Não sendo já militante do PSD não é por isso que acompanho com menor interesse(mas uma incomensuravelmente maior distância )as próximas eleições directas no partido que decidirão quem vai dirigi-lo nos próximos dois anos.
E acompanho com o interesse de sendo militante e dirigente de outro partido ter a clara noção que a reorganização política da hoje fragilizada área não socialista terá muito a ver com o desfecho destas eleições e a consequente escolha dos militante do PSD.
Também com a curiosidade pessoal de serem as primeiras directas no PSD em que não estarei activamente envolvido mas isso são contas de outro rosário.
Conhecendo muito bem o partido, e com a experiências das tais directas em que estive envolvido a ultima das quais em 2017, creio que salvo algum fenómeno verdadeiramente imprevisível elas se saldarão pela recondução de Rui Rio como presidente do PSD.
Desde logo porque sendo líder em funções isso lhe dá uma clara vantagem sobre os concorrentes que vai dos meios postos à sua disposição ao mediatismo que a liderança acarreta e que sempre influencia os militantes.
Por outro lado os resultados eleitorais tendo sido fracos (os terceiros piores de sempre) não foram catastróficos tendo o partido obtido uma votação que percentualmente não escandaliza nem torna a substituição do líder uma prioridade que o peso de uma votação abaixo dos 25% sempre acarretaria.
Contando com o apoio da maioria das distritais, tendo um grupo parlamentar escolhido por si e que será agente activo da sua recandidatura com largas dezenas de deputados a apoiarem-no por todo o país e tendo imposto um sistema de férreo controle do pagamento de cotas parece-me lógico que Rui Rio é o grande favorito.
Luís Montenegro, que dá agora o passo em frente anunciado no congresso de 2018, é o outsider que provavelmente cumprirá a "via sacra" de anteriores lideres do PSD que perderam eleições internas antes de as ganharem em congresso ou em directas.
Foi assim com José Manuel Durão Barroso, com Pedro Santana Lopes, com Luís Marques Mendes, com Luís Filipe Menezes e com Pedro Passos Coelho.
Todos eles perderam candidaturas à liderança e todos eles fizeram o seu caminho para mais tarde virem a liderar o partido como veio a acontecer sem excepção.
Dificilmente Luís Montenegro escapará a essa sina de perder no presente para ganhar no futuro.
Até porque, como costumo dizer, já nasceu e é pai e avô o último candidato a ganhar umas directas ao líder em funções!
Quero com isto dizer que Luís Montenegro não tem qualquer hipótese de vencer agora?
Não. Mas quase!
Porque condição primeira para ter hipóteses boas de vencer era ser o único candidato a enfrentar Rio e isso não acontecerá sendo que qualquer dispersão de votos favorece o líder em funções.
Por outro lado não pressinto no PSD, pese embora o muito razoável descontentamento existente, uma vaga de fundo que leve à mudança imediata preferindo muitos dos militantes dar a oportunidade a Rui Rio de conduzir o partido até às autárquicas e depois logo se vê.
Mas, e há sempre um mas, é precisamente nas autárquicas ou mais propriamente nos autarcas que pode estar a derradeira esperança de Montenegro vencer já.
Se um número significativo de presidente de câmara tiver a convicção ( e quanto a isso não faço a mínima ideia embora conheça algumas opiniões...) que manter Rio nos próximos dois anos pode enfraquecer as suas recandidaturas então aí sim poderá existir um impulso forte para mudar o desfecho previsível destas directas.
Mas não me parece provável.
Resta Pinto Luz.
Que evidentemente não tem qualquer hipótese de ganhar estas directas e que nelas participa com dois legítimos objectivos:
O primeiro chama-se notoriedade e é indispensável a quem queira liderar um partido da dimensão do PSD.
Ora sendo razoavelmente conhecido no distrito de Lisboa Pinto Luz é completamente desconhecido no resto do país o que desde logo lhe retira qualquer possibilidade de vencer estas directas.
Mas uma campanha interna é sempre uma excelente forma de se tornar mais conhecido e Pinto Luz vai aproveita-la para esse objectivo primeiro marcando terreno para o futuro.
O segundo, igualmente legítimo e compreensível, é impedir que Luís Montenegro tenha qualquer hipótese de ganhar.
Porque Pinto Luz terá a legítima convicção de que Montenegro vencendo agora teria vários anos de liderança pela frente, eventualmente até a chegada ao governo, o que lhe retiraria grande parte das hipóteses de ser líder no futuro porque sendo da mesma geração (Montenegro é quatro anos mais velho) dificilmente há lugar para dois da mesma faixa etária no mesmo tempo político
E portanto concorrendo agora, federando votos significativos em Lisboa e talvez Setúbal que muita falta farão ao outro candidato alternativo a Rio, Pinto Luz garante que Montenegro não vence e Rio fica em funções mais dois ou quatro anos.
Alturas em que, numa defensável lógica, será mais fácil derrota-lo ou até concorrer a um lugar vago pela eventual não recandidatura de Rui Rio nesse futuro mais ou menos próximo.
Motivos de interesse não faltam, portanto, a estas eleições no PSD.
Do meu ponto de vista, reitero, Rui Rio ganha agora, Luís Montenegro a seguir e Pinto Luz talvez...nunca.
Veremos o que os militantes decidem.
Depois Falamos.
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