terça-feira, janeiro 25, 2022

Óscar Estupiñan

Todos quantos gostam de futebol, e por consequência tem um bocadinho de treinador de bancada, tem as suas preferências por este ou aquele jogador por razões muito próprias e que se prendem com a forma como se vê o jogo e como se gosta de ver jogar.
No Vitória , clube que teve ao longos dos anos muito e bons jogadores em todas as posições, houve sempre uma especial atenção aos pontas de lança não só porque decidem jogos mas também porque o clube tem uma larga tradição de excelentes executantes nessa posição tão especifica.
Bastará relembrar Alexandre Rodrigues, Edmur, Ernesto Paraíso, António Mendes, Tito, Jeremias, Paulinho Cascavel, Gilmar, Ziad, Saganowski, Soudani para se confirmar isso.
E por isso cada vez que chega um novo ponta de lança a curiosidade em seu torno é sempre muito grande porque existe a esperança de que venha dar sequência aos grandes goleadores do passado e marcar os muitos golos que podem significar muitos objectivos cumpridos.
Quando em 2017 o Vitória contratou um jovem colombiano chamado Óscar Estupiñan confesso que depois da natural curiosidade em o ver jogar veio uma particular sensação de que podia ser um excelente ponta de lança na linha dos anteriormente citados.
Vi vários jogos dele na equipa B e gostei, desde logo, das suas movimentações na área, da forma como tinha o instinto de baliza, do seu jogo aéreo , da garra que punha na sua forma de jogar.
E os números dessa primeira época confirmaram que havia razão para boas expectativas a seu respeito.
Participou em 19 jogos da equipa B (na II Liga é bom recordar) , marcou dez golos e fez cinco assistências.
Pela equipa A, sempre como suplente utilizado e por períodos de tempo normalmente curtos, foi utilizado 14 vezes e marcou um golo.
Para primeira época foram muito bons números.
E portanto a expectativa era que na época seguinte, 2018/2019, a sua evolução o levasse da equipa B para cada vez mais oportunidades na primeira equipa onde acabasse por se fixar uma vez completamente entrosado no nosso clube e no nosso futebol.
E o início de época até parecia apontar para isso, com a sua chamada à primeira equipa em oito ocasiões que se saldaram pela obtenção de dois golos, mas nada de mais enganador porque acabaria por emprestado ao Barcelona do Equador onde faria 11 jogos e cinco golos.
E manifestei a minha estranheza com este texto.
Isto enquanto no Vitória os pontas de lança Whelton, Tallo, Rincón e Guedes tinham o rendimento de que todos nos lembramos.
Pensava-se que no ínicio da época seguinte, 2019/202, seria o regresso ao Vitória mas uma vez mais não foi assim.
Emprestado ao Denislizpor da primeira divisão turca faz 12 golos em 32 jogos e confirma as suas qualidades de homem golo num campeonato que não sendo da primeira linha europeia é ainda assim bastante competitivo e marcado por ambientes efervescentes na maioria dos jogos.
Isto enquanto no Vitória os pontas de lança Bruno Duarte (10 golos), Bonatini (6) André Pereira (3), João Pedro(3) e Alexandre Guedes (2) deixavam claro que cabia mais alguém no lote de jogadores para essa posição.
Sem esquecer que Davidson (10 golos), João Carlos Teixeira (10), Edwards (9) e Tapsoba (8) ajudaram a disfarçar essa falta de golos dos pontas de lança.
Pelo que o regresso de Estupiñan para a época 2020/2021, findado o seu empréstimo ao clube turco, parecia óbvio.
E ele de facto regressou.
Para , apesar dos número atrás evidenciados, ser posto a treinar à parte com outros excedentários sem que o treinador Tiago Mendes alguma vez lhe tivesse dado uma oportunidade que fosse de mostrar o seu valor.
Há razões que a razão desconhece. Ou talvez não...
E por isso em Outubro desse ano escrevi este texto manifestando a estranheza pelo ostracismo a que estava votado enquanto os "potros",que alguém trouxe, Holm e Foster não marcavam um golo que fosse e Bruno Duarte estava longe de mostrar uma boa relação com as balizas.
Felizmente Tiago Mendes durou pouco no comando técnico da equipa e o seu sucessor, João Henriques, poucas semanas demorou até ter a curiosidade de ver esse ponta de lança que treinava à parte enquanto os pontos de lança da equipa se mantinham à parte das balizas!
Claro que depois de o ver nalguns treinos integrou-o de imediato no plantel ciente de que tinha ali uma solução para a falta de golos.
E logo no primeiro jogo Estupiñan confirmou isso marcando na Luz ao Benfica e dando início a uma sequência goleadora, aqui referida, que me levou a escrever esta reflexão em Fevereiro de 2021 responsabilizando o ex treinador e o ex director desportivo por uma decisão lesiva dos interesses do clube ao marginalizarem o jogador no início de temporada.
A história de lá para cá é mais conhecida.
24 jogos, nove golos e duas assistências na época passada (só começou a jogar em Dezembro) e na primeira parte da presente época já leva 9 golos e uma assistência em vinte jogos o que significa que em condições normais atingirá números bem mais significativos no todo da época.
Ou seja está realmente encontrado o ponta de lança que pode integrar-se naquela galeria que tanto nos honra e tantas saudades nos traz dos grandes homens golo da História centenária do Vitória.
Aos 25 anos de idade e em clara trajectória ascencional em termos de maturaridade futebolística e capacidade goleadora pode bem dizer-se que para Óscar Estupiñan o melhor ainda está para vir e o futuro apresenta-se-lhe bem risonho.
Se vai ser no Vitória, e por quanto tempo, isso já são outros contos...
Depois Falamos.

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