Passadas alguns dias sobre as eleições europeias, e respectivos
contentamentos e descontentamentos, importa agora com base nos resultados de 26
de Maio olhar para o futuro com olhos de ver se possível.
E olhar com olhos de ver significa, desde logo, reconhecer com o
máximo de frieza os resultados obtidos pelas principais forças políticas e
perceber até que ponto esses resultados devem (se vão ou não mais tarde se
saberá) influenciar as opções estratégicas que cada partido fará para o futuro
próximo.
Há uma primeira constatação a fazer, sem a qual nada fará sentido, e que aponta
para uma inequívoca vitória da esquerda e uma enorme derrota da direita que
teve nestas eleições o seu pior resultado em mais de quarenta anos.
Um naufrágio em toda a linha, com protagonistas vários mas resultado
comum, que se não for entendido na sua plenitude pode significar um longo período
de afastamento da esfera do poder.
Para que não haja existam duvidas há que analisar individualmente o
resultado dos principais partidos da área não socialista deixando apenas de
fora os resultados da direita radical (Basta e PNR) por manifestamente não se
prever que possam, por várias razões, integrar qualquer solução de futuro.
O PSD obteve o seu pior resultado de sempre em eleições nacionais.
Nem nos dificílimos tempos do PREC, em que não era nada fácil ser do
PPD, o partido obteve um resultado tão mau e pese embora a bondade com que
internamente alguns olham os resultados de hoje, por contraponto com o rigor
com que olharam alguns resultados de ontem, é fácil concluir que o PSD não tem
qualquer hipótese de, sozinho, ser alternativa ao PS.
Nenhuma!
Pode ser complemento, contrariando a sua matriz histórica, mas
alternativa não é nem será.
O CDS teve, também ele, um muito mau resultado.
Embalado no “canto de sereia” dos resultados das autárquicas em
Lisboa, obtidos em condições irrepetíveis por várias razões e principalmente
porque o PSD apresentou a sua pior candidatura de sempre (sim,pior que o
Macário...) ao município da capital, o CDS andou toda a campanha a falar em
dois ou três deputados e acabou a discutir o quinto lugar com o PAN que chegou
a dar a sensação de poder ficar à frente dos centristas no resultado final da
eleição.
Um duro reencontro com a sua realidade que deve ser inteiramente
percebido no Largo do Caldas sob pena de ainda piorar em Outubro.
A Iniciativa Liberal, provavelmente autora dos melhores outdoors de
campanha e de alguns dos “sound bytes” mais interessantes , percebeu no “terreno
de jogo” que criatividade e imagem não bastam se depois não houver um
reconhecimento eleitoral por parte dos cidadãos quer da “marca” quer da
utilidade do voto.
E isso, manifestamente não aconteceu.
Finalmente a Aliança.
Partido de gente bem disposta , bem humorada e com uma visão optimista
do futuro foi comum o sentimento de satisfação pelo facto de o partido ter subido a sua votação em todas as freguesias, todos os concelhos e todos os
distritos do país como se dizia na noite eleitoral pela sede do partido.
Brincadeira à parte é evidente que o resultado obtido ficou aquém das
expectativas e não sendo comprometedor quanto a um futuro auspicioso deixou,
ainda assim, um amargo de boca pelo facto de tendo uma lista de qualidade e
tendo feito uma campanha a discutir exclusivamente assuntos europeus (ao
contrário de outros com bem maiores responsabilidades,advindas de já terem
representação em Bruxelas, que discutiram tudo menos a Europa...)não ter obtido
uma votação que permitisse, pelo menos, a eleição de Paulo Sande que era de
longe o mais bem preparado dos cabeças de lista no que toca a assuntos
europeus.
Sabemos que houve factos que contribuíram para isso, e as dificuldades
no acesso ao espaço televisivo em igualdade com os partidos do costume não
foram seguramente o menor deles, mas não vale a pena chorar sobre leite
derramado e há que aceitar com “fair play” aquilo que foi a decisão do povo.
Em suma à direita do PS não há nenhum partido que possa ter razões
para estar satisfeito embora, naturalmente, alguns tenham bem mais razões para
estarem insatisfeitos do que outros.
Importa agora o futuro.
E a questão é aterradoramente simples; tem ou não a área não
socialista condições para ser alternativa ao PS e aos seus amigos de BE e PAN
(porque o PCP não acredito que volte a meter-se em geringonças) nas eleições de
Outubro?
Mais, querem todos os partidos dessa área serem realmente alternativa
ou haverá um ou outro que prefira ser complemento de um governo de António Costa?
A Aliança deixou há muito tempo, pela boca do seu líder Pedro Santana
Lopes, a sua posição claramente expressa.
Nunca viabilizará um governo do PS e está disponível para ajudar a
construir uma alternativa sólida e galvanizadora dos portugueses para derrotar a
Frente de Esquerda e devolver Portugal ao caminho da boa governação.
Para isso manifestou a sua disponibilidade para uma coligação pré
eleitoral com outros partidos da área não socialista para que em conjunto possam
almejar a conquista daquilo que separados nunca nenhum deles conseguirá.
Disse-o muito antes das eleições europeias, está dito e ninguém espere
que vá repeti-lo outra vez.
Agora são outros os que deverão
pronunciar-se...
P.S. Ficando contudo bem claro que a Aliança não terá qualquer
problema, bem pelo contrário, em apresentar-se às legislativas de Outubro com
listas próprias.
Somos um partido de implantação nacional e estamos preparados para o
fazer em todos os distritos, regiões autónomas e diáspora.
Sem qualquer receio!
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