quinta-feira, agosto 30, 2012
Hipocrisia sem Limite ?
Angola é um país riquíssimo.
No qual vive um povo cuja maior parte está mergulhado na extrema pobreza.
Angola tem petróleo, ouro, diamantes, agricultura e pesca fartas entre outras riquezas naturais que lhe permitem ser um dos países com maior potencial de África.
Os angolanos (a maior parte…) têm fome, doenças, epidemias, sub nutrição e falta de estruturas básicas na maior parte do território.
Angola teve uma longa guerra civil que uma vez terminada deixou os ocupantes do poder mais ricos e a generalidade do povo mais pobre e com maiores dificuldades.
Angola não é uma democracia.
Nem parece nem é.
Porque em nenhuma democracia no mundo inteiro (excepto nas monarquias que não parece ser o caso…) o presidente da república está no poder há mais de trinta anos como se fosse o dono do Estado.
Sem se preocupar, pudera, em realizar eleições livres e democráticas.
Por isso é incompreensível a tolerância, para não dizer subserviência, com que a generalidade da classe politica e da comunicação social portuguesas tratam a ditadura corrupta de Luanda como se fosse um regime exemplar a merecer elogio e admiração.
Todos sabemos que as escandalosas fortunas da oligarquia no poder, especialmente a de José Eduardo dos Santos e da filha Isabel, provém direitinha da corrupção e da apropriação em benefício próprio de enormes receitas oriundas do petróleo e dos diamantes e que deviam servir para modernizar o país e não para enriquecer os seus dirigentes.
Os grandes investimentos angolanos em Portugal, da banca aos negócios, da comunicação social ao desporto (entre muitas outras áreas) são feitos com dinheiro sujo e roubado ao povo de Angola.
A louvaminhice vergonhosa com que alguns jornais de referências e revistas mais ligeiras tratam a família presidencial angolana e em especial a filha de JES (como se se tratasse de uma qualquer estrela de Hollywood) envergonha-nos a todos e mostra bem ao nível a que chegou
a falta de vergonha neste país.
De facto o dinheiro compra (quase) tudo.
Nomeadamente jornais, jornalistas e fazedores de opinião que vendem por trinta dinheiros aquilo que não devia ter preço.
A independência, a isenção e a verdade!
Angola merece bem melhor do que a oligarquia corrupta que a governa.
Portugal, esse, merece o que tem.
Comunicação social (nem toda) fácil de comprar e políticos (nem todos) fascinados pelo dinheiro que jorra do estado angolano.
Em boa verdade estão todos muito bem uns para os outros!
Depois Falamos
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6 comentários:
Há dias visitei um amigo meu de Ponte de Lima que resolveu investir numa Pizaria em Luanda. Há uns 10 anos que não o via. Perguntei-lhe como ia o negócio e ele lá me foi dizendo que se não fosse o sócio dele tudo corria às mil maravilhas. Ou seja, pelo que eu entendi, para qualquer negócio em Angola é preciso arranjar um sócio angolano, de preferência daqueles que serviu e lutou ao serviço do MPLA. Dizia o meu amigo que desde que montou a pizaria tem de dividir todos os meses 50% do lucro com este homem, escuro como o breu e que mal conhece, e que todos os dias 30 de cada mês, lá está ele encontado ao balcão para levantar o "pacote" com dois capangas. Ainda pensei que isto fosse ficção ou brincadeira, mas parece que é prática corrente e ninguém se queixa.
Se o regime mudar nas eleições de amanhã, para mim isto vai ser uma espécie de "vira o disco e toca o mesmo", pois para haver uma profunda mudança política em Angola o povo tem de ser instruído numa ou duas gerações com estudos académicos capazes de renascer a sociedade através de um Maio de 68. Um só a liderar tamanha riqueza, sem Governo e sem contestação, cai-se na tentação de estabelecer uma monarquia tapada por uma Democracia hipócrita e mantida pelo medo da opressão. Para grandes males, grandes remédios. Talvez o exemplo da Líbia em Angola seja a solução para resultados com efeitos práticos e imediatos.
Ainda bem que eu não sou desses!
Caro José Pancrácio:
Conheço vários exemplos como esse que cita. E em negócios milhares de vezes maiores que a pizzaria do seu amigo.
Não acredito é que estas eleições mudem seja o que for face ao dominio ditatorial do MPLA sobre a máquina eleitoral e as fraudes que se adivinham.
Creio que Angola, como outras ditaduras,acabará como a Libia como refere no seu comentário.
Caro Anónimo:
Nem eu.
é muito triste este cenário, mas é a realidade.
quanto à bajulação referida, é a política da conveniência...
"Post" corajoso e interessante, sob vários aspectos.
Eis a ditadura duma elite sobre um povo miserável , que não beneficia da riqueza enorme pela conquista da qual ele combateu. Uma elite educada nas universidades do colonizador de ontem, nas quais aprendeu o discurso que arrastou o seu próprio povo para a miséria de hoje. Uma elite que beneficia da complacência das elites do antigo colonizador , interessadas como sempre no dinheiro fácil, sem olhar para a maneira como é adquirido. E, duma certa maneira, o antigo colonizado que coloniza agora o antigo mestre. A historia às avessas!
Ao ler o seu "post" , Caro Luis Cirilo, não resisti à tentação de pensar nas razoes ou pretextos que levaram a Europa a colonizar a África, primeiro, e a Ásia depois.
Nesse "dever" de partir à procura de novas culturas e civilizações para lhes levar a nossa cultura e instrui-los! Escondendo a cobiça das riquezas que se esperava conquistar. Foi assim que os colonizadores ganharam o petróleo, os minerais, o chá, as especiarias, e outras riquezas
A colonização fundou-se essencialmente sobre "clichés" do colonizado, considerado como "selvagem". Ela visava, por conseguinte, a educar e civilizar os países julgados "não evoluídos", esses países onde viviam os "negros" e os "amarelos" , tratamento que já em si designava uma marca de superioridade do europeu.
O dever de civilizar o terceiro mundo partiu portanto do orgulho e do facto que os colonizadores se sentiam absolutamente aptos a modernizar estes países, então primitivos, num processo de desenvolvimento cultural e económico, trazendo-lhes um modo de vida "evoluído"! O que foi feito.
Era sem contar com o surto do nacionalismo que , para os colonizados, era também uma espécie de orgulho comparável ao dos europeus . A educação recebida graças aos colonizadores, vai despertar num certo numero um sentimento de pertença a um mundo diferente, apesar da "evolução" trazida pelos colonizadores.
Os limites dos territórios tinham já sido mais ou menos estabelecidos, mas os Estados só apareceram de maneira concreta depois da partida dos colonizadores e à declaração da independência reconhecida pela comunidade internacional e pelas Nações Unidas.
Pensava-se que as elites que tínhamos formado nas nossas escolas e acederam ao poder, que lhes abandonamos pela força , teriam aprendido pelo menos o que é a democracia.
Força é de constatar que quarenta anos após o fim da descolonização, os regimes democráticos são minoritários, para não dizer inexistentes no continente africano. Autoritários ou repressivos, não respeitam os preceitos do Estado de direito e favorecem a manutenção no poder de elites politicas e/ou económicas, frequentemente à base étnica.
Angola é um bom exemplo desta África , o continente mais pobre do mundo, mas ao mesmo tempo o mais rico em termos de recursos naturais e minerais.
A pobreza é terrível, mas a má redistribuição das riquezas é só uma das causas. Sem duvida, a corrupção é talvez o maior flagelo, porque impede o crescimento e o estabelecimento dum ambiente estável a todos os níveis da sociedade. Diz-se que a corrupção é geneticamente africana?
Quando vi Sarkozy fazer uma visita "expresso" , o ano passado, ao presidente Santos, para calmar o jogo, no qual um traficante de armas francês, a quem Santos deu mesmo um passaporte angolano, e que ia ser julgado em Paris por trafico de armas, julgamento adiado "sine dia" após esta viagem, compreendi que o "Angola Gate" poderia afectar a situação da firma Total em Angola, e que isso era mais vital que ... a democracia.Eis o exemple europeu!
Afecta-me muito saber que a "Princesa" faz o seu shopping no nosso pais. Talvez que um dia lhe aconteça como à esposa de Ben Ali ou Imelda Marcos!
Freitas Pereira
Caro Anónimo:
Pois é. Mas isso não diminui á vergonha:
Caro Freitas Pereira:
Devo dizer que o seu excelente comentário é bem mais elucidativo do que o meu post.
E traça um retrato bem real da forma como a Europa ajudou a desgraçar África.
Tenhamos esperança que o futuro nos traga outras realidades. MAs,sinceramente,duvido. O poder do dinheiro é terrivel
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