sexta-feira, abril 09, 2021

Encomendas

Cartoon de Miguel Salazar

Não tenho muito mais a acrescentar aquilo que já disse no programa "4àGRANDE" do zerozero.pt acerca da triste intervenção do jornalista Rui Santos(RS) no programa "Tempo Extra" da SIC-N naquilo em que se referiu ao Vitória.
Farei apenas uma sintese que servirá, muito provavelmente, para memória futura.
Do discurso de RS são claramente perceptíveis três intenções que o próprio não disfarça.
Uma é apresentar o Vitória como um "paraíso" económico até à tomada de posse de Miguel Pinto Lisboa (MPL) chegando o jornalista a afirmar que este herdou o clube sem incumprimentos nem dívidas (!!!) o que mostra bem o quanto desconhece a realidade e o quão pouco rigoroso foi na análise do que lhe papaguearam ao ouvido.
Porque herdar um passivo de quase 30 milhões e não ter dívidas é uma proeza que nem o mais reputado Nobel da economia consegue.
E se MPL herdou um " paraíso" (quem teria interesse em passar semelhante informação a RS...) há agora que passar a ideia que desde Julho de 2019 o clube passou a um "inferno" apresentando como grande exemplo disso o facto "horrível" de os salários de Janeiro terem sido pagos apenas em 12 de Março o que sendo ou não verdade ( a SAD o esclarecerá) é algo de perfeitamente normal no nosso futebol especialmente em tempo de pandemia com a brutal queda de receitas que todos os clubes sofreram como é bem sabido.
A segunda intenção tem três objectivos em simultâneo: Um é criar alarmismo no tecido social do clube  outro acusar a SAD e MPL de má gestão e ,porque não dizê-lo, de incompetência e outro ainda insinuar a necessidade de o Vitória mudar de presidente.
E por isso se fala da antecipação de receitas como uma calamidade de tal ordem que os "...18 ME  podem nem chegar até ao final da presente época..."(mas sem explicar porquê) , por isso insiste que o clube ficará sem receitas televisivas até Junho de 2024, por isso se reitera que o próximo presidente (falou mais que uma vez em próximo presidente)  se verá sem essas receitas.
Ou seja apresenta o clube como estando em grandes dificuldades, quase na falência, referindo como quem não quer a coisa que até "há clubes que correm o risco de fechar" e semeando o tal alarmismo que serve os propósitos de quem lhe serviu o  enredo.
E logo a seguir, para reforçar a crítica à "má gestão", fala dos pedidos de insolvência da empresa do Deco (esquecendo-se oportunamente de referir que já foram retirados) , dos ordenados de Carlos Freitas e Ricardo Quaresma como realidades muito acima das possibilidades do clube e que iriam ajudar a precipitá-lo no abismo, de uma lista de 70 jogadores contratados pelo clube no actual mandato (esquecendo-se de referir que o Vitória tem três equipas profissionais e que o actual mandato já vai na sua segunda época desportiva o que podendo não justificar tantas contratações pelo menos atenua significativamente o impacto do número) concluindo que o Vitória deu "passos maiores que a perna" e que a contratação de Quaresma "não estaria ao alcance das possibilidades do clube".
Ou seja a gestão é incompetente e meteu-se em aventuras é o que RS pretende concluir de todo o arrazoado.
Devendo aqui dizer-se que sendo ou não verdadeiros os valores do contrato de Quaresma a sua divulgação é uma autêntica bomba atirada para dentro do balneário como muito bem sabe qualquer pessoa que perceba um mínimo de futebol.
E percebe-se bem qual a intenção de atirar essa bomba.
Obviamente que face a tudo isto, se fosse tudo verdade (mas está muito longe de o ser felizmente para o Vitória e infelizmente para RS e para os que lhe foram contar historinhas), o Vitória estaria muito mal servido de presidente e necessitaria de mudar o mais depressa possível.
E a pressa de RS , ou melhor dizendo  dos seus inspiradores, é tanta que a certa altura até disse que "... o Vitória tem eleições em Março, jã não falta muito tempo..." como se um ano fosse um mês e as eleições estivessem à porta quando em boa verdade ainda falta cumprir um terço do actual mandato.
Mas para que os vitorianos não tivessem dúvidas sobre a necessidade de mudarem de presidente o jornalista ainda faz uma elencagem das "vítimas da presidência" nomeando Ivo Vieira, Tiago Mendes, Al Musrati e Joao Henriques.
Admirando-se por o primeiro ter cumprido 34 jogos , ter ficado em sétimo e não ter renovado mas não dizendo que para o Vitória o sétimo é um lugar miserável e que o treinador não renovou porque não quis quando o Vitória lhô propôs.
Ignorando que Tiago Mendes não foi vítima nenhuma porque saiu porque quis, ao fim de três jornadas, e depois de ter tomado decisões quanto a jogadores que foram gravosas para o clube bastando referir a decisão de não querer Estupiñan na equipa e mandando-o treinar à parte. Se RS quisesse ser verdadeiro diria, isso sim, que o Vitória e a presidência é que foram vítimas do treinador.
Quanto a Al Musrati afirmou que "...saiu a custo zero vá-se lá saber porquê..." mas não esclareceu (ou não sabia ou esqueceram-se de lhe dizer...) que saiu a custo zero porque acabou contrato e não quis renovar como tantaz vezes acontece com tantos jogadores em tantos clubes.
Finalmente em relação a João Henriques não conseguiu explicar em que é que um treinador que nos últimos dez jogos perdeu seis e ganhou apenas um foi "vítima" mas também não era preciso porque importava era apresentar MPL como um carrasco de jogadores e treinadores.
A terceira intenção, acredito que não de RS mas dos que estão por trás da sua infeliz dissertação e de quem ele foi "porta voz", é claramente destabilizar o clube, agravar a crise da primeira equipa, comprometer desde já a próxima época desportiva e fazer perigar o futuro.
Misturando verdade com mentiras, contando meias verdades e meias mentiras, espalhando o alarmismo, destabilizando o balneário, assustando patrocinadores, parceiros estratégicos e possíveis futuros reforços com a imagem de um clube à beira da desgraça e que será incapaz de cumprir os seus compromissos.
E isso, em tempos tão difíceis como os que se vivem em que encontrar patrocinadores é muito complicado face ao aperto em que as empresas se encontram, em que encontrar um parceiro estratégico que queira comprar uma posição minoritária no tecido accionista da SAD implica da parte deste grande confiança na instituição em que vai investir, em que os jogadores potencialmente reforços do clube são certamente assediados por outros clubes com melhores argumentos financeiros e sem programas televisivos a tentarem arrasar a sua credibilidade, isso, dizia, é arrasador e pode ter efeitos tremendos no futuro próximo do Vitória.
Daí a minha indignação enquanto vitoriano.
Porque percebo bem que isto, mais outros factos que se tem passado recentemente (pedidos de insolvência, processos judiciais, castigos insólitos como a interdição do estádio quando houve público, declaraçoes do pateta que preside à Liga quanto a uma decisão do Tribunal da Relação favorável a adeptos do Vitória, etc) , mostram que há um ataque concertado ao clube por parte de gente e instituições que não gostam dele e que farão tudo para o reduzir à insignificância.
E quando o Vitória é atacado só há uma coisa a fazer: Defendê-lo!
O resto, nomeadamente esclarecer as mentiras e explicar números (do passivo a outros mas não os salários dos jogaodres que fique claro) e decisões (compra de acções e antecipação de receitas), deve ser tratado nos sítios próprios que são as assembleias gerais do clube da SAD.
E quanto mais depressa melhor.
Depois Falamos.

P.S. Naturalmente que para provar o quão premeditado e pérfido tudo isto foi  bastará constatar que nem o jornalista nem a SIC-N alguma vez contactaram o Vitória para ouvirem os esclarecimentos que entendessem necessários e confirmarem as informações que lhes foram sopradas. Importava era despachar a "encomenda" conforme recebida. E assim foi!

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