Sabia-se que era um jogo difícil mesmo depois de se constatar que o Marselha, que no fim de semana defronta o PSG, resolvera poupar alguns titulares no seu onze inicial a pensar nesse compromisso de campeonato.
Sabia-se também que para o Vitória poder manter um mínimo de aspirações ao apuramento teria de pontuar neste jogo sob pena de remeter para a calculadora as suas hipóteses de continuar na Liga Europa já que em termos de lógica elas ficariam arredadas.
Sabendo tudo isso o Vitória até entrou bem no jogo, procurando jogar a toda a extensão e largura do relvado e sendo de sua autoria os primeiros lances ofensivos da partida o que parecia traduzir uma ambição de discutir taco a taco o resultado.
É certo que com o resultado em 0-0 Miguel Silva fez uma monumental defesa, quando os franceses já gritavam golo, o que terá (?) servido de alerta aos vitorianos para o perigo das mudanças de velocidade do Marselha muito e especial nos lances pelo seu flanco direito.
Mas depois, numa excelente (e infelizmente única...) jogada de contra ataque, o Vitória chegou ao golo num lance em que João Aurélio acelerou pelo seu flanco, serviu Héldon e este fez um cruzamento perfeito ( infelizmente também único...) daqueles que os pontas de lança agradecem e foi isso mesmo que Rafael Martins fez com um desvio pleno de oportunidade.
Naturalmente que o Marselha reagiu mas Miguel Silva e a defesa foram resolvendo os problemas até ao lance em que um marselhês apareceu sozinho no coração da área a restabelecer a igualdade o que tem bom rigor tem de se considerar como justo.
Ao intervalo o resultado de 1-1 não era injusto e a exibição do Vitória tinha de se considerar como sendo de bom plano e deixando boas perspectivas para o segundo período.
Infelizmente na segunda parte o Vitória quase desapareceu do jogo limitando-se a defender e dando todo o espaço de construção ao adversário que não se fazendo rogado foi construindo sucessivas jogas de perigo perante uma defensiva vitoriana em que o atabalhoamento parecia ser cada vez mais a palavra de ordem.
E foi então que se entrou em pleno mistério das substituições.
Quando aos 63 minutos com o empate vigorar (um resultado que nos servia) saiu Francisco Ramos, depois de uma exibição discreta, foi com surpresa que se viu entrar Hélder Ferreira-um extremo a juntar aos dois que já estavam em campo- em de Célis que dotaria o meio campo de mais "músculo",mais combatividade e mais capacidade de ter bola.
Inexplicável.
Até porque Hélder Ferreira andou perdido no campo sem saber muito bem onde se posicionar.
E logo a seguir outra substituição difícil de perceber.
Sai Rafael Martins, que não denotava problemas fisícos, para entrar ...Texeira.
Ponta de lança por ponta de lança vá-se lá saber porquê quando o que faria sentido era entrar Célis para o tal reforço da intermediária mesmo que isso implicasse (caso se mantivesse a saída de Rafael Martins) jogar sem ponta de lança fixo e ter três homens -Hélder,Raphinha,Héldon- a jogarem soltos na frente.
Entretanto o Marselha faz o segundo golo, num lance em que a defesa vitoriana foi apanhada "distraída", e que faz Pedro Martins em desvantagem no marcador e sabendo que precisava desesperadamente de pontuar?
Mete Célis e tira Rafael Miranda, trinco por trinco, não arrisca nada e deixa no banco Rincón que bem podia ter refrescado o ataque no lugar de um discreto Raphinha ou um "desaparecido" Héldon que mal se viu em todo o segundo período.
Completamente inexplicável esta gestão da equipa por parte do treinador.
É certo que o Vitória no único remate digno desse nome no segundo período-por Wakaso- quase chegava ao golo mas convenhamos que isso daria ao marcador uma expressão que seria completamente injusta face ao que foi o jogo na segunda parte.
Em suma uma muito má segunda parte do Vitória que somada aos erros de Pedro Martins valeu uma derrota e o quase inevitável adeus à Liga Europa num grupo em que tínhamos todas as hipóteses de ficar apurados se a nossa equipa fosse uma das melhores da última década como às vezes se ouve dizer por aí.
Depois Falamos
2 comentários:
É certo que eu já não gostava muito das substituições de Rui Vitória quando treinava cá, pareciam sempre pré-programadas ou/e em abono de colocar jogadores na montra e nunca na lógica da acção/reacção ao jogo que deve ser o motivo para as substituições (sem menosprezar problemas de lesões cartões ou mudanças tácticas radicais).
Também é certo que Sergio Conceição nos habituou mal pois era muito reactivo e muitas vezes assertivo nas substituições.
E se no ano passado P.Martins disfarçava este problema que tem porque tinha um banco melhor e um 11 muito melhor, este ano estamos a assistir ao PIOR treinador que me lembro ao nivel das substituições. Das duas uma: ou P.Martins não sabe, não tem competência e (pior) não quer aprender a fazer substituições... ou...são todas, mas todas "encomendadas" para efeitos de marketing!
Caro Francisco Guimarães:
Para mim uma das principais competências que diferencia os treinadores é precisamente a capacidade de "lerem" o jogo e mexerem na equipa em função disso.
Os exemplos que refere nunca mostraram que essa fosse uma das componentes mais fortes dos seus perfis de treinadores embora em circunstâncias diferentes e com condicionalismos diversos. Embora Rui Vitória muitas vezes mexesse bem na equipa como,por exemplo, na final de taça de 2012/2013 em que ganhou o jogo a partir do banco contra um Benfica que tinha mais e melhores soluções.
Pedro Martins, infelizmente, mexe quase sempre mal. Nas substituições e nas convocatórias.
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