Acho que Pedro Santana Lopes fez bem ao decidir não se candidatar à Câmara de Lisboa.
E melhor ainda em tê-lo decidido e comunicado ao PSD num timing perfeitamente adequado ao partido encontrar uma estratégia e um candidato que possam fazer frente à propaganda sem fim de Fernando Medina e vencer as eleições.
Não tenho qualquer duvida que PSL seria em qualquer circunstância o melhor candidato do PSD a Lisboa e aquele que mais hipóteses de vitória teria.
Mas percebo a sua opção.
Creio que se baseia, essencialmente, no excelente trabalho que vem fazendo na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e nos muitos projectos (vale a pena ler a sua entrevista à edição de hoje do Expresso) que tem pela frente e que o motivam de forma extraordinária para a respectiva concretização.
Mas nesta questão de Lisboa creio que Santana também se fartou de ser a "última Coca Cola" antes do deserto, ou seja, aquele para quem o partido sempre se vira quando percebe que o trabalho de casa não foi feito e é preciso alguém que pelo carisma pessoal e prestigio na função venha suprir essa lacuna.
E pode dizer-se que,no que toca a candidaturas a Lisboa , Pedro Santana Lopes já deu que chegasse para esse "peditório".
Recordemos:
Em 2001 trocou uma reeleição facílima na Figueira da Foz por uma candidatura dificílima a Lisboa, contra João Soares presidente em funções (e com o PS coligado com o PCP), contra Paulo Portas candidato pelo CDS, contra uma candidatura do BE que teve quase 12.000 votos, e mesmo assim ganhou contribuindo poderosamente para a demissão de António Guterres e a ascensão do PSD ao governo nas legislativa antecipadas de Março de 2002.
Em 2005, regressado à câmara depois da golpada patrocinada por Jorge Sampaio que o apeou de primeiro-ministro, viu a direcção do PSD impedir a sua candidatura impondo a de Carmona Rodrigues que a mesma direcção do PSD (no desgraçado consulado de Marques Mendes) viria dois anos depois a obrigar a demitir-se (por razões que a História e a Justiça demonstraram ser completamente falsas) oferecendo em bandeja a câmara a ...António Costa.
Em 2009 , acedendo a um convite de Manuela Ferreira Leite, aceitou ser candidato contra um António Costa na crista da onda e perdeu por apenas cinco pontos percentuais quando todas as sondagens na pré campanha e na própria campanha apontavam para uma derrota na casa dos dois dígitos percentuais.
Em 2013, já em funções na SCML, não foi candidato.
Creio que já fez o suficiente e nada lhe pode ser exigido ou cobrado nesta matéria de candidaturas a Lisboa.
É tempo de outros, se calhar os que em espaços opinativos na televisão parecem ter solução para tudo, avançarem com a determinação, coragem e vastidão de projectos com que Santana o fez em 2001 e 2009.
Ou então outras personalidades, algumas das quais revelam grande vocação para exercerem cargos de nomeação (como serem ministros ou secretários de estado por exemplo) e que ao longo dos anos gravitam em torno das lideranças do partido, mostrarem a sua disponibilidade para em confrontos eleitorais a que concorram com a própria cara ganharem as suas "esporas de cavaleiro".
Pedro Santana Lopes tem sessenta anos.
Idade que lhe permite ser líder do PSD, primeiro-ministro, Presidente da República.
Ou não ser nada disso.
Idade que lhe permite, depois de tudo que já deu ao PSD, ter o direito de decidir por si próprio se quer lutar por algum desses cargos políticos, continuar na área social, regressar a tempo inteiro à sua firma de advogados ou fazer qualquer outra coisa.
Idade para ter o inalienável direito de não querer ser, nesta questão das candidaturas a Lisboa, o "bombeiro" permanentemente ao serviço para pagar fogos que outros atearam e a que perderam o controle.
Acho que fez muito bem em não aceitar ser candidato.
Há" vida" para lá de Lisboa ao contrário do que muitos, em muitas áreas, continuam a pensar.
Depois Falamos
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