Nenhum jogo do futebol mundial (com algum exagero admito) traduz tão bem, nos tempos que correm , a dicotomia entre apostar na formação e apostar na contratação como um Atlético de Bilbau-Real Madrid.
De uma lado uma equipa, orgulhosamente basca que apenas utiliza futebolistas nascidos no País Basco ou filhos de pais bascos.
Uma equipa tão orgulhosa dos seus valores e da sua camisola que resistiu durante muitos anos a nela exibir qualquer publicidade por entender que com isso a "sujaria".
Uma equipa que representa os valores de uma região.
Dou outro lado o Real Madrid.
Que simboliza como nenhum outro clube o poder do dinheiro no futebol.
E que embora também aposte, muito moderadamente é certo, na sua formação é conhecido por não olhar a limites na hora de contratar jogadores tendo protagonizado duas das maiores transferências do futebol mundial como foram as de Ronaldo e Bale.
Possuindo no seu plantel, como hoje acontece em quase todo o lado, jogadores de variadíssimas nacionalidades embora sem chegar ao exagero de alguns clubes portugueses capazes de apresentarem um onze inicial sem qualquer português.
Por outro lado os confrontos entre estes dois clubes tem, desde sempre, uma forte componente política porque simbolizam o encontro entre uma equipa que simboliza o centralismo castelhano e outra que é uma bandeira daqueles que querem a independência do País Basco.
Por isso qualquer jogo entre eles, especialmente em Bilbau, é intenso e cheio de nuances futebolisticas e extra futebol.
Hoje defrontaram-se no cenário imponente do novo S. Mamés.
Ganhou o Atlético de Bilbau por 1-0 num resultado lisonjeiro para os madridistas.
Fiquei naturalmente satisfeito.
Porque simpatizo com a identidade muito própria dos bilbaínos mas também porque sempre que uma equipa com base na formação ganha a uma equipa com base na contratação o futebol progride no caminho certo.
Depois Falamos
2 comentários:
O problema é que, mesmo para apostar na formação , com consistência e aproveitamento, é necessário segurar os jogadores para podermos usufruir das suas capacidades futebolísticas.
Infelizmente o único aproveitamento que fazemos é algum dinheiro nas transferências.
O Bilbau aposta na formação mas tem um orçamento de 60 milhões de euros por ano, que permite que muitos dos jogadores da formação desenvolvam localmente as suas capacidades.
Nós infelizmente é o que se vê:
Os jogadores, aos primeiros lampejos, já estão comprados pelos tubarões. Umas vezes com razoabilidade, na perspetiva deles (ex: Paulo Oliveira), outras vezes nem tanto (Tiago Rodrigues e Ricardo)
Somos demasiadamente insignificantes, essa é que é essa, e nunca conseguiremos fazer passar leis que nos protejam minimamente
Caro luso:
São realidades diferentes e por isso o Atlético de Bilbau já ganhou vários campeonatos e é o segundo clube com mais taças do rei a seguir ao Barcelona.
Agora é claro que o Vitória devia conservar os seus jovens talentos por mais tempo. Até porque os valorizava mais. A solução para isso não passa por leis;passa por ter saúde financeira
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