As ditaduras, pouco importa a matriz ideológica, caracterizam-se por um enorme ódio a quem se lhes opõe, a quem pensa diferente, a quem lhes aponta os erros e sobretudo a quem pensam que quer acabar com elas.
Nisso as ditaduras são todas iguais.
Nisso e no extermínio dos opositores seja matando-os, seja prendendo-os, seja exilando-os nos casos mais benévolos.
Mas algumas, muito em especial a ditadura estalinista, não se contentava no extermínio físico dos opositores (e exterminou muitos milhões) como ainda fazia questão de os fazer desaparecer da História oficial levando o requinte ao ponto de os apagar das fotografias.
É o caso destas imagens que ilustram o texto em que na primeira desaparece Nikolai Yeshov um dirigente do PCUS mandado fuzilar por Estaline e apagado das fotografias ao lado do ditador e na segunda em que Estaline mandou apagar Trotsky de uma fotografia em que aparece próximo de Lenine nas escadas que dão acesso ao púlpito.
Isto pouco depois de por ordem de Estaline o mesmo Trotsky ter sido "apagado" do número dos vivos.
Claro que pensar-se que por mandar apagar pessoas ou acontecimentos das fotografias ou filmes oficiais isso faz com que essas pessoas ou esses acontecimentos deixem automaticamente de terem existido é revelador de um inteligência pobre, de uma grande miséria moral e de um totalitarismo sem limites.
Mas em bom rigor também não se pode esperar que ditadores professem valores e princípios próprios de pessoas bem formadas.
Felizmente em democracia nem se eliminam opositores nem se apagam fotografias.
O máximo que se vai fazendo, e em Portugal depois de 1974 fez-se muito, é mudar o nome a ruas, praças, pontes, e tirar de edifícios públicos as placas identificativas de quem os inaugurou.
E se no primeiro caso ainda se pode perceber já no segundo é uma perfeita idiotice porque não é por se tirar a placa que o edifício deixa de ter sido inaugurado por quem foi.
Seja como for acho que qualquer tentativa de reescrever a História ao sabor de quem exerce a cada momento o poder, apagando ou não fotografias e fazendo ou não desaparecer (ainda que em sentido figurado) quem não se identifica com os detentores desse poder é absolutamente condenável e contrária aos sinais e à evolução dos tempos.
Mas há pulsões totalitárias ocultas que são mais fortes que a fina camada de verniz democrático de alguns e que de vez em quando dão sinais de vida.
Depois Falamos.
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