segunda-feira, dezembro 12, 2016

Zero Zero

Iniciei esta semana a minha colaboração com o site de futebol zero zero.
Terá uma periodicidade semanal e versará assuntos ligados ao futebol nacional e, de vez em quando, também ao futebol internacional.
A coluna , dispenso-me de explicar o porquê, chama-se "A Preto e Branco" e procurará ser um espaço de opinião que dê atenção a quem  merece mais do que tem e não a dê a quem já a tem em demasia.
Os leitores avaliarão.
Abaixo o primeiro artigo.

A INDÚSTRIA
De cada vez mais tempo a esta parte convencionou-se designar aquilo a que comummente se chamava futebol, com isso abarcando todos os aspectos ligados à modalidade, como indústria do futebol com essa denominação a pretender abarcar todo o gigantesco negócio em que ela se tornou.
Desde os valores económicos nela envolvidos, de salários de jogadores e treinadores a receitas televisivas e direitos de imagem, à complexidade e gigantismo das competições e atenção mediática que elas despertam.
Uma indústria que move muitos e muitos milhões (e alguns vai-se sabendo cada vez melhor como…) e que tem já uma expressão planetária que não pode ser ignorada.
Em Portugal, onde as novidades à vez custam a chegar…mas chegam, essa industria também existe e tem um papel primordial na atenção e nas prioridades de um povo que sempre gostou muito de futebol e que a ele dedica muito da sua atenção e tempo livre.
Naturalmente que no nosso país a indústria do futebol não atinge a dimensão que tem noutros países, não tem a rodeá-la a sofisticação e capacidade organizativa dos nações em que é uma industria de ponta, mas com uns toques de artesanalidade à portuguesa lá vai existindo e fazendo pela vida com as dificuldades que todos lhe conhecemos.
É uma indústria pequena, limitada a três grandes empresas, meia dúzia de PME’s e umas largas dezenas de microempresas, funcionando com regras muito “especiais”, merecendo uma atenção invulgar dos meios de comunicação e sendo periférica em termos do grande negócio a nível europeu embora de vez em quando conseguindo impor-se em mercados que por norma não estão ao seu alcance.
Curiosamente embora sendo uma indústria periférica, tendo o seu negócio muito pouca expressão em termos globais e padecendo de atrasos vários entre os quais condicionamentos que defendem o monopólio das três grandes indústrias e cerceiam brutalmente os crescimentos das PME’s, o que impede a sua evolução por padrões de modernidade exigíveis para o século em que vivemos a verdade é que a indústria portuguesa consegue, paradoxalmente, ter alguns dos melhores “operários” especializados a nível europeu (e um a nível mundial!) e alguns “encarregados” que tem permitido saltos qualitativos de outra forma impensáveis.
A verdade é que quer esses “operários” de alto nível quer os “encarregados” de grande competência trabalham em grande parte (por cá ainda há alguns mas cada vez menos) nas indústrias de outros países seduzidos pelas leis da oferta e da procura, pela competitividade dessas indústrias, pelo retorno mediático nelas atingido e se calhar por outra razão que não sendo a mais importante tem o seu peso: É que na pobre e periférica indústria portuguesa do futebol há uma quase nenhuma auto estima.
São os próprios industriais, muito especialmente os ligados às tais três grandes empresas que pela sua dimensão e faixa de mercado (mais de 90%) deviam ser os mais interessados no bom nome do negócio, os primeiros a darem cabo do prestigio da industria semeando suspeições sobre a qualidade do produto, envolvendo-se em constantes polémicas e acusações sobre os “controladores de qualidade” que acompanham o processo produtivo, aliciando operários da concorrência, menosprezando tudo aquilo que não é conforme a expressão do negócio que pretendem, criando amiúde problemas nos caminhos de acesso aos pavilhões industriais entre vários outros disparates inaceitáveis para quem devia zelar pelo bom nome do negócio.
Se a isso juntarmos a forma como não respeitam as PME’S, como procuram de todas a maneiras e feitios terem os seus empresários condicionados nem que seja através do empréstimo de operários que influenciem o respectivo processo produtivo e cuja súbita retirada pode fazer baixar a qualidade do produto, como controlam e influenciam quase todas as notícias que saem nos jornais especializados sobre a industria, como beneficiam de uma cobertura televisa do seu negócio que devia envergonhar qualquer país civilizado pela quantidade de vezes em que são citados, louvados, promovidos e…branqueados percebe-se a razão pela qual a indústria do futebol em Portugal é o que é.
Pequena, periférica, ultrapassada e pouco credível.
E em continua perda de clientes!
Talvez fosse bom os industriais preocuparem-se mais com isso do que com as constantes guerras de alecrim e manjerona, que satisfazendo egos pessoais, não tem outra utilidade que não seja a de mostrar quão ridículos são e simultaneamente prejudicarem o negócio e o desenvolvimento e modernização da indústria.

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