terça-feira, junho 20, 2017

Sugestão de Leitura

Tinha tido conhecimento da publicação da edição portuguesa deste livro algumas semanas antes dela suceder através da recomendação do mesmo pelo meu amigo, e grande vitoriano, Vasco Rodrigues que me dissera ser uma obra imperdível.
E a curiosidade foi tanta que o comprei na pré-venda da FNAC para garantir que me chegaria às mãos mal fosse posto à venda.
E assim foi.
E que dizer dele?
Em primeiro lugar que é uma fabulosa obra de investigação do jornalista e sociólogo italiano Pippo Russo acerca do mais famoso empresário do futebol actual o português Jorge Mendes.
Cuja carreira começa na contratação de Nuno Espírito Santo, do Vitória para o Deportivo da Corunha, e depois ao longo de vinte anos constrói todo um império que o torna no mais famoso, mais influente e mais rico empresário do mundo do futebol cujos negócios hoje vão muito para lá da intermediação na contratação de jogadores e cobrem muitas outras áreas algumas das quais ainda longe de serem totalmente conhecidas mas já suficientemente nebulosas para merecerem o interesse de autoridades judiciais de vários países.
Em segundo lugar é um retrato magnifico do que é o futebol português.
Das guerras de bastidores, das influencias deste e daquele clubes, da forma como Jorge Mendes alternadamente concentrava negócios ora no Porto ora no Benfica ora no Sporting ao sabor dos seus interesses e dos interesses dos seus múltiplos parceiros de negócios.
Mas também da enorme fragilidade dos nossos clubes completamente expostos a quem, como Jorge Mendes, apareça com dinheiro e jogadores e de imediato se torne numa figura liderante com mais peso e influência do que as próprias direcções eleitas.
Acredito que os adeptos do Sporting de Braga, do Rio Ave, do Paços de Ferreira que são os clubes mais "Mendisados" (expressão do autor) de Portugal lerão com profunda preocupação, e tristeza, este livro.
E cabe aqui referir que o Vitória, felizmente num contexto ainda diferente, é várias vezes citado no livro e tem até direito a um capitulo próprio.
Em terceiro lugar este livro é um sério aviso, para quem o quiser entender como deve ser entendido, para aqueles clubes que ainda não caíram na órbita deste e de outros empresários (e dos fundos de investimento...) mas são por eles cobiçados e com eles, nalguns casos, parecem recriar uma espécie de  "Danças com Lobos" que só pode terminar mal.
Porque este(s) empresário(s) e os interesses financeiros que gravitam em volta do futebol dele só querem o lucro, as mais valias, os negócios e estão-se completamente nas tintas para a identidade dos clubes, para a paixão dos adeptos, para a História que cada clube construiu ao longo de décadas.
É, repito, uma obra magnifica.
E creio que toda a gente que gosta de futebol, que gosta do seu clube, que vê no futebol muito mais que apenas um negócio deve lê-lo com toda a atenção e dele tirar as necessárias ilacções porque a todos cabe um pouco a responsabilidade de impedir a destruição da mais apaixonante das modalidades e dos seus respectivos clubes (e selecções...) por gente sem escrúpulos, sem Pátria nem clube, que apenas pensa nos negócios, nas percentagens e nas comissões.
Pessoalmente adorei ler este livro embora da sua leitura tenha resultado um significativo aumento da preocupação em volta de notícias que vou lendo nos últimos dias e que não me agradam nada enquanto adepto do futebol e adepto do Vitória.
Depois Falamos

P.S. Pippo Russo terminou a edição portuguesa em Dezembro de 2016. Mas o que se está a passar com os problemas fiscais de Cristiano Ronaldo e José Mourinho (os dois principais clientes de Jorge Mendes) ou com a ida de Nuno Espírito Santo (o mais antigo cliente e o mais "Mendisado"dos treinadores) para o Wolverhampton caberia perfeitamente na lógica narrativa do livro.

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