quarta-feira, agosto 08, 2012

TAP

A privatização da TAP , depois de muitos anos de serviço bom (embora dispendioso) serviço público, é uma operação compreensível dentro de alguns parâmetros mas extremamente preocupante noutros.
O negócio do transporte aéreo de pessoas e mercadorias tem sofrido nos últimos anos profunda alterações que levaram ao encerramento de companhias, á fusão de outras na óptica da rentabilidade, ao aparecimento de fenómenos como os voos “low coast” que “democratizaram” o fenómeno das viagens por avião.
Companhias tradicionais de bandeira, como a Swissair ou a Sabena, desapareceram através de fusões com outras economicamente mais fortes e grandes empresas privadas, como a Pan Am, encerraram portas pura e simplesmente.
Acontece que, do meu ponto de vista de leigo na matéria, passam melhor a Suíça e a Bélgica sem as suas companhias aéreas do que Portugal sem a TAP.
Pela simples razão de que a TAP é muito mais do que apenas uma companhia aérea.
E nem vale a pena falar de questões ligadas ao tradicionalismo (a propósito custa a perceber o encerramento da rota de Joanesburgo ao fim de mais de 50 anos de voos regulares para aquele destino) de que a companhia se reveste ou do significado que tem para o país ter uma companhia de bandeira.
A importância da TAP é outra.
A que está ligada ao facto de a companhia permitir a Portugal uma posição charneira no transporte aéreo para Angola e para o Brasil (o Atlântico Sul) duas potências emergentes que tornam o negócio extremamente apetecível para qualquer empresa aérea.
E que reforça a posição de Portugal na ligação entre Europa – África- América do Sul.
E é precisamente esse papel que Portugal vem desempenhando, um dos poucos de relevo que lhe restam no panorama internacional, que me parece poder ser gravemente prejudicado se a TAP passar para mãos estrangeiras que rapidamente poderão subalternizar o papel de Portugal nessa charneira e transferi-lo para Madrid ou outro grande centro europeu.
Eu já sei que se a privatização for avante aparecerá um ministro, quiçá o próprio primeiro-ministro, a garantir que a posição de Lisboa como placa giratória essencial nessas ligações não será prejudicada e até será condição essencial do caderno de encargos a quem quiser comprar.
Perdoem-me a modéstia do exemplo mas bem me lembro do que governos do PS, do PSD e PS/PSD prometeram a populações servidas por vias férreas quando decidiram encerrá-las.
Tudo lhes garantiram em termos de manutenção dos transportes.
Em tudo falharam!
O meu receio é que a história se repita.
Depois Falamos

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