terça-feira, junho 13, 2017

Oposição

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

É um lugar comum , mas nem por isso menos verdadeiro, dizer-se que em democracia é tão importante ter um bom governo como ter uma boa oposição porque nesse contexto quanto melhor um for melhor o outro é.
Uma boa oposição é sempre uma oposição que sabe distinguir os momentos de divergir dos momentos de convergir, que percebe que o povo deu aos outros e não a ela o poder de governar, que não se demite de ser uma alternativa responsável e por isso a cada momento apresentar as suas ideias e propostas.
No Poder Local com a sua curiosa legislação que permite que num executivo coexistam Poder e Oposição (pessoalmente discordo mas é a Lei que temos e por isso há que respeitá-la) o grau de exigência para ambas as partes é elevado porque se para uns o que está em causa é cumprir o mandato recebido do povo para aplicarem o seu programa para outros há que saber conciliar a função de serem oposição com a necessidade de se credibilizarem explicando a cada discordância como fariam diferente se fossem poder.
Em Guimarães de há muito que a alternância democrática não funciona, por vontade legítima dos eleitores, e por isso o PS governa sozinho desde 1989 enquanto PSD, CDS e CDU se limitam a ser oposição na câmara e na assembleia municipal (nesta com mais partidos que por lá tem passado desde o BE ao MPT passando pelo MRPP) esperando a hora em que os vimaranenses entendam que já basta de executivos socialistas e permitam que outras forças políticas governem o município.
Devo dizer que não enveredando, por longo e fastidioso, pelo relato do que tem sido estes vinte e oito anos de oposição me cingirei aos últimos quatro (até porque são os mais presentes na memória de todos) para dizer que os eleitores vimaranenses que não votaram PS tem boas razões para considerarem que ao entregarem o seu voto às coligações “Juntos por Guimarães” e CDU fizeram uma boa escolha porque estas souberam respeitar o voto recebido e tem sido ao longo do mandato forças de oposição responsáveis, combativas, construtivas e que tem sabido sempre distinguir aquilo em que todos tem de estar unidos daquilo em que o PS tem de ser combatido.
Direi até que o Poder teve mais sorte com a Oposição que a Oposição com o Poder porque enquanto JpG e CDU tem sabido colocar-se ao lado da Câmara naquilo que entendem como estrutural para Guimarães já esta não só nunca valorizou os contributos da Oposição como ainda chamou suas a ideias e propostas que vinham do outro lado da mesa.
É incrível mas é verdade.
De resto e para quem quiser analisar com algum distanciamento os factos concordará facilmente que em alguns momentos a Oposição soube estar à altura das suas responsabilidades e contribuiu decisivamente para que alguns assuntos viessem a te rum desfecho muito mais positivo do que aquele que se lhe podia augurar se entregue apenas à maioria socialista.
Exemplos?
Apenas alguns entre outros possíveis.
A vinda para Guimarães do instituto da Universidade das Nações Unidas, o pacto em torno da candidatura de Guimarães a “capital verde europeia”, o caso da Torre da Alfândega são três exemplos em que foi decisiva a posição dos partidos da Oposição na defesa dos interesses de Guimarães.
No primeiro caso com particular responsabilidade da coligação JpG, no segundo com a união de toda a Oposição em torno da Câmara e no terceiro com o mérito a pertencer à CDU.
É esse o papel de uma Oposição responsável e não tenho duvidas em afirmar que Guimarães tem nos seus orgãos autárquicos uma Oposição com essas características.
Mas ser Oposição é mais que isso.
E portanto, com a naturalidade própria de quem sabe o trabalho de casa que está a fazer  e no timing que apenas compete aos próprios definir,a coligação JpG (agora falo apenas desta porque é aquela que apoio e cuja estratégia conheço) está na fase seguinte do seu projecto de alternativa política e passou à apresentação de ideias para o futuro.
E dentro do seu calendário tem apresentado várias propostas que se propõe levar a cabo se merecer em 1 de Outubro o voto dos vimaranenses.
A primeira, como estarão recordados, foi para a cidade e visa através da construção de parques de estacionamento e túneis racionalizar e melhorar o trânsito na cidade a par de permitir novas zonas pedonais no centro histórico.
Depois apresentou uma proposta que visa melhorar a mobilidade no concelho com a  construção de várias vias que permitam ligar vários pontos do mesmo à cidade.
A terceira proposta, pessoalmente entendo que a mais importante até agora apresentada, visa a captação de empresas para o nosso concelho assim criando emprego, estimulando a economia local, fixando população e conservando empresas que de há muito estabelecidas em Guimarães poderiam deslocalizar-se caso não tivessem  novos espaços para a sua expansão como aconteceu, aliás, nos últimos tempos com empresas de referência.
É uma proposta para melhorar a qualidade de vida das pessoas e a competitividade do nosso concelho pelo que me parece fundamental para ajudar os eleitores a decidirem o seu voto na hora em que compararem as alternativas.
E por falar em alternativas não deixa de ser uma saudável ironia constatar que depois de três anos e tal a ouvir o PS criticar a Oposição dos JpG pelo que entendiam eles ser a falta de propostas políticas vermos agora a coligação apresentar a sua terceira proposta de fundo para os próximos quatro anos,e com reflexos muito para lá deles, enquanto ao detentor do poder não se conhece uma ideia inovadora, uma proposta devidamente fundamentada, um projecto de futuro e com futuro.
A pouco mais de três meses das eleições já os vimaranenses podem fazer uma clara distinção entre aqueles que passaram quatro anos a pensar e a trabalhar para o futuro das próximas gerações daqueles cuja única preocupação são as próximas eleições.
Agora há que traduzir isso em votos.
E através da alternância democrática dar à coligação “Juntos por Guimarães” a possibilidade de provar que é capaz de fazer mais e melhor que um PS gasto, cansado e desgastado que aposta num “vale tudo” apenas e só para manter um poder a que já não sabe o que fazer.
O povo é quem mais ordena!

6 comentários:

Anónimo disse...

...e o povo vai ordenar a maior derrota de todos os tempos para a "oposição" d Guimarães.
Basicamente porque, pelo menos para mim, com muita surpresa Domingos Bragança tem feito um mandato notável, levando às freguesias o que dantes era apenas investimento dentro das muralhas.
Depois porque em termos de alternativa e as ideias que você acha muito validas, não passam de uma mão cheia de nada misturadas com demagogia a potes. Vai ser pesado...

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Não há oposição a Guimarães.
Há oposição ao governo socialista da Câmara de Guimarães.
Quanto ao resto deixemos o povo falar.
Estamos muito tranquilos quanto a isso.
Tanto que até damos a cara pro aquilo em que acreditamos!

Anónimo disse...

Estamos a discutir ideias. Se me chamo Joaquim ou José, é irrelevante. Felizmente sou independente e tenho a minha vida estruturada de maneira que, ao contrário de muito boa gente, não preciso fazer "prova de vida", nem na política, nem no Vitória nem em lado nenhum. Não vivo nem quero viver à pala da política nem à pala do futebol.

Em relação ao PSD de Guimarães, incorre em dois erros crassos.
Um em que teima em cair pela 2a vez: coligação com CDS e afins. Um partido com a história concelhia do PSD, devia ir sempre e em qualquer circunstância às urnas por si próprio. É um sinal de fraqueza enorme ir coligado, ainda por cima com um partido sem expressão eleitoral em Guimarães como é o CDS. Quais as vantagens ? 0 (zero).

O outro, chamar Aguiar Branco para cabeça de lista à Assembleia. Não há gente competente e com peso em Guimarães ? O sinal é claro e vai em sentido contrário: o PSD não confia nos seus.
No final, erros políticos de um candidato e estrutura muito macios e inofensivos para o poder instalado. Quando um dos argumentos plasmados em flyers é ser da família Coelho Lima... nada contra a família, mas as pessoas devem valer por si próprias e não por ser filho de A ou B. Em 1980, ser Coelho Lima ou Melo era garantia de votos. No século XXI não. É igual aos outros.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Comentarei por parágrafos:
1) Também não vivo da politica nem do futebol embora isso nada tenha de desonroso. Das quatro vezes que que fiz parte dos orgãos sociais do Vitória nunca fui remunerado. Mas nos tempos que correm é perfeitamente aceitável que o clube tenha dirigentes profissionais.
2)A coligação com o CDS e outras forças políticas foi uma decisão dos orgãos do partido legitimados para o efeito. Em termos pessoais, que para nada interessam, sou por principio defensor de que o PSD deve concorrer sozinho. E já o disse várias vezes nos orgãos partidários.
3) Aguiar Branco é um militante do PSD com ligações a Guimarães. E a sua candidatura é a prova de que o PSD confia nos seus. De resto não temos no partido uma visão "tribalista" que feche Guimarães em volta de si mesma e rejeite quem vem de fora porque somos todos portugueses. Sem prejuízo de considerar(concordando consigo nesse aspecto) que o partido tem no concelho várias pessoas que podiam encabeçar a lista da AM.
Quanto ao candidato e à estratégia não estamos de acordo. DO meu ponto de vista tem sido feita uma excelente pré campanha com o candidato a privilegiar o contacto com as pessoas em detrimento da politica espectáculo. Não me parece que ele seja macio com o poder. Apenas tem optado por apresentar as suas ideias em vez de andar a falar do adversário

Anónimo disse...

1) se reparar não mencionei o seu nome. Legítimo ou não há muito quem se aproveite da causa pública. Olhe, por exemplo André Coelho Lima ainda há dias, a despropósito e em terras que não as nossas se tentou aproveitar do Vitoria ao comparar subsídios do Vitória e do SC Braga. Obviamente o Salvador descortinou logo o aproveitamento político. O Vitória não devia ser arma de arremesso para ninguém.

2) estamos então de acordo

3) ligações a Guimarães do Aguiar Branco ? Nasci, cresci e trabalho em Guimarães, não as conheço. Independentemente disso, como o Luís Cirilo o diz, há muita gente com perfil para o cargo. Não foi uma boa opção.
Quanto ao candidato, mantenho o que escrevi, e julgo que as eleições me darão razão.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
1) A sede do Vitória são "terras nossas". E pronunciou-se com todo o propósito sobre a politica desportiva da actual câmara e aquilo que se propõe fazer nessa matéria caso seja eleito. O presidente do Braga é que se meteu onde não era chamado e caiu no ridículo. De resto o ACL tem uma vida de vitorianismo inatacável que jamais lhe permitiria "usar" o Vitória fosse para o que fosse. Já no actual poder autárquico há muitos que não podem dizer o mesmo. Porque "descobriram" o Vitória apenas quando lhes deu jeito e porque tentam aproveitar-se do prestígio do clube em tudo que podem. Desde "selfies" a cachecóis despropositadamente usados.
2)Estamos!
3)Creio que o candidato, e aí estamos em desacordo, tem feito um excelente trabalho e espero que os vimaranenses reconheçam isso. Até porque a perpetuação de um partido no poder por tantos anos nada traz de benéfico à comunidade e cria hábitos e vícios que são de evitar. Creio que é patente que esta câmara é a pior destes vinte e oito anos de poder socialista e isso deve-se ao desgaste inevitável de pessoas e de políticas.