quarta-feira, dezembro 10, 2025

Partidos & Candidatos

É tão comum dizer-se que as eleições presidenciais não são partidárias como o saber-se que não é exactamente assim porque até hoje, e desde 1976, nunca um presidente foi eleito sem o apoio de um ou mais partidos.
Ramalho Eanes em 1976 com um apoio que ia do CDS ao MRPP passando por PS e PSD, o mesmo Eanes em 1980 com o apoio do PS e da esquerda, Mário Soares nas duas eleições com o apoio do PS e da esquerda (em 1986 , na segunda volta, com uma verdadeira geringonça ao seu lado), Jorge Sampaio eleito duas vezes por geringonças de esquerda a reboque do PS e depois Cavaco Silva duas vezes eleito com o apoio total do PSD e de de outros sectores do centro direita ao centro esquerda tal como Marcelo Rebelo de Sousa.
As presidenciais de 2026, não fugindo á regra excepto se elegerem Gouveia e Melo, trazem contudo algumas curiosidades.
Ao contrário do que aconteceu várias vezes no passado não haverá concentração de votos à esquerda (e muito menos desistência de candidatos) na primeira volta porque a esquerda é tão minoritária que em bom rigor essa concentração também não serviria para nada.
E assim Catarina Martins, António Filipe e Jorge Pinto irão a votos e de encontro ao inevitável e rotundo fracasso eleitoral. 
O que para o país é excelente, diga-se de passagem, porque dali nada de bom podia vir.
Mas está aí a primeira das curiosidades.
Candidatos minoritários, condenados a votação quase residuais, tem ainda assim um apoio claro e abrangente dos seus partidos o que também diz bem do estado de fraqueza desses partidos que não conseguem sair de votações muito reduzidas.
Apoios que se repetem com André Ventura e João Cotrim de Figueiredo, mas num cenário completamente diferente em relação aos anteriomente referidos, porque contam com o claro apoio de Chega e Iniciativa Liberal em ambos os casos com essas potenciais votações a abrirem-lhes claras expectativas, neste momento talvez mais a Ventura que a Cotrim, de estarem na segunda volta.
Deixando de lado Gouveia e Melo que não conta com apoio de partidos restam Marques Mendes e António J.Seguro.
Ou sejam restam PSD e PS.
E aí o panorama muda de figura em relação aos restantes candidatos com apoios partidários.
Muda muito em relação a Seguro porque até ao momento não só o PS esteve ausente da sua campanha como há figuras (António Costa, Santos Silva, Ferro Rodrigues, Vieira da Silva, Mariana Vieira da Silva e toda a ala afecta a Pedro Nuno Santos) e figurinhas (Marta Temido, Ana Gomes, Isabel Moreira, Francisco César, etc) que recusam apoia-lo e participarem na campanha.
Claro que conta com o apoio do chamado aparelho mas mesmo aí o entusiasmo não abunda.
E por isso as "águas" do eleitorado socialistas são aquelas onde todos os outros candidatos pretendem "pescar" o mais possível.
No PSD em relação a Luis Marques Mendes a situação é diferente, para melhor no interesse do candidato, mas está longe de reunir os consensos das candidaturas de Aníbal Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa.
Tem o apoio do aparelho, da direção nacional, das estruturas distritais, mas há um número significativo de importantes figuras do partido, incluindo vários ex líderes, que se mantém em silêncio e não se sabe sequer se participarão na campanha , se se limitarão aos "serviços mínimos" como uma institucional declaração de apoio ou se ficarão em silêncio.
E tudo isso já tem um significado cujo alcance neste momento não é possível perceber.
Cenários a acompanhar com interesse sabendo-se que a segunda volta poderá alterar rmuitos posicionamentos.
Da direita radical à extrema esquerda mas essencialmente naquele centro político onde tudo se decide.
Depois Falamos.

Sem comentários: