Não vou cair no que seria o enorme exagero de considerar que em Portugal a Liberdade está em risco, porque (ainda) não está, mas há sinais na atmosfera política e mediática que não são nada tranquilizadoras para quem tem o desejo de viver num estado democrático com regular funcionamento de todas as instituições.
Incluindo o valor fundamental que é a existência de uma comunicação social livre, isenta e independente do poder político.
E , aí sim, há coisas que estão a correr francamente mal.
Desde logo o facto de por dificuldades essencialmente económicas terem, nos últimos anos, fechado vários jornais com o que isso representa de perda em termos de espaço de informação e de pluralismo opinativo.
Depois a situação actual.
Em que por força dos efeitos da pandemia, em tempos mais recentes, mas também da proliferação das redes sociais, dos jornais on line, dos sites de informação a imprensa escrita (mas também rádios e até televisões) foram sentindo problemas financeiros em crescendo o que os tornou cada vez mais vulneráveis ao poder económico e dentro do poder económico aquele que é controlado pelo poder político.
E nessa matéria o PS, que teve desde sempre uma enorme apetência pelo controle da comunicação social, está actualmente em roda livre (face à debilidade da oposição) numa tentativa desenfreada de controlar tudo e todos.
Desde logo pelo poder do dinheiro.
E nesse poder realçam-se os quinze milhões de euros para subsidiar a comunicação social, ou seja para a tornar dependente de um governo perante o qual se posicionam de mão estendida, com a fatia leonina a ir para SIC e TVI (tendo já o controle da estatal RTP o governo faz o pleno das televisões porque também para a CM TV vai uma tranche) mas abrangendo a quase totalidade da comunicação social com as honrosas excepções dos jornais on line "Observador" e "Eco".
E é com esse controle tutelar do governo que se assistem a problemas com os programas das jornalistas Sandra Felgueiras e Ana Leal cujas reportagens incómodas para o governo foram silenciadas em fases diversas.
É com ele, controle, que se assiste a um proliferar de comentadores políticos de esquerda e ao enxamear das redacções com jornalistas ideologivamente de esquerda e extrema esquerda com a consequente repercussãono pluralismo e isenção informativa.
E por isso o alinhamento dos telejornais é cada vez mais favorável ao governo e à esquerda que o apoia enquanto outras forças políticas com ou sem representação parlamentar são relegadas para posições secundárias ou nem aparecem na maior parte dos serviços noticiosos.
Isto ao mesmo tempo em que a líder do Bloco de Esquerda tem um mediatismo televisivo absolutamente escandaloso, muito superior ao que a dimensão do partido justificaria e aparecendo em quase todos os telejornais por tudo e regra geral por nada.
Não admirando pois, mas merecendo severa censura pelo escândalo que constitui, a romaria de membros do governo por programas de entretenimento, das "Cristinas " aos "Gouchas", num massacre televisivo próprio de um regime totalitário mas indigno de uma democracia.
Não esquecendo, porque não é assunto menor, a presença obsessiva nos telejornais do Presidente da República e do Primeiro Ministro que estão (ou pelo menos parecem) em permanente e descarada campanha eleitoral própria de uma qualquer Venezuela mas indigna de Portugal.
Em Portugal a Liberdade não está em risco.
Mas é legítimo pensarmos, enquanto cidadãos, que a Verdade está sob grave ameaça com laivos de totalitarismo a penderem sobre ela.
Depois Falamos.
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