Há princípios que são indiscutíveis.
Um deles é que cada cidadão deve pagar os seus impostos em função dos seus rendimentos sem fugir às suas responsabilidades.
E ser sério é uma delas.
Naturalmente que quando vem a público casos fiscais envolvendo personagens de grande mediatismo, como jogadores de futebol, o impacto causado é substancialmente superior e chama todas as atenções para o assunto.
Naturalmente que quando dois desses jogadores são Ronaldo e Messi, os melhores do mundo, o impacto é ainda mais forte e se a eles se junta Neymar (candidato maior ao trono que português e argentino tem repartido) então é mesmo um caso muito sério.
Na verdade são três situações diferentes mas com contornos idênticos.
Diferentes porque Messi já foi a tribunal e teve de pagar o que estava em falta, Neymar e Ronaldo "apenas" estão a ser investigados e podem nem vir a ser acusados embora me pareça que a Justiça espanhola o gostará de fazer.
Os contornos idênticos tem a ver com empresários, gestores de carreiras, off shores e paraísos fiscais, rendimentos não declarados que tecem autênticas teias em volta de futebolistas cuja principal preocupação é jogar o seu melhor futebol.
Há contudo dois reparos que me parece importante fazer.
É que com excepção de Xabi Alonso, que é espanhol mas fez grande parte da carreira fora de Espanha (actualmente no Bayern depois de vários anos no Liverpool e uma passagem pelo Real Madrid), todos os outros suspeitos de fuga ao fisco espanhol são estrangeiros.
Ronaldo, Messi, Neymar, Pepe, Mascherano, Coentrão entre outros.
E a xenofobia pode assumir muitos aspectos.
Especialmente num país desportivo que convive notoriamente mal com o facto de os dois melhores jogadores do mundo jogarem em Espanha e não serem espanhóis.
Pior: Um é de Portugal, país que sempre olharam com sobranceria, e o outro da Argentina que sempre viram como uma colónia.
O outro reparo tem a ver com o chamado "futebol leaks" que divulgou e continua a divulgar milhares de documentos com informações sobre contratos, vencimentos,direitos de imagem e outros ganhos dos futebolistas.
É que para aqueles fundamentalistas anti futebol, que aproveitam qualquer pretexto para denegrir a modalidade e pôr em causa os ganhos dos grandes jogadores, e que já andam a encher jornais a falar dos "crimes" fiscais dos futebolistas convém não se esquecerem que para já o único crime provado foi o dos hackers que entraram criminosamente em servidores de empresas e clubes e de lá roubaram os documentos e informações que tem divulgado.
E a esse crime não tenho visto nenhum tipo de censura.
De facto parece que há uma mentalidade "big brother" que em nome da bisbilhotice considera que vale tudo desde que seja para expôr o que a terceiros(famosos) diga respeito.
Depois Falamos
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