segunda-feira, janeiro 19, 2015

Olivença

Na recente, e muito publicitada, conversa entre Cristiano Ronaldo e Marcelo Rebelo de Sousa o jogador afirmava a determinada altura que uma das coisas que mais o impressionava na cultura espanhola é a forma como os espanhóis valorizam o que é deles.
Tem razão!
Porque os espanhóis valorizam (e promovem) o que é deles mas também o que não é deles e gostavam que fosse e ainda o que sendo deles não devia ser.
Complicado?
Eu explico.
Quanto à valorização e promoção do que é deles bastará atentar no facto de Espanha ser o terceiro destino turístico do mundo para perceber até que ponto levam a sério a questão da valorização das suas potencialidades.
Quanto ao valorizarem o que não é deles mas gostavam que fosse temos dois casos paradigmáticos:
Gibraltar e a zona económica em torno das portuguesíssimas ilhas selvagens, situadas no arquipélago da Madeira, que os espanhóis tudo tem feito para que sejam consideradas águas internacionais e não zona económica exclusiva de Portugal face à riqueza dos bancos de pesca nelas existentes e não só.
E há ainda o terceiro caso, que está na origem deste texto, e que tem a ver com territórios que são de Espanha (mas não deviam ser) e dos quais Espanha não abre mão.
Ceuta e Melilla, situadas em África e reivindicadas desde sempre por Marrocos (curiosamente uma situação idêntica a Gibraltar mas neste caso já Espanha não reconhece como válidos os argumentos que ela própria utiliza para tentar recuperar a posse do enclave britânico), e Olivença.
Olivença que era território português e que Espanha ocupou em 1801, num episódio lateral à chamada "Guerra das Laranjas", e que nunca mais devolveu a Portugal pese embora as tentativas diplomáticas feitas ao longo dos anos por sucessivos governos portugueses.
Acresce ainda o facto de em 1817, no "Congresso de Viena", Espanha se ter comprometido a devolver Olivença a Portugal mas nos 198 anos seguintes tem-se feito esquecida desse compromisso que então assinou.
Ainda hoje Portugal, e muito bem, continua a não reconhecer a a anexação de Olivença por Espanha pelo que se pode considerar que continua em aberto uma questão com dois séculos de idade e que provavelmente se arrastará por muitos anos mais.
Até porque em Portugal continuam a existir correntes de opinião e vários movimentos a defenderem o regresso de Olivença a território nacional e certamente que é questão que não vão deixar cair nem reivindicação pela qual vão deixar de lutar.
E muito bem.
Depois Falamos

4 comentários:

luso disse...

Em termos de justiça, Espanha apoderou-se ilegalmente de Olivença, e contra a vontade dos próprios Oliventinos foi promovendo a cultura espanhola, que incluiu a proibição de falar português.

Mas, passados mais de 200 anos a situação é irreversível, incluindo para os tais Oliventinos que lá moram.

Por isso, é bom que Portugal tente cultivar e preservar o que resta de vestígios e cultura portuguesa em Olivença, coisa que será mais fácil se não nos batermos contra moinhos de vento.

Tudo o resto é folclore

luis cirilo disse...

Caro luso:
Concordo parcialmente consigo quanto à irreversibilidade da situação em termos práticos. Só não concordo totalmente porque me acho incapaz de prever o futuro e ele pode trazer surpresas nessa matéria. Até porque ao contrário de Portugal estou longe de crer na unidade de Espanha a longo prazo. E o desmembramento do estado espanhol em vários países (Catalunha, País Basco, Galiza...)pode acarretar outras alterações.

il disse...

Os espanhóis têm orgulho no seu país, porque não tiveram/têm uma cambada de maçons a destruir-lhes a alma. Em Portugal essa organização tudo fez para derrubar monumentos, queimar manuscritos e derreter arte sacra -é só ver o história da Custódia de Belém.
Viva Portugal !

E Ribadouro e arredores :))))

luis cirilo disse...

Cara il:
Acredito que apesar das divergências regionais, das autonomias que querem ser independências e de outros factores existe em Espanha uma auto estima que não existe em Portugal.
Onde somos melhores a criticasrmo-nos uns aos outros do que a valorizarmos o que temos perante terceiros.