Leio na página de Facebook "Economia do Golo", do meu amigo Vasco André Rodrigues, que me merece toda a credibilidade que a principal promessa de António Salvador na sua recandidatura a presidente do Sporting de Braga é um investimento de 60 milhões de euros (totalmente da responsabilidade do clube) para reconversão do estádio 1 de Maio para este voltar a ser a "casa" do clube nas competições da sua primeira equipa.
Confesso que fiquei perplexo. E por várias razões que a seguir enumero:
1) Ao que sei o estádio é propriedade do município de Braga pelo que investir 60 milhões em algo que não é pertença do clube me parece insólito salvo contrapartida não visível. Há essa contrapartida?
2) Sendo o estádio propriedade da Câmara acha esta nomal esta que o actual arrendatário faça um investimento tão significativo sem querer assegurar a posse do mesmo? Ou vamos ter mais uma doação sob forma de concessão ou outra qualquer?
3) Permite o estado financeiro do Sporting de Braga semelhante investimento num imóvel que não lhe pertence quando já tem um, de borla, que preenche todos os requisitos necessários à alta competição?
4) Precisa Braga de ter dois estádio modernos, e um deles que já foi caríssimo e vai andar a ser pago durante gerações, para um único clube? Vai jogar alternadamente num e noutro?
5) Se Braga fosse como Guimarães que tem dois clubes( Vitória e Moreirense) na primeira liga e quatro (Vitória B, Pevidém, Berço e Brito) no campeonato de Portugal ainda se conseguiria perceber a necessidade de dois estádios modernos mas a verdade é que não tem, nem nada que se pareça, o que aumenta a estranheza.
Mas a questão vai mais longe.
Recordo-me de em 2002 e 2003, por força do cargo público que então ocupava, ter acompanhado de muito perto tudo que se relacionava com os preparativos para o Euro 2004 no distrito de Braga e nesse contexto ter mais que uma conversa com o então presidente da câmara de Braga- Eng. Mesquita Machado- em que este me garantiu peremptoriamente (o que fez também face ao governo de então e ás entidades ligadas à organização da prova) que o estádio 1 de Maio não podia ser remodelado para as necessidades de uma prova daquela dimensão e por isso seria necessário construir um novo estádio na cidade de Braga.
O que veio a acontecer com a construção da "Pedreira" cujo preço final duvido que alguém saiba exactamente qual foi mas que seguramente mais que triplicou o orçamento inicial constituindo um ónus brutal para o município de Braga durante as próximas décadas.
É certo que passaram quase vinte anos e as técnicas de engenharia evoluiram mas duvido muito que aquilo que se quer fazer hoje não fosse possível fazer naquela altura o que me leva a concluir que não se fez porque não se quis dado que o objectivo era mesmo construir outro estádio.
Não farei nenhum tipo de especulação sobre isso, sobre a razão porque se quis fazer novo estádio embora tenha uma ideia bem consolidada sobre o assunto, mas constato que num país em permanente crise financeira e em que falta tanta coisa de essencial parece que em Braga nunca falta dinheiro para gastar em estádios!
Mais de cem milhões na "Pedreira" e agora mais sessenta milhões (se o orçamento for respeitado o que por aqueles lados nem sempre acontece) no 1 de Maio naquilo que é uma evidente megalomania de quem parece viver noutro país bem mais próspero do que o nosso.
E considerar megalomania é a versão mais "light" que consigo encontrar para caracterizar o projecto em causa.
Depois Falamos.
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