma como o PSD se lhes dirigiu a convidá-los para uma negociação cuja importância não pode ser posta em causa por atitudes como esta.
Porque se o PSD queria de facto uma negociação séria ,e a sério, sobre o guião então a forma de o fazer era muito simples:
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho (convém lembrar...), escrevia uma carta ao secretário geral do PS,António José Seguro, a convidá-lo para uma reunião cujo tema seria precisamente debaterem a reforma do Estado.
E aí ou o PS aceitava e as coisas correriam o curso que tivessem de correr ou o PS recusava e cada um que assumisse as suas responsabilidades.
Agora quando o PS recebe uma carta assinada por um vice presidente do PSD ,que ainda acrescenta por baixo da assinatura os cargos coordenador e porta voz(inexistentes nos orgãos estatutários do partido), dirigida ao secretário geral dos socialistas é evidente que passada uma vontade inicial de rir suscita uma reacção de indignação pela desconsideração verificada.
E por isso não admira que o PS, através de carta devidamente endereçada cujo cabeçalho acima se reproduz. tenha recusado o convite.
Dificilmente poderia fazer outra coisa face à forma como a questão lhe foi apresentada.
Depois Falamos

P.S. Fico ainda com uma duvida: Não faria sentido que uma negociação desta importância fosse feita em conjunto pelos dois partidos do governo com o PS ?
Ou já estamos numa de cada um por si?

7 comentários:

Defreitas disse...

O despotismo é a forma de governo na qual a soberania é exercida por uma autoridade única (uma só pessoa ou um grupo restrito) que dispõe dum poder absoluto. O despotismo implica frequentemente um poder autoritário, arbitrário, opressivo, tirânico, sobre todos aqueles que lhe são submissos.
Quando esta forma de governo perdura, o fracasso é previsível. Estes tipo de governo é sempre infestado por aquelas e aqueles que se crêem, criam, investidos duma missão histórica.
Quando o fracasso bate à porta, o aparelho é obrigado a fazer o inventário, o verdadeiro, o da revisão estratégica global da mudança. Este trabalho será tanto mais difícil e doloroso que há urgência em fazê-lo. Requere uma coragem pessoal e colectiva imensa para lançar borda fora as velhas ilusões, as velhas práticas, riscar dum traço tudo o que desviou a formação política dos valores que a fundaram.
O problema é que ao mesmo tempo, a nação não pode esperar.

Freitas Pereira

luis cirilo disse...

Caro Freitas Pereira:
Mas vai ter de esperar.
Infelizmente para todos nós.
Mas no actual quadro politico falta a coragem para as tais mudanças fundamentais

Vanda Menezes disse...

Concordo consigo.
E acho que há convites que são feitos propositadamente para não serem aceites e depois haver lugar à vitimização caracteristica.
Acho que PAssos Coelho tem de ter muito cuidado quer com paulo portas quer com marco antónio. Com vices destes nem precisa de inimigos

Tobias Torres disse...

afinal quem manda no psd?
ou será que passos coelho tão ocupado com o governo fez um franchise para ceder o partido ao antigo lugar tenente de luis f. menezes?
convinha que se soubesse

luis cirilo disse...

Cara Vanda:
A situaçao politica mais do que tácticas exige estratégias sérias e compromissos bem feitos. Senão isto vai piorar e muito.
Caro Tobias:
É inequivoco que PPC tem de dar mais atenção ao partido. E depressa.

Anónimo disse...

se fossem sérios, e se o principal objectivo fosse fazer mesmo a reforma do estado, o mais simples e directo era Pedro Passos Coelho ligar a Antonio jose Seguro a solicitar um encontro com a presenca de Paulo Portas para combinarem os passos a seguir !

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
deixando de lado a questão da seriedade o procedimento devia ter sido esse que refere.