Este estava em lista de espera à algum tempo.
Mas finalmente está lido.
E pode dividir-se em duas partes muito claras:
O retrato e o retratado.
O retrato feito por Filipe Santos Costa e Liliana Valente mostra bem o que foi o jornal "Independente",especialmente nos seus anos de glória, a importância que teve na política portuguesa durante uma década e o tipo de jornalismo que fazia.
É um retrato bastante perfeito.
O retratado mostra-nos um jornal ao serviço de um projecto político que passava pela destruição do "Cavaquismo" e consequente queda do PSD do governo e pela aparição de uma nova direita que aliada aos que no PSD não gostavam de Cavaco pudesse constituir uma alternativa aos partidos de esquerda.
Foi em nome desse projecto que o seu mentor,Paulo Portas, inventou a candidatura presidencial de Basílio Horta e posteriormente o CDS-PP liderado por Manuel Monteiro entre outros exemplos possíveis.
E para esse projecto ter sucesso não se olharam a meios, não se tiveram regras, não se respeitaram pessoas, não se conheceram limites.
Valia tudo desde que fosse para derrubar o PSD, Cavaco Silva e alguns dos seus mais próximos.
E se é verdade que o jornal denunciou casos verídicos e fez cair gente que não merecia os lugares que ocupava é igualmente verdade que denegriu inocentes, achincalhou quem não o merecia, lançou suspeições sem fundamento que ainda hoje perseguem alguns dos seus alvos.
Foi o jornalismo posto ao serviço de um projecto político e de uma carreira pessoal de quem jurara nunca querer fazer política.
E é pena que "O Independente" fique para a História mais por isso do que pelo bom e inovador jornalismo que muitas vezes fez.
O livro retrata exemplarmente tudo isso. E vale a pena ser lido.
Mais que não seja para memória futura...
Depois Falamos
6 comentários:
O Independente esteve para Cavaco, como Manuela Moura Guedes, o Sol, e o Público (no tempo do Fernandes) estiveram para Sócrates.
Mas uma coisa nenhum destes jornais nem a "jornalista" conseguiram alcançar os seus intentos.
Caro cards:
Como compreenderá Cavaco e Sócrates não são casos comparáveis.
A Cavaco nada pode ser apontado em termos de infracção à lei.
Já Sócrates é só escolher tantos os crimes de que é acusado.
Entre muitas outras diferenças que seria fastidioso estar a enumerar.
Mas vou dar mais uma.
Os livros de Cavaco foram escritos por ele e comprados pelo público em geral.
Os de Sócrates foram escritos por alguém a quem ele pagou e comprados pelos amigos com dinheiro pretensamente do amigo dos amigos Santos Silva.
Não queira comparar um homem sério com um vigarista
Sr. Luis Cirilo,
boa sugestão de leitura, irei ler assim que possa, na realidade a nossa politica é cheia de meandros e guetos escuros, este tipo de leitura traz a público aquilo que qualquer Português atento "desconfia".
Sobre a comparação Sócrates/Cavaco, como refere são demasiados os casos em que o primeiro está envolvido e que apenas servem para mostrar como é simples, no meio politico, ser-se pouco sério, mas designar Cavaco de homem sério também talvez seja um pouco abusivo, lembrar os casos das acções da SLN tão honestamente vendidas, dos IMI's, dos amigos próximos como Oliveira e Costa, Dias Loureiro, entre outros casos. É apenas mais um politico entre muitos outros, com tudo o que está inerente a essa "profissão".
Mas como referiu subtilmente e não foi à toa, "nada pode ser apontado em termos de infracção à lei", então tenhamos Cavaco como uma pessoa honesta...
Pessoalmente não me importo que me façam de parvo, só não permito é que acreditem que o conseguem.
Cumprimentos
António Cunha
Caro António Cunha:
No que se refere a Cavaco Silva importa dizer o seguinte: Não tem nenhuma responsabilidades, como é evidente, no que antigos membros dos seus governos fizeram nas respectivas vidas pessoais e profissionais.
As acções da SLN,que se saiba, foram vendidas ao preço oferecido por quem as comprou.
Não há em toda a vida política e pública de Aníbal Cavaco Silva nada que se lhe possa apontar de ilícito ou infracção à lei.
E olhe que o "Independente" passou mais de dez anos a tentar encontrar fosse o que fosse.
De resto ninguém está a fazer ninguém de parvo.
É uma questão de conviccções.
Eu acredito na seriedade de Cavaco Silva.
Você não.
Ambos temos a legitimidade de pensar assim
Cavaco Silva não é exemplo para ninguém e representa tudo o que é mau exemplo nos longos anos que esteve no activo. Se não é corrupto ou não infringiu qualquer lei, facilitou e nunca denunciou aquilo que agora todos percebemos ter sido a maior incubadora de corrupção deste país: o Cavaquismo.
Paulo
Caro Paulo:
Isso são especulações sem fundamento.
Cavaco Silva foi o melhor primeiro ministro que este país teve.
Provam-no duas vitórias por maioria absoluta.
Os portugueses reconheceram o seu trabalho.
Factos!
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