No meu anterior artigo para para o zerozero tinha deixado em aberto
três curiosidades, que como os Três Mosqueteiros afinal eram quatro, sobre como
seria este recomeço do campeonato tão atípico nas condições em que se está a
disputar.
Decorridas já duas jornadas ( e à hora a que escrevo este texto já se joga
o Marítimo-Gil Vicente da terceira jornada pós recomeço) creio que já é
possível fazer um primeiro balanço sobre as dúvidas então suscitadas.
Creio que a primeira curiosidade que então referi- como reagiriam as
equipas mais habituadas a jogos com público a estádios vazios- já permite uma resposta.
Estão a reagir muito mal!
O Porto, que liderava à altura da interrupção e continua a liderar
agora, teve uma reentrada titubeante perdendo em Famalicão e depois vencendo
com muitas dificuldades o Marítimo e apenas mantendo a liderança porque o
adversário directo na luta pelo título ainda conseguiu fazer pior.
O Benfica com dois empates, e um deles abençoado pelo São Xistra, está
a ter um recomeço de época penoso e que só não é pior porque , como atrás foi
dito, o Porto também não reentrou da melhor forma.
Pior que eles só o Braga.
Que sendo e continuando a ser terceiro classificado perdeu os dois
jogos disputados e foi alcançado pelo Sporting naquela que se prevê uma luta
renhida pela posição.
O regresso e a troca de treinador estão a ter um preço alto para os
bracarenses.
O Sporting foi, porventura, a equipa das que habitualmente tem mais
público (recordo que em minha opinião são Benfica, Porto, Sporting, Vitória e
Braga) aquela que reagiu melhor à sua ausência nas bancadas quer pelos
resultado alcançados quer porque nos último meses o seu público foi algumas
vezes a razão primeira da intranquilidade da equipa.
Um empate em Guimarães, também ele com a benção de São Xistra (duas
jornadas de péssimas arbitragens deste apitador em fim de carreira) e um
triunfo em Alvalade frente ao Paços de Ferreira num jogo em que o empate seria
o resultado mais adequado permitiram aos “leões” igualar o Braga no terceiro
lugar.
Finalmente o Vitória.
Muito habituado ao grande ambiente no seu estádio e a deslocações em
que os seus adeptos o fazem jogar em “casa” na maioria dos jogos fora o Vitória
não reagiu bem ao vazio das bancadas,
Um empate caseiro com o Sporting em que perdeu dois pontos e outro
empate forasteiro face ao Belenenses num jogo em que a sua superioridade foi
total em todos os ca+ítulos do jogo menos nos goloas marcados e por isso perdeu
mais dois pontos.
Sim, os estádios sem público nivelaram o campeonato embora as
dificuldades destas cinco equipas não sejam apenas em função da falta de
adeptos a apoia-las.
A segundo curiosidade- efeitos físicos da prolongada paragem- tem
tido, felizmente, uma resposta positiva e sem nada a assinalar em termos do tão
receado aumento de lesões musculares a exemplo do sucedido, por exemplo, na
Bundesliga.
Nota-se que as equipas não estão, nem podiam estar, na sua melhor
condição física e que alguns jogadores acabam as partidas em notórias dificuldades
mas não tem havido sequelas desse esforço e isso é naturalmente muito bom.
A terceira curiosidade- influência da regras das cinco substituições-
é aquela que neste momento é mais difícil de avaliar embora me pareça que não
só não tem tido grande influência nas estratégias de jogo como ainda há
treinadores que não conseguiram adaptar-se a ela não esgotando as substituções
e não tirando partido de todas as possibilidades que ela oferece.
Tem sido até algo penoso, nalgumas casos, ver jogadores quase a
arrastarem-se em campo e os seus treinadores com substituições disponíveis não
as aproveitarem para refrescarem as equipas.
A quarta curiosidade – se bancadas sem público melhorariam o
desempenho dos árbitros- é aquela que permite uma resposta mais concludente ao
fim de apenas duas jornadas disputadas.
Não, não melhoraram.
Carlos Xistra ( em dois jogos favorecendo Sporting e Benfica), Nuno
Almeida (com uma arbitragem horrível no Famalicão-Porto não vendo três grandes
penalidades) e Tiago Martins (no Rio Ave-Paços de Ferreira) tiveram trabalhos
fraquissímos , ao nível do que fazem em jogos com público, provando que o
problema não está na pressão das bancadas.
Foram os que erraram mais mas outros errando menos também ajudaram a provar que o problema
é bem mais profundo do que considerar-se que erram por causa da pressão do
público.
Verdade se diga que nalguns casos os respectivos VAR ( e esses nunca
tem pressão do público pelo que os seus múltiplos erros também não podem ter
responsabilidades assacadas aos espectadores) não os ajudaram da melhor forma
sendo simplesmente incrível como não viram alguns lances que com toda a
tecnologia ao seu dispor é impossível...não terem visto.
Ao fim de duas jornadas apenas não é possível dizer muito mais sobre
as questões que tinham suscitado curiosidade antes do recomeço da prova.
Digamos que aquilo que até agora se viu representa mais tendências do
que certezas consolidadas a que apenas o decorrer das oito jornadas em falta
permitirá acrescentar conclusões definitivas.
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