Não será cometer um enorme exagero afirmar que uma parte do eleitorado que elegeu Marcelo Rebelo de Sousa como presidente da República está hoje desiludido com o seu mandato e dificilmente voltará a confiar-lhe o seu voto.
Desiludido com a proximidade ao governo, desiludido com a banalização do cargo, desiludido com a excessiva exposição mediática.
Essencialmente desiludido com a cumplicidade total com António Costa e com uma não menos total incapacidade de se demarcar do governo seja no que for que tenha um mínimo de relevo e importância.
Desiludido por considerar que MRS deixou de lado quem o elegeu e se juntou aos que foram seus adversários.
A verdade é que ser assim é uma boa parte da sua História de vida como aqueles que quiserem fazer um apelo à memória facilmente constatarão.
No PPD esteve com Sá Carneiro e contra Sá Carneiro só por um triz não tendo abandonado o partido aquando da cisão das "Opções Inadiáveis" fazendo o jogo dos adversários políticos do seu próprio partido.
Quando Pinto Balsemão foi para o governo ficou a dirigir o Expresso e tantas tão poucas fez, como o celebérrimo "lélé da cuca" dirigido a Balsemão que além de primeiro ministro era seu patrão no jornal, que este para acabar com esse foco de oposição acabou por levá-lo para o governo tirando-o da direccção do Expresso.
Nos dez anos de Cavaco Silva nunca este lhe deu a mínima hipótese de nada não o convidando para o governo, para orgãos do partido ou para qualquer outro lugar. Por evidente falta de confiança política.
Nos governos de José Manuel Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, que com ele tinham estado na "Nova Esperança" nos anos 80, não só não foi convidado para nada como foi um autênco lider da oposição a esses governos através do seu espaço de comentário na TVI em que arrasava semanlmente os executivos do seu próprio partido.
Foi , aliás, um dos grandes responsáveis pelo golpe de estado protagonizado por Sampaio, quando este demtiu um governo e uma maioria coesos para dar lugar ao PS e a José Sócrates, através daquele episódio burlesco em que se armou em vítima do ministro Rui Gomes da Silva.
Com Pedro Passos Coelho, uma vez mais, foi mantido á distância e tão à distância que o então líder do PSD nem o queria para candidato presidencial como é sabido.
Constata-se, pois, que de seis primeiros ministros do PSD houve cinco que o mantiveram tão longe quanto possível e o sexto apenas o chamou para perto para resolver um problema no seu próprio jornal e nada mais.
E portanto este dar a mão de Marcelo ao PS, este estar do lado oposto aqueles que o elegeram (e onde o eleitorado PSD esteve em peso), esta persistência nas "Danças com Lobos" não é de agora, é de sempre e teve como única e óbvia excepção o tempo em que MRS liderou o PSD.
Ele é assim.
"Habituem-se" diria Jorge Coelho.
Depois Falamos.
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