Quando há mais de trinta anos apareceram as rádios locais , na altura ilegais e a funcionarem em quase clandestinidade, os meios de que dispunham eram quase nenhuns e o seu trabalho assentava na carolice dos colaboradores e numa ou noutra ajuda financeira de pequeno montante.
Como não havia meios eles tinham de ser supridos com trabalho e imaginação nomeadamente para apresentação dos noticiários generalistas e desportivos porque quanto a programas musicais e do género a dificuldade era bem menor.
E por isso os noticiários eram essencialmente preenchidos com noticias da terra, que os colaboradores arvorados em repórteres iam arranjado na suas fontes locais e nas reportagens de rua, e com a leitura de algumas noticias dos jornais do dia mas que naturalmente já se referiam ao dia anterior.
Eram muitas as dificuldades mas era um trabalho gratificante.
Depois começaram a aparecer os meios através da publicidade angariada e esses meios permitiram determinados investimentos dos quais o telex (admito que os mais novos nunca tenham ouvido falar desse aparelhómetro) que veio trazer a possibilidade de ter notícias on line que chegavam várias vezes ao dia da Lusa e de outros fontes.
E mais meios resultaram em mais...preguiça.
Era mais fácil, mil vezes mais fácil, preencher noticiários lendo os telexes do que ir para a rua em busca de notícias locais, telefonar às fontes, em suma noticiar o que se passava na terra.
E os noticiários das rádios locais passaram a cada vez mais a ser nacionais e menos locais.
Lembrei-me destes factos, que vivi nas rádios locais de Guimarães em que colaborei nesses tempos, vendo os noticiários dos principais canais de televisão do país que cada vez mais preenchem esses telejornais com notícias do estrangeiro (Catalunha, Hong Kong, Bolívia, Brasil, etc) e cada vez menos com as notícias que realmente interessam e que são as notícias do nosso país.
Não sei se por terem as redacções infestadas de alguns telex de nova geração, se pela mesma preguiça que afectou os radialistas dos anos oitenta, se por ser do interesse de quem manda que se distraia o povo com o que se passa lá fora quando há tanto a noticiar sobre Portugal.
Sei é que pela experiência de ver noticiários televisivos em vários países onde já estive não me lembro de ver nessas televisões uma única notícia sobre Portugal mesmo quando acompanhava esses noticiários ao longo de vários dias como tive oportunidade de fazer várias vezes, por exemplo, em Espanha.
Nem uma.
Se calhar essas televisões não tem nenhum aparelho de telex tão moderno como as televisões portuguesas...
Depois Falamos
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