segunda-feira, abril 14, 2025

"Cultura"

Há em Portugal uma "cultura" instalada segundo a qual o Benfica tem de ganhar sempre.
É uma "cultura"partilhada na maior parte da comunicação social, na maioria dos adeptos, em diversos e importantes membros de vários governos e um pouco por todo o lado como é fácil constatar por exemplo nas redes sociais.
E quando não ganha a culpa nunca é dele.
É dos árbitros (embora seja fenómeno raro), do VAR (fenómeno mais raro ainda) , dos outros clubes que são todos um bando de desonestos e compram resultados, do Passos Coelho, do Donald Trump, das alterações climáticas e a mais recentemente até da Spinumviva.
No clube, na equipa, no orçamento principesco e nos ordenados obscenos de quem devia produzir mais e não produz é que nunca se encontram responsáveis pelos insucessos.
Ontem o Benfica empatou na Luz com o Arouca.
Cujo orçamento todo equivale ao ordenado do Di Maria!
Que é um bom jogador e que alinha numa equipa onde há vários outros bons jogadores como Aursnes, Kokçu, Pavlidis, Carreras, etc.
Todos eles juntos não conseguiram derrotar o Arouca e o resultado só não foi pior porque não calhou e Trubin não deixou.
Mas empataram.
Aos 67 minutos o árbitro António Nobre (parabéns pela coragem) assinalou uma grande penalidade contra o Benfica e nem os apelos desesperados do VAR , o conhecido e fervoroso benfiquista Luís Godinho, o demoveram da decisão tomada.
Foi penalti, foi golo, o jogo ficou empatado a um golo faltavam 23 minutos mais as compensações de tempo.
O Benfica voltou a marcar, ficou em vantagem mas não só náo foi capaz de a dilatar como nem sequer de a segurar e o Arouca aos 94 minutos (o árbitro dera 7 minutos de compensação embora se tenham jogado 11) voltou a empatar.
Ou seja o Benfica não ganhou e portanto havia que arranjar imediatas desculpas.
Desta vez foi o árbitro e o penalti que existiu mas que como transtornou os planos ao Benfica se transformou de imediato numa inexistência, numa heresia, num erro de dimensões históricas.
O "bombardeamento" começou pelas declaracões de Bruno Lage, continuou com o ridiculo comunicado do clube e  de lá para cá é o que se tem visto.
Nos canais televisivos com programas desportivos sobre os três chamados "grandes" (especialmente nesse abjecto CM TV), nas redes sociais, nas declarações de responsáveis é uma autêntica barragem de critícas sobre o árbitro António Nobre, mas que serve de aviso intimidatório a todos os outros árbitros, apenas porque marcou uma grande penalidade existente.
Percebe-se o mau empatar, percebe-se que a tal"cultura" assimila muito mal o insucesso mas percebe-se acima de tudo que o ruído em torno do jogo que já passou ,e cujo resultado não é alterável por mais ruído que façam, visa apenas preparar o jogo que está para vir pressionando desde já árbitros e VAR desse jogo, sejam quem forem, para não seguirem o exemplo de isenção de António Nobre.
Seria o cúmulo das ingenuidades não perceber isso.
Até porque em Portugal se "joga" assim há décadas e décadas especialmente quando a luta pelo título entra na sua fase decisiva.
Depois Falamos.

Nota: Um amigo meu desejava que para o próximo jogo do seu clube, que também é o meu clube, fossem nomeados árbitros estrangeiros. Estou certo que assim será. A minha dúvida é se será o búlgaro Luís Godinhov ou o francês Fabien Verissimô já que o bielo-russo John Pinheirovsky nao pode ser dado ter arbitrado o anterior jogo fora do adversário do nosso clube.

Sem comentários: