terça-feira, maio 26, 2015

A Debandada

João Amorim, Paulo Oliveira, Ricardo, Tiago Rodrigues, Dinis, Júnior, Diogo Lamelas, Pedro Lemos,Rafael Vieira, Gonçalo, André Matos, Pedro Campos, Tiago Marques  (já para não citar, porque não merecem ser incluídos neste grupo, os nomes de Vítor Bastos, Rafa e Káká) são um conjunto de jogadores que tem quatro coisas em comum.
1) São portugueses.
2) Foram formados no Vitória.
3) São vitorianos e adoram o clube
4) Já não estão no Vitória.
Em apenas dois anos todos eles saíram.
Uns vendidos abaixo do seu valor real ao abrigo do conhecido argumento das dificuldades financeiras.
Outros pura e simplesmente dispensados e nalguns casos com desrespeito pelo seu historial no clube e até por quadros clínicos que mereceriam outra...paciência.
É evidente que o valor de uns tornava inevitável o salto para clubes de outra dimensão, e isso aconteceu nalguns casos, mas não tão prematuramente como sucedeu por exemplo com Ricardo.
Assim como o valor de outros não justificaria que o Vitória continuasse a apostar neles e naturalmente seguiram o seu caminho.
Mas depois há os outros.
Aqueles cuja saída não se entende.
Até por comparação com algumas entradas feitas nestes dois anos, especialmente (mas não só) para a equipa B, de estrangeiros que quase ( a excepção são os empresários que os trazem, os técnicos que dão o ok e os dirigentes que fecham os negócios) ninguém conhece quer africanos ,quer brasileiros, quer oriundos de países futebolisticamente insólitos como a Índia!
Trocam-se portugueses feitos no clube (e alguns deles naturais de Guimarães), com valor futebolistico e que sentem a camisola que vestem, por estrangeiros que não lhes são futebolisticamente superiores e que para cá vem sabe-se lá porquê.
É uma adulteração cada vez mais acentuada de um projecto desportivo que tinha como orientação essencial a aposta na formação e no futebolista português sendo a contratação de estrangeiros reservada exclusivamente á aquisição de mais valias (leia-se titulares indiscutiveis) que a formação ou o mercado nacional não pudessem garantir.
Há responsáveis por estas opções e certamente que terão argumentos que as justifiquem.
Seria bom conhece-los.
Até para sabermos , todos, qual é o actual projecto desportivo do Vitória Sport Clube!
Depois Falamos.

P.S. Isto para já não falar de outras debandadas, a proveito zero, como Marco Matias, Barrientos, Adoua,  Crivellaro, N´Dyaie, etc.
Mas esses são contos de outros contos. 
Que infelizmente não renderam..contos(euros)

7 comentários:

Anónimo disse...

A verdade é que mesmo tendo como base a formação, não dá para ficarem todos. Nem todos servem o projecto num determinado contexto e época. O que não quer dizer que sejam fracos jogadores.
Vamos colocar de parte os que foram vendidos e verificamos que quase todos eles - a excepção (a confirmar...) Amorim que acaba de assinar pelo Belenenses - não mostraram potencial para ficarem no Vitória. É uma realidade incontornável...
Por cada um que é dispensado é bom que se recorde que há outros na "linha de formação" à espera da oportunidade para mostrarem valor.
João Vigário assinou contrato profissional.
Tiago Castro assinou contrato profissional.
João Pedro renovou.
Bruno Alves continua e penso que será aposta para a próxima época.
Denis fala-se que será aposta também...
Entre outros.
Deixe-me fazer um exercício. O onze base desta época: Douglas, B. Gaspar, J. Afonso, Josué, Traoré, Cafú, André, Bernard, Alex, Tomané, Hernâni. Destes apenas 3 não se enquadram no perfil do "projecto Vitória": Douglas, Traoré e B. Gaspar. Não são esses os estrangeiros/mais valias a juntar aos 8 da formação/equipa B/ portugueses ??

Não obstante alguns erros pontuais, Marco Matias desde logo, não acho que o projecto esteja a ser desvirtuado e numa análise global considero que o balanço só pode ser extremamente positivo. O próprio Júlio Mendes já o anunciou, a equipa B vai continuar a ser o grande pilar do Vitória na próxima época.

Paulo

Anónimo disse...

"Luis Cirilo (02-12-2014) Quando for despedido do Braga (SC), o que acontecerá durante esta época, vai ter dificuldade em arranjar trabalho acima da II liga ou, quando muito, dos que na 1ª liga jogam para não descer." O Sérgio Conceição sem fazer uma grande época, conseguiu o 4º lugar e acesso direto à fase de grupos da Liga Europa e o encaixe de 2,5 milhões e vai disputar a final da Taça de Portugal.

luis cirilo disse...

Caro Paulo:
Acho que fui claro ao dizer que nem todos tinham futuro no clube.
Mas alguns certamente teriam se tivessem existido outras oportunidades e outra paciência.
O Amorim é o caso mais gritante mas há outros que me deixam muitas interrogações quanto ás verdadeiras razões porque foram dispensados.
Quanto ao projecto é claro que está a ser desvirtuado.
Quer no aumento do número de estrangeiros quer na politica de ter jogadores emprestados por clubes que disputam o mesmo campeonato e que tinha sido ponto de honra,em 2012, ser erro a não repetir.
Em relação à próxima época, que me inspira sérios receios, cá estaremos para ver se o que JM disse se vai confirmar.
Caro Anónimo:
É verdade que escrevi isso mas ainda bem que me enganei.
Porque raramente vi clube, treinador e presidente que estivessem tão bem uns para os outros.

Anónimo disse...

Se foi claro ao dizer que nem todos tinham futuro no Vitória, acho que acaba por responder a quase todo o seu texto. Julgo que está a levantar uma falsa questão...
Mas se formos comparar caso a caso os jogadores falados, excepto os que foram vendidos, talvez uma ínfima parte com mais oportunidades tivesse singrado. Mas isso faz parte do risco de tomar decisões. De resto, Dinis, Lamelas, entre outros tiveram oportunidades se não na A quase todos na B. Se tivessem singrado, talvez Joao Pedro, Bruno Alves, o próprio Hernani estivessem ainda agora tapados !
Quanto aos estrangeiros, indianos principalmente terão vindo ao abrigo de um protocolo muito específico, a julgar pelas palavras do presidente. Infelizmente nada terá a ver com futebol, concordo consigo, mais terá a ver com SAD. Faz parte do negócio, presumo...
O mesmo no que se refere aos emprestados, creio que se refere ao trio vindo do Porto. Era escusado, sinceramente, e aí estamos de acordo.

Penso que o que vale para análise é o projecto no seu todo, que estes dois pontos negativos a meu ver não mancham. O saldo é positivo. Muitos jovens lançados da formação, muitos portugueses de divisões inferiores lançados e muito valorizados, resultados desportivos aceitáveis, alguns dizem com expectativas superadas. São factos inegáveis.
Se a tendência no próximo ano se inverter, isso já será outra conversa. Mas isso nem eu nem você sabemos. O presidente foi claro quanto ao que vai ser a próxima época. Como sócio, resta-me acreditar, e não tenho porquê não acreditar. Veremos...
P.S. - penso que nas bancadas fomos claros na mensagem que passamos no que diz respeito a emprestados. Estou em crer que o triste episódio do trio portista não se repetirá.

Paulo

luis cirilo disse...

Caro Paulo:
Uma das vantagens,inestimáveis, da democracia é o podermos manifestar livremente as opiniões divergentes.
É evidente que o tomar decisões pressupõe erros.
E todos os cometemos.
Acreditasse eu que todas as decisões são estritamente técnicas, e se relacionam apenas com a convicção de quem decide sobre a valia dos jogadores, e não escreveria o que escrevi.
Acontece que não acredito.
E mesmo tecnicamente não tenho uma confiança por igual em todos os que decidem.
Já para não dizer que nem sempre os técnicos tem a ultima palavra.
Quer que seja mais concreto?
Não confio nas decisões técnicas e/ou gestionárias(mais estas em boa verdade) de quem deixou sair de borla jogadores como Marco Matias ou Barrientos que tinham lugar de caras neste plantel e com quem poderíamos perfeitamente ter chegado ao quarto lugar.
E até lhe digo mais.
Deixar sair Marco Matias foi um dos erros mais grosseiros de que me lembro em mais de 45 anos a seguir o Vitória.
Quanto aos indianos não sei que negócios possa ter a SAD que não sejam relacionados com futebol. Se tem...convinha saber quais.
Quanto aos emprestados estamos realmente de acordo.
Mas estou certo que para a próxima época continuaremos a persistir nesse erro.
Quanto à "clareza" do presidente relativamente à próxima época deixe-me citar-lhe aquela velha máxima de que "felizes os que acreditam porque é deles o reino dos céus".
Infelizmente sou demasiado agnóstico para ter essa capacidade de acreditar...

Anónimo disse...

Marco Matias foi efectivamente um erro. Pelo que percebi do que saiu na imprensa, despoletado por teimosias e egos, das duas partes. Às vezes, pelos superiores interesses do Vitória é preciso engolir o orgulho, pelo que percebi isso não aconteceu nesse caso concreto. Quanto a Barrientos não estamos mesmo nada de acordo. Teve 3 épocas salvo erro e não mostrou quase nada - decidiu uma meia final da Taça contra o SC Braga - muito pouco ! Basta ver Bernard a jogar e lembrar Barrientos e vemos o porquê de ter saído. Já era penoso para o Vitória e até para o Barrientos continuar. É preciso ser mesmo muito crente para pensar que o Barrientos era uma mais valia neste plantel.
Também não conheço o negócio dos indianos, mas podem ter a ver com futebol, intercâmbios por exemplo, e não negócios extra-futebol como sugere.
De resto, parece-me que o Sr. Cirilo está a fazer-se um pouco ingénuo e ao contrário do que diz bem crente, se acredita que as compras e vendas de jogadores obedecem apenas a critérios técnicos, e que só o manager é que decide. Se assim fosse, acha que o Traoré e o Hernâni sairiam em Janeiro ?? Que diabo, o senhor sabia que ao assumir uma SAD, que você defendeu, todas estas questões seriam levantadas. Há negócios a fazer que tantas vezes se sobrepõe ao interesse desportivo, é uma novidade para si ? Não é, claro que não...
Percebo também que não confia nas decisões técnicas do manager/treinador - Rui Vitória. Mais um ponto em que discordámos. Rui Vitória é objectivamente um dos grandes, se não o maior, obreiro deste renascer do Vitória. O tempo se encarregará de fazer dele um dos nomes maiores da nossa história, não tenho dúvidas. É acima de tudo um treinador competentíssimo.

Quanto à questão essencial que levanta no seu texto, o desvirtuamento do projecto, nos dois comentários que fez o favor de fazer aos meus (longos) textos não consegue justificar a sua teoria. Porque o projecto tem seguido um rumo e o saldo é positivo. Penso que neste ponto que estamos mesmo em desacordo. Não sou dos que estou sempre à espera do pior, acrescentando a frase "espero estar enganado, mas..."

Agradeço o espaço que me concedeu para debater este assunto, pedindo desde já desculpa pelos longos textos, num espaço que não é meu.

Paulo

luis cirilo disse...

Caro Paulo:
Claro que o Barrientos era uma mais valia neste plantel. Tinha era de jogar.
Quanto aos indianos não sugeri nada.Apenas disse , e reitero, que gostava de saber a que negócios se dedica a SAD para além do futebol dado você ter afirmado que a vinda deles podia obedecer a outros propósitos que não futebolisticos.
Quanto à SAD vamos ser claros: Eu defendi uma SAD (por falta de alternativa legal) mas em moldes diferentes desta e ,seguramente, com um capital social muito maior do que aquele que a actual SAD tem. E no modelo que defendi as decisões técnicas seriam da exclusiva responsabilidade dos técnicos como deve ser em qualquer clube.Quanto aos negócios é evidente que por vezes a necessidade financeira colide com o interesse desportivo. No Vitória e em quase todos os clubes. Mas já que há a necessidade de vender então era expectável que se vendesse bem melhor. O que não tem sido,infelizmente, uma realidade.
Está completamente errado quando à minha opinião sobre Rui Vitória.
Em 2012 quando teria sido popular, ainda por cima em campanha eleitoral, defender a sua saída (como tantos que hoje o defendem exigiam)defendi sempre que caso a lista de que fazia parte ganhasse as eleições RV seria para continuar.
E não me arrependi dessa posição.
É,sem duvida, um treinador competentíssimo e que deixou uma bela marca no nosso clube que muito lhe deve.
Até em termos de estabilidade da qual foi nestes três anos o principal garante.
Não concordo com todas as suas opções (todos somos treinadores de bancada...) mas concordo com a esmagadora maioria delas e ficarei bem satisfeito se na próxima época ele continuar por cá.
Se há um técnico em cujas opções não confio ele não é seguramente Rui Vitória.
Quanto ao projecto de que fui o principal responsável (com a colaboração inestimável de outras pessoas) perdoar-me-á que lhe diga que está a ser desvirtuado e muito. Basta ver a percentagem de estrangeiros que existia no seu inicio e a que existe hoje. Bem como a debandada de jovens portugueses feitos no clube. Que se vai acentuar a fazer fé no que se vai lendo.
Quanto á sua consideração final apenas lhe digo que quanto ao Vitória estou sempre à espera, e desejo-o muito, do melhor. Independentemente de quem em cada momento esteja na direcção/SAD.
De resto é sempre muito bem vindo a este espaço que pode utilizar à sua vontade.
Debater o Vitória é sempre um prazer.