Vivemos em Portugal, na Europa e no mundo tempos estranhos, tempos de dificuldades, incertezas e medos proporcionados por estes avisos que de vez quando nos chegam quanto à fragilidade da raça humana perante fenómenos e doenças com que a natureza castiga a nossa falta de sensatez.
Tempos em que o Covid-19, nascido na China mas rapidamente propagado a todo o mundo, infecta e mata pessoas, abala economias , suspende eventos de todos os géneros, obriga os governos a restrições de vária ordem , remete milhões de pessoas para quarentenas obrigatórias, fecha escolas, encerra fronteiras e tudo o mais que por aí se vai vendo e temendo.
Neste contexto é difícil falar de futebol.
Porque tendo o futebol a importância que tem, que é inegável e de
todos conhecida, face à pandemia em curso acaba por não ter importância quase
nenhuma mesmo sabendo-se o impacto económico, e não só, que a suspensão de
campeonatos e provavelmente do próprio Europeu terá.
Hoje os principais campeonatos da Europa estão parados (Inglaterra,
Espanha, Itália, Alemanha, França,
Portugal, etc) e os que ainda não decretaram a suspensão acabarão por terem de o fazer face à
disseminação do vírus.
Decisões correcta de Federações e Ligas depois de uma fase inicial de
indecisão em que optaram, nalguns casos, pelos jogos à porta fechada perante a
indignação de jogadores, treinadores e adeptos que por diferentes razões não
gostam de ver bancadas vazias dado considerarem, todos, que o espectáculo
existe em função dos espectadores.
Não havendo espectadores...não há espectáculos!
Escrevia atrás que vivemos tempos de incertezas, incertezas a todos os
níveis, e no que ao futebol concerne essas incertezas passam essencialmente por
não se saber quanto tempo estarão as competições suspensas nem se elas sendo
reatadas (o que não é muito provável) o serão a tempo de concluir normalmente a
época futebolística.
E não sendo, que é o mais provável repito, são muitas as interrogações
sobre aquilo que acontecerá em termos de apuramento de campeões, apurados para
a Liga dos Campeões, para a Liga Europa e subidas e descidas de divisão em
todos os campeonatos que estão neste momento parados.
Não há, o que tem de se entender como natural, nada decidido sobre
essa matéria face à invulgaridade da situação mas é assunto que já se vai
discutindo no seio de federações e ligas porque haverá um tempo em que vai ser
preciso decidir e, de preferência, decidir bem.
Pessoalmente entendo que a decisão deve ser da UEFA (embora esta
entenda que ainda não é tempo de discutir isso o que se entende) e aplicar-se
por igual a todos os países em idênticas circunstâncias.
Seja homologando as classificações à altura da suspensão, o que me
parece claramente preferível, seja anulando os campeonatos desta época com a
carga de injustiça que isso encerra para os competidores, seja outra solução
qualquer.
Importa é que seja igual para todos.
Perdidas nestes problemas globais, bem sérios, quase passou
despercebida a vinda à superfície, via denúncia jornalistica (público, RTP,
etc) , de algumas das mais graves doenças que afectam desde há muito o nosso
futebol.
Corrupção, tráfico de influências, falsificação da verdade desportiva.
Primeiro através das denúncias do ex
árbitro Jorge Ferreira e depois com as declarações de vários árbitros no
activo denunciando as pressões de que são alvo para favorecerem Benfica, Porto
e Sporting bem como as punições de que são alvo quando tem actuações que
desagradam a esses clubes e que passam, inclusive, por nomeações para jogos de
outros campeonatos (nomeadamente em paises do Oriente) e consequentes ausências
do campeonato português para gáudio desses três clubes.
Isto a par de situações de compadrio, da falsificação dos testes
físicos e técnicos que os árbitros fazem regularmente de molde a favorecer uns
e a desfavorecer outros ao sabor dos fretes que se prestam, ou não, a fazerem.
Mas pior ainda, e que mostra bem o nível de corrupção e falsidade
desportiva a que as nossas competições estão votadas, é a revelação por esses
árbitros (e todos eles já prestaram declarações ao Ministério Público pelo que
as autoridades não poderão alegar desconhecimento) sobre as aldrabices
protagonizadas a nível de VAR nomeadamente com a colocação das famigeradas
linhas de fora de jogo consoante convém ou não validar o golo por parte do VAR
de serviço e ao serviço dos chamados “grandes”.
Já todos que vemos futebol sem palas de há muito que sabíamos que o
VAR em Portugal não veio para ajudar à verdade desportiva mas sim para dar a
mão a quem já tinha a mão noutros instrumentos de desvirtuação da verdade
desportiva.
Já todo tinhamos estranhado, e muito, a forma como os VAR para lances
iguais tinham decisões diferentes consoante a cor das camisolas ou como nuns
lances intervinham chamando a atenção do árbitro e noutros rigorosamente iguais
parecia que tinham ido à casa de banho e não viam nada precisamente por não ser
do interesse das tais camisolas que vigorosamente defendem.
Há sempre o célebre penalti de Rúben Dias sobre Davidson para ilustrar
uma dessas vergonhosas omissões apenas explicáveis por árbitro e VAR quererem
defender os interesses de um clube em detrimento da verdade desportiva.
Já todos sabíamos que era uma impossibilidade absoluta que homens que
de apito na boca favoreciam sempre os mesmos, inclinando substancialmente
terrenos de jogo, uma vez sentados no conforto dos gabinetes da cidade do
futebol se tornassem por artes mágicas em protagonistas isentos e sérios da
avaliação dos lances.
Já todos estranhávamos, muito e de há muito, o tempo que alguns lances
demoravam a ser visionados ocasionando inaceitáveis interrupções do jogo por
cinco, seis minutos (houve um jogo em que chegou aos oito) para , pensava-se,
analisar minuciosamente os lances quando afinal era para o VAR dar indicações
ao operador de imagem sobre o sítio onde deviam ser colocadas as tais linhas de
molde a anular ou validar o golo conforme os interesses dos clubes que o VAR
servia.
Clubes esses, repito, que segundo o depoimento dos árbitros são
Benfica, Porto e Sporting apenas e só.
O futebol português é uma mistura de pântano, lodaçal e esgoto com um
fedor a corrupção que é completamente insuportável e que exige das autoridades
uma exaustiva investigação e uma punição exemplar para quem promove a corrupção
e dela beneficia.
Quis o destino, e bem, que pela lamentável razão da doença que assola
o mundo o campeonato português esteja suspenso por tempo indeterminado.
Uma boa oportunidade para tratar, e erradicar o mais posssível, as
doenças que o afligem e que tornam impossível as coisas continuarem como estão e,
até, reatar o campeonato com um mínimo de credibilidade.
Haja coragem de investigar sem olhar a cores e emblemas.
Haja coragem de ir ao fundo das questões.
Haja coragem de ir até ás últimas consequências doa a quem doer.
E haja a coragem, também, de não nos tentarem convencer que a culpa de
tudo o que se passa é de um qualquer Paulo Gonçalves desta vida.
É que ano após ano, com raras excepções, a classificação do
campeonato, o campeão, os apurados para o pote de dinheiro da Liga dos Campeões
tem outros nomes que não esse.
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