A recente necessidade de a equipa de basquetebol do Vitória ter de receber o Benfica no pavilhão de Famalicão (o que não a impediu de ganhar meritoriamente o jogo) , por ter o seu pavilhão ocupado com um campeonato nacional de kickboxing há muito agendado, vem confirmar uma decisão em tempos tomada e por a nu um problema estrutural do clube.
Começando por este último é evidente que o pavilhão do Vitória é, de há muito, insuficiente para dar respostas às necessidades que um clube eclético tem e que obriga a que de há anos a esta parte o Vitória se veja obrigado a alugar espaços diversos, com os custos que isso implica, para as suas principais modalidades poderem treinar os escalões de formação e até as equipas principais.
Só no basquetebol e no voleibol o clube movimenta muitas centenas de atletas, em todos os escalões masculinos e femininos, o que juntando-lhe as modalidades de luta obriga a um recurso ao tal aluguer de pavilhões para dar o normal funcionamento das modalidades.
É um problema que existe , que vai ganhando maior dimensão com o passar do tempo, e que mais dia menos dia obrigará a que se encontre uma solução que resolva um problema que está a condicionar o crescimento do clube e até a possibilidade de pensar a médio prazo, e de forma sustentada,em aumentar as modalidades que nele se praticam.
No tempo de Emílio Macedo da Silva o Vitória chegou a apresentar um projecto muito interessante que previa a construção de ginásios na zona das antigas piscinas e que permitiriam resolver em grande parte os problemas de treinos de algumas modalidades e até de competição de outras.
Infelizmente esse projecto, estrutural para o Vitória, não mereceu acolhimento da Câmara Municipal e foi abandonado com prejuízo da resolução dos problemas para que contribuiria e sem que alguma vez o Munícipio tivesse justificado plausivelmente a recusa nem avançado uma alternativa exequível.
A verdade é que o Vitória precisa de mais espaço para as suas modalidades e alguma solução terá de aparecer.
Quanto à decisão tomada, e que a actual situação de sobrelotação dos espaços apenas confirma, ela remonta a 2012 quando o Vitória teve a possibilidade de ficar com o andebol do DFH e até o futsal dos "Piratas de Creixomil" através da cessão dos direitos desportivos e com imediata participação nos campeonatos de primeira divisão em que esses clubes/modalidades se encontravam.
Na altura sendo vice presidente do clube, com toda a área desportiva a meu cargo(futebol e modalidades) , foi a mim que a questão foi posta e com toda a simpatia pelos proponentes tive de a recusar com a óbvia concordância do presidente Júlio Mendes.
Por várias razões:
A primeira foi que acabados de chegar à direcção do clube, com um mundo de problemas para resolver com o futebol e as modalidades que já tínhamos (e alguns bem graves) , não havia qualquer disponibilidade para vermos o Vitória absorver mais modalidades.
Mais salários, mais seguros,mais despesas de transporte e de logísticas várias era impensável.
E incomportável.
A segunda foi porque sabíamos que o problema dos espaços já se punha com muita acuidade.
E se é verdade que a absorção do DFH traria com ela o pavilhão desse clube (mais despesas de manutenção...) era igualmente verdade que esse pavilhão ficaria absorvido pelo andebol o que nos deixaria na mesma quanto a espaços.
O que com a eventual absorção do futsal ainda nos deixaria em piores condições.
A terceira teve a ver com o prestígio do Vitória.
Que se tivesse andebol e futsal teria de ser com equipas de primeira divisão, competitivas, que disputassem os primeiros lugares dos respectivos campeonatos como o fazem normalmente o basquetebol e o voleibol.
E isso, especialmente no futsal, custa muito dinheiro.
Que não havia.
E por isso recusamos ter mais modalidades, continuamos a apostar no futebol +2 (basquetebol e voleibol) como equipas profissionais do clube, e ainda hoje acredito piamente que foi a decisão certa em termos de sustentabilidade do Vitória.
Significa isto que no futuro o clube não deve estar aberto a ter mais modalidades?
Não.
Deve ter sempre essa hipótese em aberto.
Mas apenas para depois de ter a sua vida financeira estabilizada e quanto tiver o problema dos espaços resolvido.
Sem isso...nada feito.
É a minha opinião.
Depois Falamos
4 comentários:
A existência de modalidades no Vitória, para ser financeiramente comportável, e para prestar um serviço com interesse para a nossa comunidade, deve assentar na formação.
E isso implica, obviamente, um parque de instalações desportivas adequado às necessidades.
Idealmente concentrado num único local, até para aumentar a identificação de todos os praticantes com o clube.
Foi pena realmente, que não tenha sido possível avançar com o projeto de Emílio Macedo, embora, muito francamente, me tenha parecido na altura, que o chumbo da câmara foi conveniente para todos, e um alívio para Emílio Macedo, que não teria condições financeiras para prosseguir com o projeto, mas quis cumprir uma promessa da campanha eleitoral.
Enfim, esperemos que agora, com outras condições, o Vitória possa enquadrar esse investimento num qualquer programa de incentivos europeus
Caro luso:
Inteiramente de acordo.
E esperemos que realmente essa aposta nos espaços possa ser tão breve quanto possível
Caro Luis Cirilo,
Tomou a decisão certa.
As modalidades em Portugal são caras e trazem pouco ou nenhum retorno financeiro.
O Vitória tem uma equipa competitiva de basquetebol e uma de voleibol essa mais longe do topo mas que consegue ficar sempre no top 8 do campeonato.
Caro cards:
É como diz. As modalidades se não forem geridas dentro da sua realidade são um sorvedouro de dinheiro.
O Vitória tem duas modalidades profissionais (basquetebol e voleibol) e creio que assim deve continuar por mais algum tempo.
Depois tem outras como pólo aquático, ténis de mesa, kickboxing, etc que dão uma dimensão eclética ao clube mas não tem custos significativos.
E no basquetebol, por exemplo, já temos duas taças de Portugal , dois vice campeonatos, uma taça António Pratas, o que em pouco mais de uma década da modalidade no clube é excepcional.
Muito se deve a termos no Vitória aquele que é de longe o melhor treinador português, o Fernando Sá, que tem feito autênticos milagres. Esta época, por exemplo, já vencemos Porto e Benfica que são os dois principais candidatos ao titulo.
Quanto a outras modalidades, como o futsal, espero que a direcção do clube não caia na tentação de ir por aí.
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