Um breve regresso à temática do futebol, e especificamente do Vitória, assuntos sobre os quais tenho cada vez menos vontade de opinar face à tristeza e desencanto de que se revestem nos tempos que correm.
Comecemos pelo futebol no seu todo.
Num campeonato que está a chegar ao fim, que terá o vencedor mais
habitual de todos, e que verá equipas serem despromovidas à segunda liga e
outras lograrem um apuramento europeu que com uma ou outra excepção outro
resultado não terá que umas agradáveis excursões pela Europa seguidas da
inevitável eliminação.
Um campeonato que envergonha quem goste de seriedade e de verdade
desportiva.
Porque um campeonato em que se confirmou, plenamente, que o VAR não é
um instrumento ao serviço da verdade desportiva e de um maior equilíbrio das
competições mas apenas e só um instrumento de poder para os que já detinham
todo o poder.
Já não bastavam as equipas de arbitragem a inclinarem os campos e os
conselhos de disciplina e justiça a tratarem uns como filhos e outros como
enteados (mais a comunicação social nacional a fazer todos os fretes possíveis e
imaginários a dois mais um clubes) ainda foram arranjar um instrumento
infalível na deturpação da verdade desportiva como o VAR tem sido com todas as
facilidades que lhe são dadas por decisões tomadas a larga distância dos
estádios na tranquilidade de uma sala com ecrans de televisão.
Uma vergonha.
Que é hoje o retrato de um futebol mentiroso, quezilento, malcriado e
dirigido em larga medida por gente que manifestamente devia estar bem longe de
modalidade e de clubes seguidos por milhões de portugueses.
O problema, para além da mentira que são as competições futebolísticas
em Portugal, é que o futebol e os clubes que mais ganham são seguidos e apoiados
por milhões de portugueses, entre os quais muitos jovens, que tem nele,
futebol, um permanente mau exemplo de falta de regras, princípios e valores que
pode levar muitos deles a considerarem que na vida, como no futebol, o que
importa é ganhar de qualquer maneira sem olharem a qualquer tipo de regra.
E isso, em termos sociais, é a prazo devastador!
Quanto ao Vitória há que dizer que a época tem sido muito longe
daquilo que legitimamente os seus adeptos ansiavam.
Muito longe mesmo.
A equipa A vai provavelmente terminar a época num discreto sexto
lugar(embora o quinto ainda possa acontecer) muitíssimo longe do “seu” lugar”
que é o quarto e mais longe ainda da velha ambição de se intrometer na luta
pelos três primeiros lugares.
Estará na Europa, é certo, mas apenas devido a um feliz conjunto de
coincidência entre as quais o facto de o Moreirense não se ter inscrito nas
competições europeias (caso os “cónegos” terminem em quinto como parece
provável) o que diz bem do desencanto que a época vitoriana tem constituído.
E devo deixar claro que a ficar abaixo do quinto lugar o que me
aborrece mais não é ficar atrás do Moreirense (prefiro isso a ver acima de nós
o Boavista, o Belenenses, o Marítimo,etc) mas sim o não ficar pelo menos em
quarto lugar à frente de todas essas equipas e também do Braga.
Grave , repito, não é ficar atrás do Moreirense mas sim o ficarmos tão
longe do quarto lugar.
Se a isso somarmos a triste descida da equipa B (com a terrível sensação
de que nada foi feito para a evitar), o melancólico campeonato da novel equipa
de sub 23 e os resultados das equipas da formação longe do que tem sido
habitual pode falar-se, sem receio de desmentido,num mau ano do futebol
vitoriano.
Que exige reflexão.
Quer por parte da administração da SAD, quer por parte dos seus
accionistas, quer pelos próprios adeptos do clube que já estarão cansados de
serem o único facto continuamente positivo no futebol vitoriano.
E a conversa dos “melhores adeptos do mundo” para disfarçar tudo o que
falha já cansa de tanto ouvir.
O clube não existe para ter sucesso nas bancadas mas sim nos terrenos
de jogo.
E é isso que cada vez falta mais.
P.S. Até no basquetebol a época foi frustrante depois de anos de
sucesso e da conquista de troféus e de dois vice campeonatos.
É mesmo preciso reflectir...
2 comentários:
"longe do “seu” lugar que é o quarto"? Nos últimos 10 anos quantas vezes isso aconteceu?
A classificação média dos últimos anos da equipa sénior tem andado entre o sexto e o sétimo lugar.
Caro Anónimo:
A última dúzia de anos tem sido má é verdade.
Mas o Vitória tem potencial para ser o quarto clube português não apenas em média de assistências mas essencialmente em classificações. Temos é de fazer por isso bastante mais do que temos feito
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