quarta-feira, setembro 15, 2021

Pesos & Medidas

Porque gosto de clareza no que escrevo e detesto as "meias tintas" esclareço desde já duas coisas acerca do texto que aqui está escrito.
Uma é que considero Ferro Rodrigues uma das personalidades mais abjectas do cenário político, e um péssimo presidente da Assembleia da República, e outra que condeno sem reservas os insultos de que foi alvo à porta de um restaurante por um bando de energúmenos a quem uma boa carga do corpo de intervenção da PSP não teria feito nada mal.
Não há divergência política, ideológica, partidária, ou outra qualquer que justifique os insultos, a perturbação de um cidadão que pacatamente almoçava num restaurante, a quase tentativa de linchamento que as imagens mostraram.
Num Estado de Direito os autores desses desacatos tem de ser punidos em conformidade com a gravidade daquilo que fizeram.
Mas a realidade vai para lá destes insultos a Ferro Rodrigues, ao vice almirante Gouveia e Melo , a André Ventura e a um ou outro governante, ou titular de cargo político, como se tem vindo a assistir nos últimos tempos.
A verdade é que a autoridade do Estado anda pelas ruas da amargura e qualquer grupo ou grupinho acha-se capaz de cometer as maiores tropelias presumindo-se em total impunidade face a um Estado e a forças de segurança que se acham inibidas de exercerem as suas funções face à "culpabilização" imediata dos seus agentes e aos inevitáveis escândalos televisivos sempre em favor dos infractores e sempre a criarem uma onda de antipatia para aqueles a quem compete fazer cumprir a Lei.
Por isso os imbecis a quem caritativamente se chama "negacionistas" se acham no direito de insultarem Ferro Rodrigues e Gouveia e Melo, por isso as esquerdas que se acham donas disto tudo se acham no direito de insultarem André Ventura e apedrejarem comícios do seu partido, por isso voltamos em alguns aspectos aos tempos do PREC de 1975 quando o Estado era fraco e o "vale tudo" fazia lei.
Sem esquecer, porque felizmente a memória ainda vai ajudando, o que aconteceu por variadas vezes nos tempos do saudoso governo de Pedro Passos Coelho quando sindicatos afectos à CGTP  e a extrema esquerda orquestravam manifestações contra o primeiro ministro onde quer que ele se deslocasse em visitas oficiais.
E os insultos, as tentativas de achincalhamento (que chegavam ao péssimo gosto da exibição de coelhos mortos) e até de agressão não eram em nada inferiores, bem pelo contrário, aquelas que se registaram com Ferro Rodrigues.
Só que em Portugal há dois pesos e duas medidas nestas e em muitas outras matérias.
O que se condena, lamenta, faz arrepelar cabelos quando a vítima é Ferro Rodrigues era entendido como a normal liberdade de expressão em democracia quando a vítima era Pedro Passos Coelho.
E por isso apenas sorrio, com ironia, quando vejo hoje da esquerda totalitária à direita idiota alguns comentadores tão preocupados com o que aconteceu a Ferro quando nunca se preocuparam (se calhar alguns até aplaudiam) com o que acontecia a Passos Coelho.
A hipocrisia, a idiotice interesseira, a ausência de critérios e princípios também fazem parte do enfraquecimento do Estado de Direito e essa é uma causa que as forças defensoras de totalitarismos apoiam sem reservas.
Quanto menos autoridade do Estado mais bandalheira e quanto mais bandalheira mais fértil é o terreno para plantar as sementes do totalitarismo que em 1975 foi derrotado pelos partidos democráticos, pelo "Grupo dos Nove" e pelas forças militares comandadas por Ramalho Eanes e Jaime Neves.
O problema de hoje é que alguns saltaram a barricada do lado da democracia para o lado dos partidos totalitários, com quem andam aos beijos e abraços, pela única e mesquinha causa de manterem o poder a qualquer preço e em nome disso aceitam todas as imposições no sentido do enfraquecimento da autoridade do Estado.
Colherão ( ou será que já estão a colher ?) aquilo que semearam!
Depois Falamos.

P.S. Foi há muito tempo, mais ou menos vinte anos, mas ainda me lembro de enquanto deputado ouvir numa sessão parlamentar o Bloco de Esquerda defender que as forças policiais deviam andar desarmadas!
O "ovo da serpente" do enfraquecimento da autoridade do Estado já germinava e não consta que de lá para cá tenha sido extinto.

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