Como não se trata de Benfica,Porto ou Sporting o assunto tem passado relativamente despercebido porque a comunicação social está focada nos três clubes, a tutela (Governo) assobia para o ar, Liga e Federação não estão para se incomodar com arraia miúda e por isso a grave crise do Belenenses é assunto menor embora na verdade de importância maior.
A essência do futebol, a paixão dos adeptos, o historial das instituições construído ao longo de muitas décadas está nos clubes.
As SAD são,pelo menos em teoria, instrumentos de racionalização do negócio futebol e de potenciação dos proveitos económicos a ele ligados no pressuposto de isso ser feito em total harmonia com os clubes de quem dependem.
No Belenenses, depois de muito tempo de conflitos entre direcção do clube e a SAD (que não coincidem em termos de responsáveis), a corda partiu e nesta época que agora começa o clube inscreveu uma equipa nos distritais,que jogará no Restelo, enquanto a SAD onde o clube é minoritário inscreveu a equipa na primeira liga e jogará no Jamor.
Percebo bem a tristeza e a revolta de muitos adeptos do clube que veem uma História gloriosa de décadas ser posta em causa e o futuro de "Os Belenenses" seriamente ameaçado com esta ruptura.
Não vou sequer especular sobre como uma equipa que já tinha poucos adeptos a ver os jogos no Restelo será apoiada no mais distante e absolutamente desconfortável estádio do Jamor onde os adeptos não terão bancadas cobertas como no seu estádio e jogar à noite e no inverno será um quase terror.
Prefiro olhar para este mau exemplo como um enorme aviso para outros clubes em que as SAD são maioritariamente dos accionistas e os clubes minoritários na sua estrutura accionista.
Porque enquanto os dirigentes no clube e na SAD forem os mesmos a questão não se porá mas quando os accionistas decidirem que assim não seja, e que as SAD sejam dirigidas exclusivamente por quem tem acções, o assunto pode tornar-se muito complicado em muitos lados.
Porque ninguém está livre que este exemplo se repita e que, a exemplo do que acontece na NBA, as administrações decidam levar as equipas de um lado para outro ao sabor do negócio que a cada momento se lhes ofereça.
Daí a importância de uma eficaz blindagem de estatutos e de pactos sociais entre clubes e respectivas SAD.
Depois Falamos.
5 comentários:
Este ano está garantida a ida ao já mor
Exactamente. O episódio do Belenenses sugere que a legislação não protege devidamente os clubes nestas circunstâncias, pelo que, ou se muda a legislação, ou os clubes não podem cair na esparrela de cederem o controle maioritário da respectivas SAD a terceiros.
Caro Anónimo:
Bem visto.Este ano todas as equipas vão ao Jamor e portanto os piqueniques e afins estão garantidos. Quero é ver quando os jogo foram no inverno e à noite quantos espectadores vão lá estar.
Caro Rui Miguel:
A minha preocupação é exactamente essa. Porque as SAD maioritariamente dos accionistas são uma ameaça para os clubves tal como sempre os entendemos. E como fazem sentido já agora.
Bem prega frei Tomás... As SAD maioritariamente dos accionistas são uma ameaça para os clubes, mas o senhor não se coibiu de validar uma SAD desta natureza para o Vitória, ajudando a definir este modelo para a SAD do Vitória. Quando uma situação destas nos vier bater à porta, não se esqueça que é um dos responsáveis.
Caro Anónimo:
Em primeiro lugar convém recordar que as SAD foram criadas por imperativo legal.
Foi por isso que defendi a sua constituição dado não acreditar na alternativa SDUQ.
Chegados aí alto e pára o baile.
Quando a SAD do Vitória foi constituida há muito tempo que já não estava na direcção e nada tive a ver com modelo, capital social,accionistas e por aí fora.
Limitei-me,como outros, a comprar as acções necessárias a ter assento na assembleia geral da SAD:
De resto o modelo que eu defendia (está escrito em vários artigos de opinião) era diferente.
Lamento se a verdade o desilude mas nem por isso deixa de ser verdade.
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