domingo, janeiro 12, 2020

Poucochinha

Rui Rio obteve ontem uma vitória poucochinha na primeira volta das eleições directas para a liderança do PSD conforme tinha previsto aqui em 5 de Novembro de 2019.
Poucochinha porque embora tenha ficado a pouco mais de meio ponto da maioria absoluta a verdade é que não a obteve e terá de disputar uma segunda volta com Luís Montenegro já no próximo sábado conforme estipulado no regulamento.
No resultado desta primeira volta não se pode falar em grandes surpresas.
Rui Rio venceu, conforme esperado, com uma diferença algo maior do que se supunha face aos excelentes resultados obtidos no Porto e em Aveiro (distritos onde venceu) e de se ter aguentado bem em Braga e Lisboa.
Luís Montenegro venceu nos distritos em que era favorito mas sofreu um rude golpe no seu distrito de Aveiro onde perdeu por seiscentos votos, no Porto onde a derrota foi enorme e em Braga onde a vitória foi poucochinha face à necessidade de equilibrar os maus resultado de Aveiro.
E o triunfo em Braga, cerca de 300 votos de diferença, deveu-se essencialmente às boas votações em Barcelos e Celorico de Basto e ao excelente resultado em Famalicão que desta vez não falhou.
Miguel Pinto Luz, por natureza o outsider destas eleições, teve um bom resultado e marcou posição para um futuro que ,neste momento, ainda é impossível prever se virá um dia a existir.
Marcou terreno e ganhou notoriedade. Dois objectivos cumpridos. 
Em suma nas eleições directas (com disputa ) em que existiram menos inscritos e o vencedor (neste caso da primeira volta) teve a menor votação de sempre apuraram-se para a segunda volta os previsíveis Rui Rio e Luís Montenegro com a curiosidade de pela tal diferença poucochinha a maioria dos votantes ter mostrado não querer Rui Rio. 
O que não significa, obviamente, que a soma aritmética possa corresponder à soma política.
Rui Rio, que teve menos 7.000 votos do que em 2018, está à beira do triunfo pouco tendo pesado nos seus apoiantes as duas derrotas eleitorais em eleições nacionais, o ter o partido dividido como nunca esteve, as "promessas" de os próximos dois anos serem iguais aos anteriores  e a disponibilidade para mais guerras internas.
Luís Montenegro parte de uma posição difícil porque a dinâmica de vitória está do outros lado e para a inverter são necessárias algumas condições que não dependem totalmente dele.
Nomeadamente o tal debate televisivo para que desafiou Rio e que este, como era de esperar, recusou no pressuposto de que lhe correria muito bem e muito mal ao líder do partido o que em boa verdade estaria longe de estar garantido.
Sem debate terá de encontrar outros argumentos para tentar inverter o resultado.
Desde logo chegar aos 9.000 militantes que tendo pago as cotas ainda assim não votaram e convence-los a apostarem em si.
Sendo certo que a esta hora os seus operacionais, tais como os de Rui Rio, estarão a olhar para os cadernos eleitorais a verem quem não votou o que significa que obviamente ambas as candidaturas vão apostar nos abstencionistas.
Depois tem de tentar fixar nele os 2.880 militantes que votaram em Pinto Luz.
Conseguirá a maioria mas não todos porque uns votarão Rio e outros nem votarão sequer pelo que daí pode vir uma ajuda mas não a solução.
Pode, ainda, tentar lançar uma ou duas ideias fortes que despertem a atenção mas isso dificilmente terá mais que um sucesso quase residual.
Finalmente terá que se preocupar em combater algum desânimo entre os seus apoiantes que poderão achar que a diferença é intransponível e por isso tenderão a desmobilizar nem sequer indo votar no próximo sábado.
Aliás será curioso tentar perceber se a desmobilização será maior entre os apoiantes de Rio, porque "ele já ganhou" e não é preciso ir votar, se entre os apoiantes de Montenegro, porque "ele já perdeu" e não vale a pena ir votar.
Em suma o PSD vai ter a primeira segunda volta da sua História para a qual Rui Rio parte como francamente favorito.
Veremos se sábado os militantes confirmam isso ou preferem ir por outro caminho.
Depois Falamos.

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