quarta-feira, agosto 08, 2012

Números das Ligas

Publiquei este artigo no site "Top Futebol"

É um lugar-comum dizer-se que o futebol português é dominado por alguma (muita) macrocefalia do litoral em relação ao interior dado que é precisamente nessa faixa costeira que se situam grande parte das equipas profissionais dos dois principais escalões do nosso futebol.
Especialmente na I Liga.
Onde perdidas no tempo podemos encontrar algumas boas excepções como o foram o Chaves, o Académico de Viseu, o Covilhã, O Elvas, o Campomaiorense ou o Lusitano de Évora.
De todos esses apenas Sporting da Covilhã e Chaves poderão almejar a num futuro mais ou menos próximo voltarem ao primeiro escalão dado que os outros ou já não existem ou andam perdidos nas profundezas do futebol amador.
O que nos reserva a época 2012/2013 nessa matéria?
Comecemos pela primeira liga.
Que na próxima temporada estará presente em oito distritos, todos do litoral, e que são Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Setúbal, Faro e Funchal.
Dele tendo desaparecido, quiçá por muitos anos, um cliente habitual como o era o distrito de Leiria.
A curiosidade maior, que pessoalmente considero muito gratificante por razões geográficas e não só, prende-se com o facto de o distrito de Braga ser o que tem mais (quatro) equipas da I Liga número que não é acompanhado por mais nenhum distrito.
Lisboa (Benfica-Sporting-Estoril) e Porto (Porto-Rio Ave-Paços de Ferreira) têm três, aparecendo depois Funchal com dois (Marítimo e Nacional), completando-se o lote com um clube de Setúbal (o Vitória), um de Coimbra (a Académica) um de Aveiro (o Beira Mar) e um de Faro (o Olhanense).
Braga (Guimarães, Barcelos e Braga) e Porto (Porto, Paços de Ferreira e Vila do Conde) têm clubes de três concelhos diferentes, Lisboa de dois (Lisboa e Cascais) e os restantes de um apenas.
Completa-se o naipe com a curiosidade bem significativa (e que me agrada imenso) de Guimarães, Lisboa e Funchal serem os três únicos concelhos com duas equipas no principal escalão do nosso futebol.
Sendo que Guimarães (Vitória e Moreirense) é dos três o único que nem é capital do país nem capital de uma região autónoma!
Curiosidade que espero se mantenha por muitos e bons anos diga-se de passagem.
Destes números, entre outras, conclusões duas ilacções se podem retirar:
O maior número de clubes está a norte (9), o que não significa que o poder a norte esteja, e o interior continua lamentavelmente afastado dos grandes palcos do nosso futebol.
E quanto á II Liga?
Aí podemos considerar que o panorama é bastante melhor em termos de distribuição geográfica.
Ao contrário do que acontece na I Liga, 8 distritos e 13 concelhos representados, aqui já se encontram 10 distritos e 18 concelhos onde vão chegar os principais jogos dos campeonatos profissionais de Portugal.
Mantém-se sete em comum (desaparece Setúbal que para lá do Vitória apenas se encontra o “deserto”) com o primeiro escalão e aparecem Viseu, Castelo Branco e Ponta Delgada.
Porto com seis clubes (Porto B, Aves, Trofense, Leixões, Freamunde e Penafiel), Lisboa com quatro (Belenenses, Atlético, Sporting B e Benfica B) e Aveiro com três (Arouca, Feirense e Oliveirense) são os mais representados enquanto Braga com dois (Vitória B e Braga B) aparece a par do Funchal (União da Madeira e Marítimo B) como distritos com mais de uma equipa.
Mas nesta Liga de Honra é de saudar particularmente o “aparecimento” do interior através dos distritos de Viseu (Tondela) e Castelo Branco (Sporting da Covilhã) e dos Açores (Santa Clara) dando uma distribuição geograficamente mais equilibradas ao campeonato.
Claro que se nota a “falta” de clubes que poderiam dar outra amplitude geográfica e consonância com a História do futebol português.
Os já citados Chaves, Campomaiorense, Lusitano de Évora e Elvas, o histórico Barreirense (já para não falar da CUF), o desaparecido União de Leiria, o Farense, o União de Tomar seriam clubes cujo retorno aos campeonatos profissionais seriam certamente bem-vindos e dariam outra amplitude à realidade futebolística do país.
Mesmo levando em linha de conta que há distritos (Viana do Castelo, Bragança, Beja, Guarda) que nunca tiveram uma equipa a disputar os campeonatos profissionais quanto mais a primeira liga.
É este o futebol que temos.
A que outra macrocefalia, a da comunicação social gravitando (quantas vezes servilmente) em torno de três clubes, ajuda a manter um status quo que em nada é vantajoso para o nosso futebol e para quem defende o seu desenvolvimento de forma harmoniosa e equilibrada.
De facto, e a concluir, não custa afirmar que o luso futebol tem problemas financeiros, organizativos de qualidade e de credibilidade.
Mas o maior de todos eles é , sem duvida, o problema cultural!
E esse vai demorar gerações a resolver.

5 comentários:

miguel silva disse...

O problema cultural, pois é. Como disse o Einstein: é mais fácil destruir um átomo que um preconceito...

RicardoVSC disse...

Caro Luís Cirilo,

O Pedro Santos médio-interior esquerdo que rescindiu ontem com o Leixões é um jogador livre. Já lhe tido informado que estamos na presença de um grande jogador, jovem, talentoso que encaixaria bem na nossa equipa uma vez que não temos um médio organizador esquerdino. Também pode alinhar a defesa esquerdo. Era uma grande contratação. Peço que pense seriamente neste assunto...

Saudações Vitorianas

luis cirilo disse...

Caro Miguel:
Ora nem mais

Emanuel Cosme disse...

Boa tarde, caro Luís.

Não podia deixar de lhe endereçar os mais sinceros parabéns por este iniciativa Ontem apresentada. Assim, sim! Como era óbvio a escolha do Pedro Coelho Lima para diretor das modalidades foi muitíssimo acertada! Desejo-vos boa sorte, que bem vão precisar, porque não vai ser fácil. Mas não é impossível. E se o conseguirem, é o Vitória que sairá engrandecido.

Já agora, e apesar de não ser o seu "pelouro" por favor, faça sentir a quem de direito que os emblemas das camisolas, estão VERGONHOSOS! Aquilo não é nada! Acredito que o Vitória seja alheio a este grave defeito, mas por favor , corrijam-no! Ainda vão a tempo. É que pelo que ouço e leio, isto vai ter sérias repercussões nas vendas das camisolas... eu pelo menos, enquanto não vir um emblema em condições, não vou comprar nenhuma camisola...

Eu, da minha parte, já fiz o que podia. Um mail para o departamento de markting, já seguiu.

Cumprimentos.

Emanuel Cosme

luis cirilo disse...

Caro Ricardo VSC:
Obrigado pela sugestão.
Caro Emanuel Cosme:
De facto os emblemas estão longe de serem aquilo que deviam ser. Problema que já se verificou no ano passado também.
Vou ver se é possível fazer alguma coisa.