A que a pandemia do covid-19 deu a sua ajuda face à forma discriminatória como o governo tratou o assunto, em termos de ocupação de espaços públicos, permitindo à esquerda o que a esta muito bem quis e lhe apeteceu e usando de um rigor bem diferente para as pregrinações a Fátima ou o festejo dos Santos Populares para já não falar do desporto em geral e do futebol em particular.
E isso radicalizou as pessoas à esquerda e à direita.
Mais do que a favor ou contra o governo, que é a "radicalização" normal nas sociedades democráticas, há hoje um extremar de posições entre as "Causas" que uns defendem e outros contestam sejam elas de esquerda ou de direita e tendo como máximos protagonistas o PCP, o BE e o Chega.
Que de alguma forma nesta dialéctica de confronto tem vindo a "apagar" os outros partidos parlamentares com o PS a deixar correr, porque lhe interessa que se discuta o acessório, e os partidos à sua direita cada vez mais perdidos nas suas contradições e incapazes de tomarem posições com a firmeza necessária em matérias como o vandalismo de estátuas que é uma agressão à nossa História multissecular.
E por isso vão passando em "voo de pássaro" a remodelação do ministro das finanças a meio da discussão de um orçamento rectificativo, o veto de vários países a turistas portugueses (por alguma razão será...), a reabertura das fronteiras de Espanha com outros países mas não com Portugal, o disparar dos números da pandemia em Lisboa precisamente a zona do país onde o governo mais transigiu com os folclores de CGTP,PCP e BE, a maior divida pública de sempre, a pusilanimidade do governo perante a esquerda, e por aí fora.
E enquanto o país discute Trump, Bolsonaro, a estátua do Padre António Vieira ou os dislates dos anti racistas de pacotilha não se discutem as tais outras matérias que tão inconvenientes para o governo são.
E porque a oposição que o devia ser, e especialmente o partido que a devia liderar, há muito trocou o registo de oposição pelo de colaboração, sem agora se conseguir disso livrar, assiste-se a um crescer do Chega nas sondagens porque para muitos portugueses ele é de facto o único partido que faz uma oposição que incomoda o primeiro ministro, o ministro para os assuntos presidenciais e o restante governo.
Tal como à esquerda com as provas de força que tem dado, porque fazem o que querem e lhes apetece, quer PCP quer BE seguram os seus eleitorados e piscam o olho ao novos eleitores e aqueles que no PS querem uma política mais à esquerda.
Chega, PCP e BE são os vencedores destes tempos de pandemia e colherão o fruto disso em próximas eleições.
O Chega crescendo exponencialmente à direita , o PCP mantendo o seu eleitorado (já não pode aspirar a mais que isso) e o BE crescendo muito por força dos tais novos eleitores e dos que sonham com uma solução à espanhola (PSOE e Podemos) para depois de 2023.
O PS, esse, ficará tranquilamente com o seu eleitorado "normal" e esperando que com ele venham ter os eleitores moderados do centro que preferem uma maioria absoluta dos socialistas do que o PS dependente do BE e/ou do PCP para governar.
Contando com uma poderosa máquina eleitoral, recolhendo os benefícios dos quinze milhões de euros que investiu na comunicação social e que "Venezuelizam" a informação, o PS se não cometer grandes erros caminhará para uma quase inevitável maioria absoluta que apenas a crise económica poderá impedir.
Creio que em 2023, por este caminho, o PSD ficará reduzido ao seu núcleo duro de votantes e a larga distância do PS, o CDS prosseguirá o seu acelerado caminho para a irrelevância e a Iniciativa Liberal dificilmente crescerá para lá do que já tem pelo que o centro direita atravessará a sua maior, e mais duradoura, crise de sempre.
Aguardemos pelos próximos capítulos.
Depois Falamos.
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