Já foi suficientemente visto, analisado e comentado o resultado das
últimas eleições autárquicas que se saldou por uma clara vitória
do PS, por um derrota do PSD, uma grande derrota da CDU e a
estagnação autárquica do Bloco de Esquerda com quem
definitivamente os portugueses nada querem em termos de autarquias.
Também se sabem as consequências dos resultados.
No PS nada se passou, nem tinha que passar, porque quando um partido
ganha eleições isso normalmente corresponde à escolha de
estratégias e protagonistas acertados pelo que dos felizes não
costuma rezar a História.
Na CDU também não se passou nada porque em bom rigor lá nunca se
passa nada seja qual for o resultado eleitoral porque desde sempre
cantam vitória mesmo nas maiores e mais estrondosas derrotas como
foi a de um de Outubro passado.
Enquanto noutros partidos (leia-se PSD e PS) a perda de um terço das
câmaras municipais provocaria um autêntico terramoto interno que
descambaria na deposição do líder, em congressos antecipados e na
eleição de novos dirigentes nos partidos da CDU nada disso
aconteceu.
No PCP porque existe a tal cultura de nunca assumir derrotas seja
qual for o resultado e nos “Verdes” porque à queda dos actuais
orgãos suceder-se-ia inevitavelmente a eleição das mesmas pessoas
para os mesmos cargos porque as coisas...são o que são.
No Bloco de Esquerda a derrota , a estagnação, a rejeição das
suas soluções autárquicas foi recebida com um silêncio e um
assobiar para o lado que tem sido a imagem de marca do partido desde
que se associou à geringonça e perdeu o “pio” que outrora era
diário,insistente e até incomodativo.
No PSD, o partido mais português de Portugal, é que as coisas foram
substancialmente diferentes na forma como o resultado foi recebido e
interpretado e no desfecho a que isso conduziu.
Como é sabido o líder, agora de saída, Pedro Passos Coelho
entendeu não ter condições para se recandidatar a novo mandato e
com a serenidade que sempre foi a sua imagem de marca anunciou que
uma vez terminado o seu mandato não seria candidato à reeleição.
Sem dramas, sem emotividades, considerando que era tempo de terminar
este ciclo de liderança no qual dirigiu o partido durante seis anos
,e o país durante quatro, em tempos reconhecidamente difíceis e de
grande esforço pessoal face a situações que nunca evocou, mas que
são conhecidas, da sua vida pessoal.
A História lhe fará a devida justiça em relação ao que foi a sua
acção neste período na certeza de que o partido e o país voltarão
a contar com ele mais dia menos dia ultrapassado um período de
inevitável afastamento da vida política.
Em bom rigor este afastamento de Passos Coelho deve-se a uma leitura
pessoal da situação política e do que entendia serem as suas
condições para exercer com êxito a liderança nos próximos anos e
não a pressões dispersas e pouco significativas de alguns
militantes que se achando ilustres e credores de privilégios que a
todos os outros não são reconhecidos passaram os últimos largos
meses/anos mais preocupados em criarem condições para afastarem o
líder do que empenhados em ajudarem o partido a ganhar as
autárquicas.
Felizmente não faltará oportunidade para julgar esses
comportamentos em próximos actos eleitorais internos!
Vai agora o PSD escolher o seu próximo líder através de eleições
directas em que todos os militantes terão direito de participarem
sendo parte integrante da escolha.
Como é sabido estão já anunciadas duas candidaturas ,nas pessoas
de Pedro Santana Lopes e de Rui Rio, não sendo de excluir (embora
considere pouco provável que isso venha a acontecer) que ainda possa
aparecer mais uma outra candidatura cuja legitimidade será tão
inegável quanto a sua inutilidade no que concerne a efectiva opção
para a liderança por parte dos militantes.
Não faltará certamente oportunidade para em próximos textos me
pronunciar sobre estas eleições, sobre estas candidaturas e sobre
estes candidatos mas hoje , de uma forma genérica, direi apenas que
o próximo líder do PSD para além da óbvia preocupação em
construir uma alternativa política ganhadora a esta geringonça que
por ai anda vai ter ter de se preocupar também, e muito, com o
próprio partido e com aquilo que entendo dever ser a sua
reorganização ideológica e organizativa.
Reforçar nas suas propostas externas e no programa eleitoral que vai
construir, para em 2019 ser sufragado pelos portugueses, a nossa
inequívoca matriz social democrata de molde a disputar ao PS um
espaço político ao centro que é onde se ganham eleições.
Mas também reflectir e tomar medidas na organização interna do
partido.
Estatutos, regulamentos, inerências, incompatibilidades e outras
matérias e temas cuja reforma não pode ser adiada sob pena de o
partido se anquilosar (ainda mais…) em torno de práticas e
“praticantes” que impedem o bom funcionamento dos orgãos e a
abertura do partido a mais militantes e mais participação dos
mesmos na direcção do partido desde os núcleos às distritais.
Assunto a que também voltarei com detalhe um destes dias.
P.S. Nunca gostei de tabus. E por isso assumo gostosamente que nas
próximas directas apoio sem reservas e com entusiasmo a candidatura
de Pedro Santana Lopes.
2 comentários:
Caro Cirilo:
Concordo completamente consigo que a 1ª tarefa do próximo líder deverá ser : «o próprio partido e com aquilo que entendo dever ser a sua reorganização ideológica e organizativa.»
Isto é para uma equipa de bastidores, mas eficaz e efetiva -nada de deixar passar as malandrices dos 'amigos'.
Outra -com o líder à cabeça-, terá a luta política quotidiana, mas também o matraquear de meia dúzia de ideias a meter nas cabeças chochas da carneirada.
E já agora Pedro Santana Lopes tem 3 votos!: o dele, o seu e o meu.
Pedrocas!
Pedrocas!
Pedrocas! :-)
Cara il:
Terá o dele, os nossos e o da maioria dos militantes assim se espera
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