quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Grândola...


“Grândola Vila Morena” é provavelmente a mais conhecida, que não a melhor em minha opinião, das músicas de José Afonso.
Ela simboliza, em termos musicais, o 25 de Abril e a reconquista da Liberdade pelo povo português depois de 48 anos de ditadura.
“Grândola” é um hino á Liberdade.
Mas mais do que isso é também um hino á luta contra a ditadura, a falta de liberdade de expressão, a ausência de muitos direitos individuais e colectivos.
É por isso perfeitamente aberrante que uma canalhada que por aí anda, que enche a boca com a Liberdade mas tenta praticar a ditadura, cante essa musica para impedir o direito á livre expressão por parte de governantes legitima e democraticamente eleitos.
Aconteceu com Passos Coelho, com Miguel Relvas (por duas vezes)e com Paulo Macedo.
Até agora…
Porque é evidente que a palhaçada vai continuar até ao dia em que o estado de Direito resolva defender-se desses aprendizes de ditadores e os trate com a firmeza necessária nem que seja com umas saudáveis bastonadas pelas costas abaixo!
E nesse dia lá vai essa canalhada encher a boca com a liberdade.
A mesma liberdade que negam aos outros!
Depois Falamos

P.S. Escusam de vir os moralistas de serviço pregarem o direito das pessoas a manifestarem-se, os malefícios da tróica, o curriculum universitário do ministro ou a insatisfação com o governo.
Não é nada disso que está em causa.
“Apenas” a Liberdade!

15 comentários:

Anónimo disse...

Um grupo de cientistas decide fazer experiências com um Português deram-lhe anestesia e retiraram-lhe 1/4 do cérebro.
Quando acordou, começou a cantar:
- Dunga, dunga! Dunga, dunga!
De seguida, os cientistas deram-lhe de novo anestesia e retiraram-lhe mais 1/3 do cérebro, e este continuou:
- Dunga, dunga! Dunga, dunga!
Decidiram então retirar-lhe o resto do cérebro. Deram-lhe anestesia, e, quando este
acordou começou a cantar:
- Grândola Vila Morena, Terra da Fraternidade ..........

Pedro disse...

Caro Cirilo,

Tem alguma razão no que escreve, no entanto, quando o alvo principal é o Relvas, não consigo censurar o povo. As pessoas estão fartas de gente daquela estirpe, do xico-esperto, do alpinista social, quando o país está num lamçal.

Já agora, no que concerne à tão apregoada liberdade de expressão, o Relvas é o pior exemplo, basta pensarmos no caso Antena 1, o jornal Público e na RTP. Os outros levam por tabela:)

Abraço

il disse...

A campanha de ódio está instalada. As palavras de ordem são as do PCP/Intersindical e os métodos também. Perante aquelas BESTAS QUADRADAS, lembro-me dos comícios e reuniões boicotadas, na pancadaria -Alemanha 1933. Degladiavam-se o NSDAP e o KPD. Ganhou o 1º, mas se fosse o 2º teria sido o mesmo resultado prático.

1926 - Portugal mandou «lixar» os bancos credores(depois de uma bancarrota c.20 anos antes) -resultado o país não conseguia importar/comprar 1 batata. Finalmente veio o António por ordem na 'coisa pública'. A bestialidade e a irracionalidade têm sempre o mesmo resultado.

Mas afinal que esperar de um país em que 85% dos habitantes entre os 21 e os 45 não são, mentalmente, adultos!

Se me der o seu mail mando-lhe uma fofoca inimprímivel. Anda à volta disto.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Estranha cirurgia essa...
Caro Pedro:
Gostar ou não de Miguel Relvas é um direito de todos. Impedi-lo de falar é um direito de ...nenhuns.
Cara il:
Tem toda a razão. Para lá caminhamos.
Mail:lcirilo2@gmail.com
Mande a fofoca sff

Anónimo disse...

Falemos então de liberdade.
A liberdade de um cidadão de se sentir indignado pelas mentiras da campanha eleitoral, a liberdade de sentir vergonha com quem nos representa, a liberdade de usar a voz, a pequena voz que se tem numa situação em que se é ouvido.
Voltemos à vergonha, que vergonha para um estudante ter o ministro relvas numa universidade a dar uma palestra, a vergonha de ter o mesmo ministro num clube de pensadores...
Voltemos à liberdade, o governo e ministro que acumula casos com jornalistas...
E por fim a suprema vergonha de um governo cego. Digo-lhe do baixo da minha ignorância que a história se vai encarregar de colocar no sítio certo este governo: incompetente, ignorante, defensor de interesses, não prestando o mínimo de atenção aos cuidados do país, dando toda a atenção a um punhado de gente amiga.
Isso sim é ir contra a liberdade.
A minha voz não se calara nem que seja para calar num palco em que o possa fazer quem nos palcos em que ninguém o possa calar me insulta a inteligência, a dignidade, com propaganda reles.. E veja que quanto a propaganda relas não sou eu que o digo' leia Pacheco Pereira que basta.
Por último, defender o indefensável é tornar-se indefensável...
Esta registado que quanto a ideais ou mesmo ideias o respeito que teria ou poderia ter com as suas morrem por aqui.
Si não vê quem não quer, e quem calou relvas fez mais pela liberdade que alguma vez o sr. Fará.
A mesma liberdade esta em risco sim, pela ignorância, pela falsidade, pela propaganda de um bando de clubistas partidários de duas organizações que deveriam fazer vergonha a quem a elas pertencem.
Uma sugestão de amigo: acorde e veja o mundo à sua volta.
Rui Sousa

Defreitas disse...

A educação à cidadania deveria merecer um esforço pedagógico, baseado na aprendizagem dos direitos e dos deveres do cidadão.

Conhecer a lei é ser livre. Mas não existem liberdades sem Justiça. Mas quando esta é corrompida pela sua complacência e a sua cobardia, servil com os poderosos e implacável com os fracos, refletindo os vícios que esmagam o conjunto dos membros que compõem esta sociedade, o vocábulo "justiça" não designa mais que uma administração e nunca a virtude cardinal conhecida sob o nome de Justiça.

O Direito não existe sem justiça, Caro Amigo. A justiça humana está à imagem daqueles que são supostos fazê-la e aplicà-la; ignorante, incompetente, pervertida, pretensiosa para lá mesmo do ridículo dos trajes com se vestem os altos dignitários desta instituição.

Como é possível manter a ordem e garantir o direito à liberdade de expressão quando a triste imitação de justiça não respeita ela mesmo as suas próprias regras?

Infelizmente assistimos hoje à injustiça em vez da justiça, Ela é a obra duma classe totalitária dominante, financeira ou outra, desumana , viciosa e escravizante. E à medida que as injustiças se desenvolverem na sociedade, o risco existe de graves conflitos que poderão levar à emergência de regimes duros.

Mas não me parece que a situação da nossa sociedade em 2013, seja comparável à sociedade alemã em 1933, aquando da queda da Republica de Weimar. E se não me parece que o capitalismo financeiro selvagem que desequilibra hoje a sociedade ocidental, seja comparável à ideologia nazi , também os povos dos países democráticos não deixarão evoluir a situação sem combate.

Freitas Pereira

Anónimo disse...

Vai ser cantada até aos liberais ao serviço do capital serem postos na rua. Rua com essa escumalha.

Não, não sou comunista...

Rogério disse...

Pois falemos de democracia!
De que democracia falamos quando existem neste pequeno talho de terreno que é Portugal com apenas pouco mais de 10.000.000 de habitantes, DOIS MILHÕES DE POBRES?
E… Diz o Artigo 1.º da Constituição da República Portuguesa: Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Então, onde estão os arautos da democracia para garantir democracia e cumprimento da constituição para estes 2.000.000?
Ou será que consideram a pobreza como forma digna de viver?
De que democracia falamos quando milhares de famílias estão a ver-se obrigadas a abandonar e entregar as suas casas aos bancos por incapacidade de pagamento. Isto quando a banca continua a apresentar lucros líquidos de milhões de euros. Só o BES apresentou um resultado líquido de 96,1 milhões de euros em 2012.
Ponto 1 do Artigo 65.º da Constituição da República Portuguesa: Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.
De que democracia falamos quendo centenas (se não milhares) de jovens estão a ser impedidos do ao acesso ao saber pois as suas famílias não têm condições para os financiar na universidade?
Ok. Falemos de coisas concretas. Tem uma amiga (o nome não vem ao caso) que acabou em 2012 o 12.º ano. O lógico, seria entrar na faculdade. Seria!... a família fez as contas ao orçamento, contabilizou as propinas, a residência, a alimentação, as viagens… concluíu que a coisa ia ser negra. Mas a rapariga tinha o direito a seguir os seus estudos. A minha amiga por sua vez percebeu que ia sobrecarregar e submeter a família a um enorme sacrifício e por sua iniciativa decidiu encerrar os estudos por aqui e tentar encontrar um emprego. Por felicidade, nos dias de hoje, conseguiu um emprego em Outubro. Claro que acalenta a esperança de no futuro ter condições para entrar então na universidade e concluir o curso a que devia ter direito.
Neste mesmo país, onde isto se passou, existem famílias que põem os seus meninos a estudar nas universidades de Inglaterra, França, EUA… alojados principescamente, com carro, mesada e sei lá que mais. Que fique claro que nada tenho contra o cada qual estudar onde e como quiser e nas melhores condições, mas… que raio. Que mal fez a minha amiga à democracia para não poder estudar sequer no seu país?
Ponto 1 do Artigo 43.º da Constituição da República Portuguesa: É garantida a liberdade de aprender e ensinar.
Onde estão os novos arautos da democracia para garantir o cumprimento da Constituição e da democracia à minha amiga?
De que democracia falamos quando cerca de 1.400.000 portugueses não têm acesso ao emprego, e sem esse emprego, muitos deles estão impedidos de ter uma vida digna?
Caro Luís Cirilo, face ao que se passa neste país atualmente, estes exemplos são ainda escassos, mas podemos ir por aí adiante.
Mais ainda! Diz também a Constituição da República Portuguesa, Artigo 21.º: Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.
Sou de opinião de que infelismente, chegamos a este estado: Os direitos, as liberdades e garantias (e até o dinheiro, pela carga excessiva de impostos) estão a ser roubados todos os dias. A justiça está pelas ruas da amargura e como tal… cabe ao povo exercer efectivamente o Artigo 21.º da constituição da República. E os prevaricadores são claramente os governantes, estes e os que os antecederam.
E depois… De que democracia falamos? Da do Relvas? O mesmo de demonstrou todo o seu conceito de democracia no “caso Público”? Por favor…

Rogério disse...

Cara IL,
Peço desculpa mas não posso deixar de fazer uma achega ao seu comentário.
Isso porque enunciou uma serie de situações como sendo obra daquelas “BESTA QUADRADAS” e claro a destilação de ódio tinha que ir de encontro ao PCP e à CGTP. Há se fosse possível dar cabo deles… Tudo bem, eu entendo, estou habituado e durmo bem para esse lado.
Mas eu queria só lembrar-lhe que recorreu a um tempo e a uma região tão distantes para exemplificar a violência, quando não tinha necessidade.
Ou se esqueceu ou olvidou e como tal eu chamo a atenção para os exemplos de violência num tempo bem mais recente e neste mesmo país onde de repente a palavra democracia passou a ter um significado tão importante:
Assim sem grandes recursos aos apontamentos históricos, posso lembrar-lhe que só entre Maio e Agosto de 1975, foram levados a cabo 105 assaltos, 34 atentados à bomba, 20 incêndios provocados, 5 apedrejamentos e 3 atentados a tiro. E olhe que não foram as bestas quadradas de que fala. Sabe… O PCP foi a vítima principal. Mais de 120 destas acções terroristas foram levadas a cabo contra sedes e elementos do PCP e da CGTP-IN. Inclusive a sede do PCP em Braga foi totalmente queimada.
Em Abril de 1976. Foi assassinado o Padre Max e a sua companheira de viagem. Olhe que não foram as tais bestas quadradas.
Talvez na sua escola política não lhe tenham proporcionado as condições para conhecer todos os factos e situações de violência, mas olhe que isto também faz parte da história. (Não é estória).
Cumprimentos.

Marco Ribeiro disse...

Bravo!

Excelente texto. Estou totalmente de acordo.

il disse...

Caro Rogério:
Esses atentados foram a segunda vaga. A primeira foi o assalto, o espancamento de militantes e a destruição de sedes do CDS e PPD.
Lembro-me de um congresso do PPD no Porto, em que as bestas de serviço -e não eram do Porto- arrastaram congressitas femininas pelos cabelos, enquanto os masculinos eram selvaticamente sovados; ou um comício em Beja onde espancamentos brutais e fugas pelso telhados -~há vivos que foram vítimas.

Vivia em Lisboa, onde não ser da extrema esquerda era sinal de caça aberta 365 dias no ano, pelos tais 'democratas'. Recordo a Universidade que frequentei à época, ninho dos tais'democratas' onde as notas eram dadas de acordo com o militantismo de extrema esquerda; onde a primeira presidente da associação de estudantes do PSD foi brutalmente sovada -já em meados dos anos 80- em plena faculdade e com os tais a participar, ou a nada ver!

Todos temos o direito à opinião, não à destruição eNUNCA AO BRANQUEAMENTO!

Quer que eu lhe diga quem disparou de dentro do quartel de Lanceiros contra os Comandos no 25 de Novembro? Não era português nem militar! Era dos tais , mas internacionalista!

luis cirilo disse...

Caro Rui Sousa:
Tanto palavreado e tão pouca razão. Porque não é o senhor que confere ou retira legitimidade a um governo ou a um governante a não ser através do voto. O resto,sim,é propaganda de quem sabe que não tem razão. Porque a Liberdade não permite censura. Nem restringir o direito á livre expressão.
Caro Freitas Pereira:
Filosoficamente estou de acordo consigo sem sombra de duvidas. Mas na prática o argumento da falta de Justiça(que é infelizmente verdadeiro)não pode abrir as portas a injustiças de vária ordem. Como usar a nossa liberdade para coartas a liberdade dos outros.
Caro Anónimo:
Não é comunista mas é clandestino!
Caro Rogério:
Concordo com muito do que diz. Mas este caminho da restrição da liberdade dos governantes só por se entender que governam mal é perigosissimo porque vai levar a radicalizações e extremismos condenáveis. Hoje não os deixam falar. Amanha batem-lhes. e a seguir? julgamento poplar e fuzilamento?
QUanto ao comentário que faz á il não responderei porque ela é bem capaz de por si só retorquir.
Caro MArco:
Obrigado.
Cara il:
Subscrevo.

Rogério disse...

Cara IL:
Pretendi apenas fazer-lhe notar que não era necessário recuar tão longe no tempo e na região para encontrar e exemplificar a violência política e que… essa prática não é um património exclusivo da esquerda. Ou se lhe soar melhor, das “bestas quadradas” .
No entanto, a IL voltou à carga tentando reescrever a história, e recolocando a acentuação precisamente na questão que me levou a intervir no seu primeiro comentário.
E permita-me que lhe diga cara IL, que a forma como o fez, daria para uma longa (e provavelmente, interessante e interminável) discussão. No entanto, e porque longo e com recurso a factos históricos, este não é o espaço ideal e julgo que nenhum de nós teria (pelo menos pela parte que me cabe) tempo e disponibilidade para o manter.
A IL foi pelo caminho mais simples. Juntou tudo no mesmo pacote, embrulhou e despachou. Mas olhe que a análise desses acontecimentos merece muito mais que esse simples despacho.
Assim, vou tentar apenas dar-lhe a minha opinião (completamente diferente da sua) de forma mais ou menos resumida.
1.º - Seguindo a sua perspectiva das vagas, então eu digo-lhe que não se tratou da segunda vaga mas sim da terceira. A primeira durou 48 anos e foi de uma dureza e atrocidades arrepiantes. Também eu conheço e tenho como amigos e camaradas alguns dos que sofreram na pele essa ferocidade do regime fascista. Foram 48 anos de opressão, perseguição, repressão, miséria, mordaça, obscurantismo…
2.º - Seria eu muito ingénuo se acreditasse que a violência política só tem um lado. No entanto a tal primeira vaga de que fala, facilmente se percebe. Para isso apenas temos que nos situarmos no tempo e nas circunstâncias. É óbvio que houve excessos. Tal como há em qualquer revolução. Não é difícil de perceber que um povo amordaçado e oprimido durante 48 anos, tenha soltado toda a sua revolta nos primeiros tempos seguintes ao derrube do opressor. Com certeza com alguns excessos mas, mas não há transições revolucionárias perfeitas. E no caso português… foi quase perfeito. Pois foi realizada sem o recurso a armas e a sangue.
3.º - Confundir este tipo de violência pós derrube de uma ditadura com a violência objectiva, organizada e direcionada politicamente como a que aconteceu ao longo do ano de 75 protagonizada pela direita, é inquinar desde logo qualquer debate sobre o assunto.
4.º - Um conhecimento mais profundo da história do PCP (que a IL não tem que ter, como é óbvio, mas que se torna indispensável para se esgrimirem argumentos neste assunto) permitir-lhe-á constatar que o PCP, mesmo na sua longa resistência à ditadura fascista, sempre pautou a sua conduta pela acção política. Nunca colocou a violência ou a luta armada como opções de luta ou resistência. Praticou sim, algumas acções de sabotagem, através da ARA, já nos finais da ditadura. Mas essas acções foram devidamente direccionadas contra alvos militares (da NATO inclusive) e como forma de demonstrar a vulnerabilidade do regime. O grupo aramado que existia nesse tempo era o PRP-BR. Mas não se confunda com o PCP.
Aliás, é curioso que o PCP é acusado de ser o promotor da violência pela direita e de inação e opção pela via democrática, traindo assim a revolução, pela extrema esquerda. Curioso não é? É acusado inclusive de não ter avançado violentamente contra o 25 de Novembro, como era sua obrigação. Afinal quem tem razão?
Ainda hoje, muitos pseudo-revolucionários acusam o PCP de ser um partido acomodado à institucionalidade por não apoiar uma via de insubordinação popular contra o estado actual do país. A IL acusa-nos do contrário. Bem… afinal somos radicais violentos ou acomodados?

continua...

Rogério disse...

...continuação
5.º - Mas… sobre essa tal primeira vaga. Como lhe digo atrás, é fácil meter tudo no mesmo pacote, embrulhar e despachar. Se viveu esse tempo, há-de com certeza lembrar-se que quem se movimentava muito bem nas faculdades e as agitava profundamente era uma espécie de “seita” supostamente radical e de princípios maoistas que se auto-proclamava “educadores do povo”. Entre os ilustres lideres ou membros desta espécie de “seita” e que efectivamente defendiam a violência como forma de “educar” ideológicamente, neste caso os estudantes, pontificavam nomes como Durão Barroso, Pacheco Pereira, Nuno Crato, José Manuel Fernandes, entre outros. Conhece algum deles? Eles estarão muito mais aptos que eu a falar sobre o assunto. Além destes, existia também a LUAR, que inclusive encurralou um congresso do CDS, no ex-Teatro Jordão, em Guimarães. Daí até atribuir tudo ao PCP…
6.º - Embora nascido em Guimarães, a minha família é oriunda de uma vila que conhece com certeza (pelo menos de nome) pois é a terra natal do “vosso” Marcelo Rebelo de Sousa, Celorico de Basto. Pois saiba minha cara IL que após o 25 de Abril, havia um grupo de caciques, ligados ao CDS, que organizava “esperas” e espancava todos aqueles que assumissem a sua ideologia de esquerda. Ou seja, mesmo após a revolução e em plena liberdade, em Celorico de Basto, ser comunista equivalia a manter-se na clandestinidade. Como vê… Em Lisboa uns, nas áreas mais rurais do norte outros…
7.º - Finalmente. Essa segunda vaga que refere, ela nunca foi segunda vaga mas sim continuação da primeira (a tal de 48 anos). Pois a contra-revolução começou no dia 25 de Abril de 74 e foi evoluindo a sua acção até aos acontecimentos de 75. E aqui entraríamos noutro tema interligado e que incluiria Mário Soares, Frank Carlucci, os apoios da CIA ao PS por via Soares…
Aliás, os factos indiciam claramente que o “vosso” Sá Carneiro foi efectivamente assassinado. Também acha que foram as tais “bestas quadradas”?

Cara IL, não tenho pretensão de dar-lhe lições de história, não prendo que a minha razão seja maior que a sua, ou outra coisa qualquer. Apenas quero dizer-lhe que sempre houve, continua a haver e haverá muita injustiça na apreciação da acção do PCP. Há uma campanha de anti-comunismo acentuado que vem dos tempos do fascismo e que continua a fazer escola neste país. Os comunistas eram os autores de todos os maus acontecimentos ou terrorismo no fascismo, Os comunistas já quiseram impor um dura ditadura no país, já comeram criancinhas e mataram velhinhos com uma injeção atrás da orelha, já foram agentes do KGB em Portugal, já foram os paus-mandados da União Soviética… Já anunciaram a nossa morte e organizaram o funeral uma série de vezes nos últimos 25 anos… Agora somos as “bestas quadradas” da democracia e promotores da violência. O que será que a campanha nos reseva a seguir?

E já agora, sim. Gostava que me dissesse quem disparou do quartel dos Lanceiros. Pois, com toda a sinceridade, não sei quem foi.

Cumprimentos.

il disse...

Caro Rogério:
Quando falei em «bestas quadradas» não falei de militantes do PCP, ou só em militantes/simpatizantes do PCP.
Se diz qua foi a 3ª vaga, então direi que foi a 4ª, porque se remonta à 2ª república e à sua violência, teremos que ver que esta foi a resposta à violência da 1ª república.

Como neta de um anarco-sindicalista sei muito sobre o que os bacanos faziam(afinal Portugal, a par da Rússia, era o país onde havia mais terrorismo no início do séc. XX); também sei quem ajudou a PIDE a localizar e neutralizar os elmentos deste movimento -e o seu internamento no Tarrafal...

Quem disparou do quartel dos Lanceiro foi um cubano!