
O futebol português é um nojo.
Mais fora do que dentro dos relvados embora nesses também sucedam coisas que não deviam suceder.
Contextualizemos.
Num jogo como qualquer outro, embora mais mediático por ser a final de uma competição, um jogador (há quem diga que foram dois mas não considero as imagens conclusivas quanto a isso) agrediu um adversário sem a consequente sanção disciplinar que seria a amostragem do merecido cartão vermelho.
O árbitro não viu, o fiscal de linha embora à beira não se terá apercebido porque tinha os olhos na bola, o VAR viu de certeza mas não interveio. Errou!
Um jogador agredir outro e escapar a sanção disciplinar é algo que acontece com relativa frequência, especialmente se a cor da camisola ajudar à impunidade, sem que se monte em torno disso o verdadeiro circo que se montou à volta deste caso.
Um cadastrado, condenado por corrupção desportiva a favor do Benfica, apresentou uma queixa (há gente com lata para tudo...) contra este e o outro jogador do Sporting e a PGR diligentemente abriu um inquérito.
O conselho de disciplina da FPF, presidido por uma conhecida adepta do Benfica, sem qualquer suporte documental porque a jogada não consta do relatório do árbitro instaurou de imediato um processo aos dois jogadores do Sporting, supõe-se que com base nas imagens televisiva e nas queixinhas do Benfica, embora já não constem dos regulamentos os famigerados "sumaríssimos" de má memória e que previam as imagens televisivas como fonte para instauração de processos.
O conselho de arbitragem de imediato suspendeu as nomeação do VAR, Tiago Martins, atirando-o para uma "jarra" que tal como os "sumarissímos" se pensava extinta mas afinal não está.
Pelo menos quando dá jeito que não esteja.
Ficam pois para o futuro três interrogações e uma certeza.
As interrogações são:
Se a partir da próxima época a PGR passa a ser um orgão de recurso das decisões disciplinares do futebol e se cada clube que vir um jogador seu agredido por um adversário também poderá recorrer para a PGR e ver um inquérito ao agressor ser aberto e com a celeridade deste.
Se o conselho de disciplina cada vez que se verificar uma situação análoga e independentemente da cor das camisolas também vai instaurar processos com base em imagens televisivas e queixas dos clubes.
Se o conselho de arbitragem vai mandar para a ressuscitada "jarra" cada árbitro e cada VAR que cometam um erro de análise grave independentemente de quem for favorecido por esse erro.
Só o tempo responderá a estas questões embora, infelizmente, não seja difícil adivinhar o teor das respostas.
Finalmente resta uma certeza.
E essa apenas aumenta à repulsa que o nosso futebol causa em quem realmente preza a verdade desportiva.
Já todos percebemos que mais do que o sucedido com este momento de uma final de taça de Portugal, que está decidida e cujo resultado não pode ser alterado, o que está em causa é o aproveitamento futuro que o Benfica quer tirar de todo este circo.
Já todos tinhamos constatado que foi o pretexto para, numa "xico espertice" própria de quem a protagoniza mas indigna da instituição, o Benfica tentar boicotar a negociação centralizada dos direitos televisivos para manter os inaceitáveis privilégios de que goza na actualidade (embora nisso não seja o único) assim prejudicando a evolução e o aumento de competitividade do nosso futebol.
Mas depois da entrada em cena da PGR, do conselho de disciplina e do conselho de arbitragem em acções tão rápidas quanto concertadas, já não duvido que aquilo a que também estamos a assistir é uma monumental manobra de intimidação a jogadores de clubes adversários, a árbitros e aos VAR que na próxima época defrontem e arbitrem jogos do Benfica sabendo que qualquer lance que desagrade ao clube de Lisboa e qualquer erro na apreciação de um lance poderão ter consequências idênticas ás actualmente em curso quanto a Matheus Reis e Maxi Araujo.
Ou por outras palavras "aconselham" os jogadores adversários a serem muito macios na abordagem dos lances e árbitros e VAR a na dúvida não terem dúvidas quanto ao que devem fazer...
Tudo isto é um nojo, tudo isto indigno de um país que tem dos melhores jogadores e das melhores seleções do mundo mas que na organização interna do seu futebol está de há muito mergulhado num pântano fétido com a verdade desportiva das competições arredada graças ao famigerado "sistema" que não há forma de ser extinto.
Sim, enquanto o nosso futebol for esta vergonha não me importava nada que o Vitória jogasse em "La Liga".
Depois Falamos.
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