É um velho conceito, passado de geraçao em geração de vitorianos, que o amor ao Vitória se aprendia na "universidade" da Amorosa onde o clube teve casa nos anos que mediaram entre a saída do Bem-Lhe-Vai e o inicio de utilização do então denominado como estádio municipal.
Demolido em 1975 para dar lugar á urbanização da Conceição o campo da Amorosa é uma recordação distante para quem tem hoje mais de 50 anos e apenas uma referência histórica para os mais jovens que só conheceram o estádio D. Afonso Henriques.
Eu ainda tive o privilégio de conhecer a Amorosa.
Lá vi o meu primeiro jogo do Vitória(curiosamente o ultimo antes da mudança para o estádio)e depois lá vi dezenas ou centenas de jogos dos escalões de formação, do campeonato de reservas e muitos treinos da equipa principal.
Lá joguei com amigos, lá fui prestar provas aos escalões de formação, lá passei imensas tardes em animadas futeboladas no rinque onde o Vitória tinha conhecido jornadas épicas de hóquei em patins e onde o andebol do clube dera os primeiros passos.
Era um belo estádio para os padrões da época.
De onde se via bem futebol de qualquer bancada( a principal em madeira as outras 2 de pedra), que tinha um excelente pelado e uns balneários primitivos mas com uma vista fantástica sobre a cidade , o castelo e a Penha.
Era um campo muito dificil, como se pode avaliar bem pelas fotografias, para visitantes e equipas de arbitragem dada a tremenda pressão que os adeptos faziam ainda por cima com uma proximidade que nunca mais tivemos ao terreno de jogo.
Costa Pereira, guarda redes campeão europeu pelo Benfica,dizia que era o campo em que mais temia actuar (e lá perdeu muitas vezes) precisamente por causa do entusiasmo dos adeptos vitorianos e daquela nossa velha mania de não termos outro clube que não o nosso.
Creio que as caracteristicas muito próprias daquele campo, as grandes tardes em que o Vitória lá derrotou os três clubes de Lisboa e o clube do Porto num tempo em que isso era invulgar, e a presença em massa de adeptos dando o aspecto que as fotografias documentam em muito terá contribuido para o crescer da nossa mística e para a transmissão dos valores vitorianos de pais para filhos ao longo destes ultimos 50 anos.
Que saudades da nossa "universidade" da Amorosa.
Depois Falamos
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4 comentários:
"... outras 2 de pedra)"
Em terra batida e em degraus de longe
a longe.
Naquelas enchentes, em bicos de pés, a espreitar por entre cabeças e guarda-chuvas, essas armas que pela sua perigosidade foram proibidas de entrar nos recintos desportivos ; como era diferente o futebol.
Caro Anónimo:
É verdade.
Bem diferente mas acredito que em muita coisa bem melhor.
Por acaso ainda não tenho 50 anos e lembro-me bem do Campo da Amorosa. Não a ver jogos dos seniores mas dos juniores. E foi no ringue da amorosa que aprendi a andar de patins e pelos vistos bem, porque ainda sei andar.
Lembro-me também do caminho que dava acesso ao campo. Um caminho estreito em calçada portuguesa com silvas de um lado e de outro. E amoras... que boas eram.
Velhos tempos...
Francisco Guise
Caro Francisco:
Esse era io caminho oficial que começa na ponte de santa Luzia. Depois havia o oficioso: começava junto do estádio, subia monte acima e entrava-se por um dos buracos no muro causados pela erosão do tempo.
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