Li este livro logo em 2006 quando ele foi publicado.
Descrevia (e descreve) na perfeição um triste período da História deste país quando um governo que estava a governar bem, e tinha o suporte coeso de uma sólida maioria parlamentar, foi derrubado por uma coligação constituída por um Presidente da República fraco, de carácter oscilante e muito influenciado pelos amigos, pela maior campanha de mentiras que alguma vez se fez neste país contra um governo e contra um primeiro-ministro e por algumas pessoas do PSD que ao sabor dos seus interesses pessoais não se importaram de colaborar activamente no derrube de um governo liderado pelo seu próprio partido.
Vivi, enquanto deputado, alguns dos episódios narrados no livro desde as reuniões conjuntas dos grupos parlamentares de PSD e CDS em que foi manifestada total solidariedade e apoio ao governo até aos jantares em S.Bento em que o primeiro ministro abriu a porta da residência oficial aos deputados muitos dos quais, como era o meu caso, nunca lá tinham entrado.
Agora , passados dezasseis anos sobre os acontecimentos e catorze sobre a primeira leitura do livro, reli-o já com um distanciamento temporal muito maior mas no essencial mantendo exactamente a mesma opinião sobre o seu conteúdo sendo que a presente leitura é valorizada na perspectiva global por tudo que se passou desde então.
Desde o governo que sucedeu ao derrubado nesse autêntico golpe de Estado (Portugal não se pode esquecer nunca que Jorge Sampaio derubou o governo de Pedro Santana Lopes criando condições objectivas para a subida ao poder de José Sócrates trágico erro que vai ser literalmente pago por várias gerações) até ao percurso de alguns que ajudaram à sua queda.
Nesse aspecto especifico, e agora que estamos em plena pré campanha presidencial, é particularmente esclarecedor o que se pode ler a partir da página 337 num capítulo intitulado "Marcelo e os Outros". Porque nele se percebem duas coisas fundamentais: Uma é que a colaboração de Marcelo com o PS não é de agora e a outra que as suas ambições presidenciais vinham de há muito tempo ao contrário do que o próprio sempre defendeu.
Passados catorze anos desde a primeira leitura gostei francamente de o reler.
Porque este período de tempo passado e tudo que nele aconteceu ajudou, como atrás referi, a perceber ainda melhor o que este livro descreve.
E não deixa de ser sintomático que se tenham passado algumas coisas que o seu autor já nele tinha previsto.
Por isso, e pelo resto, vale a pena lê-lo ou relê-lo.
sábado, junho 06, 2020
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