Esta fotografia, de 26 de Abril de 1974, traz-me gratas recordações de acontecimentos já muito distantes no tempo mas que marcaram indelevelmente não só a minha geração como as que se lhe seguiram face à importância de que se revestiram.
Retrata a primeira manifestação em Liberdade sucedida em Guimarães, protagonizada inicialmente pelos alunos do Liceu a que se juntaram posteriormente alunos de outros estabelecimentos de ensino, e que percorreu as ruas do centro da cidade apoiando o MFA e o derrube da ditadura.
Recodo-me bem do sucedido.
Nessa manhã, de 26 de Abril, vivia-se no liceu um ambiente de agitação face ao que se ia sabendo do sucedido em Lisboa e nem pensar em haver aulas porque os alunos e professores( uns por uma razão e outros por razão diametralmente oposta) estavam mais interessados em saber o que se passava do que em cumprir horários.
A meio da manhã os alunos mais velhos, e mais politizados digamos assim, juntaram o resto dos colegas no recreio dos rapazes (é, os recreios eram separados por género) e propuseram fazer uma manifestação pelas ruas para apoiar o golpe de estado e a conquista da liberdade.
E assim foi.
Centenas de alunos marcharam pelos corredores, ultrapassaram a ténue tentativa de oposição de alguns professores, e sairam para a rua dando vivas ao tudo e a mais alguma coisa.
Muralha abaixo, já com alguns alunos do colégio Egas Moniz incorporados, a primeira paragem foi no colégio de Nossa Senhora da Conceição (exclusivamente para alunas) onde as freiras responsáveis pelo estabelecimento aterrorizadas por aquela manifestaçao espontânea fecharam portas e janelas a sete chaves e impediram as alunas de sairem.
Depois a manifestação percorreu as principais ruas da cidade (Alameda, Toural, Santo António e Gil Vicente) até à Escola Industrial (actual Francisco de Holanda) onde foi reforçada com mais umas centenas de aderentes terminando a sua marcha, se bem me lembro, no Toural.
Foi a primeira manifestação de estudantes, e uma das primeiras a nível nacional, de apoio ao 25 de Abril em todo o país e mereceu justo destaque na imprensa da época.
Foi há muito tempo...
Depois Falamos.
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